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BRASILEIRO 2022

Auxiliar de Dunga participa de negociação de atletas

Ex-jogador Mauro Silva, convidado para trabalhar na seleção, também é empresário

Futebol|Eugenio Goussinsky, do R7

Mauro Silva afirma que não será remunerado pelo trabalho na CBF
Mauro Silva afirma que não será remunerado pelo trabalho na CBF
Empresa informa que faz intermediação de direitos federativos
Empresa informa que faz intermediação de direitos federativos

O novo auxiliar-técnico da seleção brasileira de futebol, o ex-jogador Mauro Silva, é proprietário de uma empresa que, entre outros serviços, faz a intermediação de direitos federativos de esportistas. Ele mantém a empresa Mauro Silva Sport & Business Plan, situada no bairro da Vila Olímpia, em São Paulo.

O ex-jogador, que foi titular e companheiro de Dunga na conquista do tetracampeonato mundial, em 1994, assume em um momento polêmico pelo qual a CBF passa, após a indicação de Gilmar Rinaldi, que também estava naquele elenco como terceiro goleiro, para o cargo de coordenador de seleções no último dia 17 de julho.

Rinaldi garantiu que, antes de assumir o cargo, se desligou das funções de empresário de jogadores, que vinha exercendo depois que encerrou a carreira dentro das quatro linhas. Perguntado pelo R7 sobre o acúmulo de funções, Mauro Silva não disse que se afastará da empresa enquanto trabalhar na seleção brasileira.

— Por enquanto não tenho nada a dizer. Quando puder, vou falar sobre estes detalhes. Sempre atendi a todos sem problemas, gentilmente. Quando peço para não falar, gostaria de ser respeitado.


O empresário Mauro Silva irá integrar a comissão técnica nos amistosos do Brasil contra Colômbia e Equador, nos próximos dias 5 e 9 de setembro, nos EUA. Quando o nome de Mauro Silva foi anunciado, no último dia 23, Rinaldi afirmou que Mauro será apenas um 'assistente pontual'.

A comissão técnica, porém, tem como prioridade o projeto de consultar periodicamente ex-campeões mundiais para darem assessoria a Dunga em questões técnicas e táticas. Andrey Lopes, que atuou com Dunga quando ele foi técnico do Internacional, em 2013, será o seu auxiliar fixo, segundo Rinaldi.


— Teremos alguns jogadores convidados para nos ajudar. E o Mauro Silva foi o primeiro convidado para esses nossos primeiros jogos.

Na visão de especialistas, o fato de Mauro Silva trabalhar como auxiliar, participando inclusive de decisões sobre a convocação de atletas, gera um conflito de interesses, já que a empresa dele trabalha com negociação de jogadores. O doutor em Comunicação do Esporte, Anderson Gurgel, professor da Universidade Mackenzie, em São Paulo, tem esta opinião.


— Do ponto de vista de transparência nas ações, não é uma atitude correta da CBF. Ainda que o Mauro Silva argumente que se trata de um trabalho voluntário e sem remuneração, isso não coaduna com uma gestão moderna, e sim com uma prática de se misturar as coisas. Por que o Mauro Silva? Porque é amigo do Dunga? 

Pós-Copa

Gurgel afirma que a CBF está buscando se desvencilhar a qualquer custo do fiasco na última Copa do Mundo, quando o Brasil foi derrotado nas semifinais pela Alemanha, naquele fatídico 7 x 1 e, depois, pela Holanda, na disputa pela terceira colocação. Mas, segundo ele, não toma atitudes práticas para reestruturar o futebol brasileiro de maneira efetiva.

— O modelo continua o mesmo. É uma estratégia ardilosa da CBF. Chama novos nomes, como Dunga, em estilo personalista, para tirar o foco de cima da responsabilidade dos dirigentes. A ausência de uma gestão moderna prevalece. Os nomes mudam, mas não o jogo, que continua flertando com os mesmos problemas éticos.

Para a imprensa, no último dia 24, Mauro Silva declarou em comunicado que seu trabalho é voluntário, sem remuneração. E que será restrito às duas próximas partidas da equipe de Dunga. Ele aceitou a função mesmo tendo feito anteriormente críticas à CBF, dizendo, entre outras coisas, que a entidade era "um brinquedo de meia dúzia".

O próprio técnico Dunga foi acusado de ter trabalhado como empresário em 2004, quando indicou o italiano Antonio Caliendo para negociar a contratação do meia Éderson junto ao RS Futebol. O treinador da seleção nega, diz que apenas apresentou as partes, tendo recebido a quantia de pouco mais de R$ 407 mil pelo serviço.

Uma outra fonte, ligada a uma importante federação de futebol no Brasil, não se mostra surpresa com o fato de a entidade estar chamando nomes vinculados a negociação de jogadores para trabalhar na comissão técnica da seleção brasileira.

— O gasto da CBF com a última Copa do Mundo foi gigantesco. Agora a entidade precisa se recapitalizar depois da Copa do Mundo e há sim a chance de que sejam feitas negociações neste sentido.

* colaborou Gustavo Alves, do R7 

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