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Cosme Rímoli - Blogs

A vitória do coração sobre a razão. Guerreiras da seleção superaram as favoritas, desesperadas, francesas. Brasil na semifinal. Presente para Marta

Em casa, com toda a torcida a favor, a França desperdiçou pênalti, chutou duas bolas nas traves. Mas em um contragolpe, Gabi Portilho marcou, aos 36 minutos do segundo tempo. O time de Hervé Renard se desmanchou emocionalmente. Brasil na semifinal das Olimpíadas, depois de oito anos. E terá pela frente a chance de revanche contra as campeãs mundiais, as espanholas. Marta estará no jogo

Cosme Rímoli|Do R7

Gabi Portilho marcou o gol que desestabilizou a França. Vitória histórica da Seleção Brasileira nas Olimpíadas" CBF

A vitória do Brasil, por 1 a 0, gol de Gabi Portilho, foi surpreendente.

Levou o time à semifinal das Olimpíadas, depois de oito anos.

Tudo estava contra a seleção brasileira.

O time jogava cada vez pior.


Havia escapado, por sorte, de uma goleada histórica diante da Espanha, na derrota ‘apenas’ por 2 a 0, na última partida da fase de grupos.

No confronto, tinha perdido também Marta, expulsa depois de um pontapé infantil, que raspou a cabeça de Olga Carmona.


A pressão sobre o treinador Arthur Elias e suas atletas era enorme, pelo fraco futebol mostrado contra Nigéria, Japão e as espanholas.

A França entrou no estádio La Beaujoire, em Nantes, como favorita.


Jamais havia perdido para o Brasil e o time de Hervé Renard estava ganhando a confiança da imprensa e da torcida.

Elias, que cansou de montar equipes no Corinthians absolutamente ofensivas, tratou de apelar para o que tem nas mãos.

E, como havia feito diante da Espanha, montou o Brasil apenas para contragolpear.

Juntou raciocínio, com humildade.

Apostando no coração, na resiliência, na luta insana de suas jogadoras.

Com a vantagem que a Seleção da França tem repertório muito menor do que as espanholas.

Já na derrota das donas da casa diante do Canadá, na fase de grupos, dois pontos fracos vieram à tona.

A demora na recomposição, nos contragolpes.

E a fragilidade emocional diante da obrigação de lutar pelo ouro, diante do estádio lotado, já que eram as donas da festa.

Sem Marta, que jogou uma apagada fase de grupos, Arthur Elias colocou Adriana, mais para fechar a intermediária, do que para armar.

O Brasil atuava no 4-1-4-1.

O esquema francês foi muito confiante, aberto.

Com a obrigação de tomar a iniciativa do jogo, Renard colocou seu time no 4-3-3.

E partiu para a marcação por pressão no início do confronto.

Ele queria logo o gol para tranquilizar suas jogadoras e passar confiança à torcida.

A França teve a chance que o estádio todo de Nantes desejava.

Em uma precipitação tola da melhor zagueira do time brasileiro,

Aos 11 minutos, Katoto desviou a bola de cabeça para Cascarino invadir a área.

Tharciane cometeu pênalti.

Dois fatores foram fundamentais.

O primeiro, a excepcional fase da goleira Lorena.

O segundo, a displicência de Karchaoui, que fez pose para cobrar.

Deu apenas dois passos e bateu fraco.

Dona de uma explosão muscular incrível, Lorena defendeu o segundo pênalti contra a Seleção na Olimpíada.

Já havia sido assim contra o Japão.

Mas o lance deste sábado foi muito, mas muito, mais importante.

Porque tirou a confiança das francesas.

E deu uma dose absurda de adrenalina no coração das brasileiras.

Coração, garra e organização defensiva. O Brasil calou o estádio de Nantes Rafael Ribeiro/CBF

Mesmo com a proposta mais defensiva, o time de Arthur Elias levava a melhor nas divididas, chegava antes.

Misturava coração a muito melhor compactação.

Os contragolpes brasileiros já começavam a encaixar, diante da defesa francesa adiantada.

A torcida francesa não tinha obrigação de compreender o golpe psicológico que foi a perda de pênalti.

E pressionava pela vitória.

Aos 39 minutos, o segundo lance que impactou Nantes.

Mbock cabeceou no travessão um escanteio.

A falta de consciência já estava evidenciada no final do primeiro tempo.

Na segunda etapa, a França entrou ‘para decidir’ o jogo.

Porém, forçava em bolas esticadas e cruzamentos, faltavam triangulações, trocas de passes.

Consciência.

O jogo foi ficando psicologicamente excelente para o Brasil.

Até que, Gabi Portillo ganhou uma dividida na intermediária e, com a defesa aberta, não titubeou diante da goleira Picaud.

1 a 0, Brasil, aos 36 minutos.

As francesas se deixaram dominar pelos nervos.

E tentaram, de maneira desesperada, empatar.

O Brasil se defendeu com o coração e com um exército postado em frente à goleira Lorena.

E foi a Seleção que criou a maior chance de gol.

Em novo contragolpe, Gabi Portillo desceu sozinha e acertou a trave esquerda.

Foram 19 minutos de acréscimo.

Mas o Brasil manteve sua postura rígida, consciente, misturada com uma entrega impressionante.

E conseguiu a improvável vaga para as semifinais das Olimpíadas.

Venceu um adversário que nunca tinha derrotado.

Disputará na terça-feira, às 16 horas, a chance de chegar à final, contra a Espanha.

Enquanto Estados Unidos e Alemanha duelarão mais cedo, às 13 horas.

O destino e os corações das guerreiras de Arthur Elias garantiram à Marta.

Ela poderá fazer duas últimas partidas pela seleção brasileira.

Que jogue muito melhor do que está fazendo.

E tenha consciência ao dividir com as adversárias.

A melhor de todos os tempos precisa dar sua contribuição nestas Olimpíadas.

Chorar só não adianta...



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