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Manifestações e crime organizado ameaçam o esquema de segurança da Copa

|Do R7

A seis meses da Copa do Mundo, o Brasil tem entre seus principais desafios a questão da segurança, ameaçada por protestos violentos e sinais preocupantes de organizações criminosas que ditam as regras em comunidades do Rio de Janeiro.

As autoridades terão que garantir a segurança dos jogadores das 32 seleções que participarão da competição e de milhares de torcedores brasileiros e estrangeiros.

Que protestem pelo que vocês acham justo (...), mas não esqueçam que estamos trazendo um evento muito interessante para o nosso país. Tratem bem quem vem aqui", declarou recentemente à AFP Ricardo Trade, diretor-executivo do Comitê Organizador da Copa do Mundo do Brasil-2014 (COL).

O Brasil já está acostumado a organizar grandes eventos, como o carnaval ou a visita em julho do Papa Francisco nas Jornadas Mundiais da Juventude, no Rio, onde cerca de milhões de peregrinos foram à praia de Copacabana, sem maiores problemas.


Mesmo assim, o país ainda é um dos países mais violentos do mundo, com uma taxa de homicídios de 27 a cada 100.000 habitantes.

O plano estratégico, lançado oficialmente em agosto de 2012, apontava três ameaças principais: torcedores violentos, crime organizado e ameaça terrorista".


O que não se esperava era o movimento social histórico que começou em junho, em meio à Copa das Confederações. Centenas de milhares de pessoas foram às ruas para exigir a melhoria dos serviços públicos e protestar contra a corrupção e os gastos públicos astronômicos em obras para a Copa.

Tudo indica que os protestos vão se repetir durante o Mundial do ano que vem. Não se sabe, porém, que proporções terá o movimento, se será acompanhado de atos de violência ou se afetará o acesso dos torcedores às partidas.


"Haverá manifestações, a questão é saber qual será a amplitude do movimento, se será massivo ou limitado. Vamos ver se a resposta política foi suficiente", disse à AFP um alto funcionário do governo que não quis ser identificado.

A questão das manifestações está sendo acompanhada de perto por toda a classe política, já que pouco depois da Copa todas as atenções serão voltadas para as eleições.

As autoridades estão tentando resolver o problema da falta de preparo da polícia militar ao promover capacitações com unidades estrangeiras, como as Companhias Republicanas de Segurança (CRS), acostumadas a atuar em protestos na França. As imagens de policias agindo com truculência nas manifestações de junho rodaram o mundo e deixaram uma péssima imagem do país.

Os serviços de inteligência investigam os black blocs, anarquistas que chegam aos protestos com os rostos cobertos e protagonizam cenas de violência, partindo para cima dos policiais e depredando bancos, lojas e pontos de ônibus. Os black blocs passaram a ser menos presentes nas últimas semanas, mas prometem voltar com tudo durante a Copa.

Outro assunto que preocupa é a volta das tensões em algumas das favelas do Rio de Janeiro. Muitas delas têm Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).

Com a pacificação, a taxa de homicídios caiu 40% na cidade, mas alguns dos policiais que atuam nas comunidades enfrentam resistência da parte dos moradores, que já denunciaram casos de violência e corrupção.

Nos últimos meses, houve um aumento do tiroteios, inclusive em favelas "pacificadas". No asfalto, cada vez mais casos de assaltos são registrados e nos últimos feriados, a insegurança ganhou as praias da zona sul da cidade, com arrastões que surpreenderam até as autoridades.

Um dos chefes do "Comando Vermelho", principal organização criminosa do Rio de Janeiro, confessou recentemente na prisão planos para retomar o controle de comunidades pacificadas.

Ele também mencionou contatos com o Primeiro Comando da Capital (PCC), que prometeu uma "Copa do Mundo do Terror".

As autoridades anunciaram que dobrariam no Mundial os efetivos das forças de segurança em relação à Copa das Confederações, que mobilizou 54.734 homens.

Algumas unidades foram treinadas por agentes do FBI americano para poder responder a ameaças externas. Apesar de o Brasil "não ser um país alvo do terrorismo", como lembrou Michel Misse, pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a projeção mundial do evento pede medidas cautelosas.

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