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BRASILEIRO 2022

Governo e torcidas divergem sobre violência entre organizadas

Torcedores acham que houve evolução no relacionamento, mas autoridades pedem cautela

Futebol|Eugenio Goussinsky e Sylvia Albuquerque, do R7

Segundo governo, integração precisa atingir mais torcedores
Segundo governo, integração precisa atingir mais torcedores

As constantes brigas entre torcedores no futebol brasileiro têm sido também um motivo de divergência entre o governo e os líderes das organizadas. É verdade que, nos últimos tempos, o diálogo entre as duas partes aumentou, com constantes reuniões.

E também é fato que muitos líderes, de torcidas de times diferentes, hoje saem de reuniões juntos, vão tomar café e têm um relacionamento de amizade.

Mas, se os representantes das torcidas acreditam que o relacionamento entre elas já está amadurecido o suficiente para não haver rixa, a opinião das autoridades governamentais não é a mesma. Acredita-se que essa integração ainda precisa atingir mais torcedores.

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Aos 35 anos, André Azevedo, presidente da Dragões da Real, tem tanta convicção de que a violência é restrita a apenas 10% dos torcedores, que ele defende, em nome de todas as torcidas, o fim de jogos com torcida única e a volta de uma divisão mais equilibrada nos estádios, como era até o fim dos anos 90.

— As torcidas têm esse desejo (de voltar a dividir os estádios). Acho que é possível. Se em outros tempos, quando havia menos controle das organizadas em relação a este tema, isso acontecia, por que não voltar a acontecer hoje? Os que brigavam antes são os mesmos que brigariam hoje, mas eles não passam de 10%. Fazer torcida única, ou com poucos ingressos para o visitante, é negar que houve uma evolução.


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Já o coordenador da Secretaria Nacional do Futebol, do Ministério do Esporte, Helvécio de Araújo afirma que o clima entre os torcedores ainda precisa ser trabalhado com paciência.


— Entre eles ainda existe uma rivalidade animalesca, efusiva. Existe pressão de todos os lados em cima das torcidas organizadas e eles se sentem acuados, o que aumenta a reação de ódio. Isso vem sendo trabalhado, mas é preciso evoluir mais. O diálogo entre estes torcedores é fundamental, eles precisam aproveitar cada oportunidade para conversar juntos e verem que o problema é o mesmo para todos os envolvidos, ous seja, a falta de uma melhor estrutura do poder público para lidar com a questão.

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Em um ponto, ambos concordam: os membros de torcida organizadas têm origem, em sua maioria, em classes sociais mais baixas. André Azevedo vê nisso uma contribuição destas entidades para diminuir as frustrações da população de baixa renda. 

No entanto, ele concorda que, para os 10% que ele considera serem violentos, a agremiação se torna algo atraente.

— A grande massa de pessoas que compõem uma torcida organizada vem de classes sociais baixas, com menos acesso à educação, ao emprego, à saúde, a um salário digno, muitas vezes a uma base familiar sólida. E a torcida organizada, que na verdade é uma entidade para promover a festa do futebol, se torna um lugar de massa onde este indivíduo descontente busca extravasar suas frustrações da vida. O que eu acho é que toda uma entidade não pode responder por erros de um indivíduo.

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