Neymar. O ídolo mais artificial que o Brasil já teve

O tiro saiu pela culatra.

O patrocinado pedido de arrego de Neymar foi ridicularizado, massacrado.

Não só por jornalistas, mas pelo público alvo da campanha publicitária.

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Os milhões de internautas pelo mundo, que não passam de consumidores.

As redes sociais se inundaram de críticas.

Tudo ficou ainda pior para o jogador.

Até a agência que criou a propaganda ganhou péssima propaganda.

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O jornal Gazeta do Povo questiona se o um minuto e meio de texto lido por Neymar, ilustrado por fotos, não seria uma mera 'cópia' da propaganda que a Adidas fez para o Mundial de 2014.

Outro efeito colateral desmoralizante.

Todos os detalhes financeiros e íntimos do contrato entre a Gillette e o atleta foram vazados, expostos.

Ficou ainda mais claro que o 'apelo' de Neymar não teve nada de sincero.

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"Foi apenas uma peça publicitária", resume o próprio estafe do atleta, tentando se safar.

Não houve palavra que tenha saído do punho, do coração, da alma do atacante.

O idéia do pedido de desculpas por seu fracasso na Copa foi idealizado, decidido e escrito pelo diretor-executivo da agência Grey, Bruno Brux, que pertence ao grupo Newcomm e há anos presta serviço à Gilette, marca de aparelhos de barbear que pertence à bilionária Procter & Gamble.

Bruno, além do texto piegas, artificial, dramaticamente exagerado, ainda errou feio. Cita o 'tornozelo operado' de Neymar. Ele operou o metatarso, o osso que liga o dedinho ao pé. Jamais o tornozelo.

Já havia a previsão de uma propaganda da Gillette com Neymar após a Copa. Ele é contratado da empresa desde 2015. A esperança era que a peça publicitária fosse de conquista do Mundial. De sua escolha como campeão, o melhor jogador da Rússia.

Como além de nada positivo acontecer, ainda ele acabou ridicularizado, virou motivo de piada por simular faltas. Acabou objeto de chacota no mundo todo.

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Foi quando Bruno Brux teria tido a ideia de tentar recuperar a imagem pública de Neymar. Propôs a ele um pedido de desculpas. Algo que deu certo em 2011.

O jogador fora comparado a um monstro depois de ter um chilique em campo. O motivo foi a proibição de Dorival Júnior, então treinador do Santos, de cobrar pênalti contra o Atlético Goianiense. Neymar o xingou, usou todos os palavrões que conhecia. E provocou uma crise que acabou com a demissão de Dorival. Nunca mais, o técnico fez um trabalho tão bom quanto fazia no Santos.

"Você me xingou quando eu errei e gritou quando eu não escutei. Você me deu carinho, me deu amor, me deu a noção de felicidade, e só ela é o que importa", disse Neymar, caminhando em direção à câmera, e falando o texto mal decorado. Como péssimo ator que é, a propaganda ficou artificial, não convenceu ninguém do seu arrependimento.

Sete anos depois, a Gillette teve a infeliz ideia de cumprir o seu direito.

E exigir a propaganda de Neymar.

Resultado, além do fracasso da publicidade, teve detalhes do contrato milionário expostos a público.

Ficou fácil entender várias situações.

Entre elas, o quanto é lucrativo para Neymar se dar ao trabalho de alimentar suas redes sociais, seus 201 milhões de seguidores. As postagens viram dinheiro para o seu bolso. Tendo a Gillette o direito de usar 20 delas por ano. Paga por isso.

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Fica claro até porque Neymar só usa o cabelo para mudar sua imagem. Perderia dinheiro se deixasse bigode ou barba. Até mesmo o seu peito precisa estar depilado.

Ganha bem para isso.

US$ 7,1 milhões (R$ 26,5 milhões )por dois anos, além de US$ 250 mil (R$ 930 mil) por hora extra em evento e US$ 500 mil (R$ 1,86 milhão) por diária extra de gravação não prevista em contrato.

"O acordo, que existe desde 2015 e foi renovado no ano passado, estabelece que a empresa tem direito, por dois anos, a quatro diárias de gravação com Neymar de até quatro horas de duração, mais cinco diárias de uma hora para eventos ou ações comerciais.

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"O vínculo garante a utilização de fotografias e vídeos motivacionais de Neymar, casos do comercial do último domingo. A empresa também pode utilizar 20 postagens por ano em suas redes sociais e pedir que o jogador autografe 50 itens por trimestre.

"Durante a vigência do contrato, [Neymar] não poderá ter nenhuma aparição pública (presencial ou através das redes sociais) com a barba no rosto, peitoral não raspado e/ou aparado, bigode ou cavanhaque, sob pena de multa de 5% (cinco) por cento do valor total do contrato. A exceção a esses casos são campanhas já produzidas”, diz o documento.

"O vínculo ainda estipula que a Gillette precisa indicar com 15 dias de antecedência o nome de três cabeleireiros, maquiadores e figurinistas para Neymar aprovar antes da gravação de qualquer comercial.

"Caso a patrocinadora solicite, Neymar precisa conceder entrevista a um veículo de imprensa, desde que o mesmo —e também o jornalista que fará o contato— sejam aprovados pelos pais do jogador.

"O contrato entre Neymar e Gillette pode ser rescindido pela empresa se existir qualquer envolvimento do jogador em doping, casos de drogas ou violência", publicou a Folha.

O texto foi aprovado pelo próprio pai de Neymar, pessoa que gerencia e toma todas as decisões da carreira do atacante.

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O efeito acabou sendo catastrófico.

Só mostrou o principal jogador do Brasil como alguém que até o seu pedido de desculpas pelo fracasso na Rússia é artificial. Rende dinheiro ao seu bolso. Foi escrito por um marqueteiro.

Por não sair da mente, do coração de Neymar, o texto foi tão mal interpretado. Cada palavra dita no um minuto e meio pelo jogador soa falsa, inconsistente. Quase como um adolescente lendo um texto em voz alta no colégio, mas um artigo que chega às suas mãos pela primeira vez.

"Patético", resumiu a revista alemã Der Siegel, sobre o pedido de desculpas feito em uma propaganda da Gillette.

Tudo foi tão ruim que Neymar e Gillette analisam o que fazer.

O jogador está para embarcar para a China, para começar a nova temporada com o PSG, onde perdeu muito do prestígio que tinha ao ser contratado como o jogador mais caro de todos os tempos.

A Gillette tem tudo para estar arrependida de ter feito valer o seu direito à propaganda. O momento era péssimo para Neymar. Tanto que a Nike, Red Bull, Gaga, Replay, Helliar, Beatsbydre, outras bilionárias patrocinadoras, preferiam o silêncio. Esperar a recuperação em campo do jogador para pensar em publicidade.

A situação é tão constrangedora que não só as redes sociais de Neymar passaram a censurar comentários, críticas de internautas não entram. As redes sociais de Bruna Marquezine, sua namorada, do seu pai, mãe e irmã passaram também a ser censuradas.

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Ou seja, Neymar segue vivendo um mundo irreal.

Tanto quanto o seu pedido de arrego.

"Suas" desculpas pelo fracasso na Copa do Mundo.

Ninguém sabe o que ele pensa de verdade.

Seu pai ou marqueteiros falam por Neymar.

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O 'mea culpa' falso foi rejeitado pelos internautas.

Pelos consumidores.

Algo desesperador para qualquer agência de publicidade.

Para a Gillette.