Roteiro de "Rush" foi inspirado na rivalidade, não nas corridas de F1
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Por Mary Milliken
LOS ANGELES, 25 Set (Reuters) - O filme "Rush - No Limite da Emoção", um drama cheio de adrenalina, pode ser um dos filmes mais envolventes já feitos sobre o mundo das corridas de Fórmula 1, mas o roteirista britânico Peter Morgan diz que não poderia ser menos fã do que é do esporte.
Morgan, duas vezes indicado ao Oscar de melhor roteiro ("A Rainha", em 2006, e "Frost/Nixon", de 2008), simplesmente queria contar uma história de rivalidade entre um austríaco e um inglês. Como se vê, a batalha entre Niki Lauda e James Hunt pelo campeonato de Fórmula 1 de 1976 encaixou-se perfeitamente nos planos de Morgan.
"Rush", do cineasta já premiado com o Oscar Ron Howard, será amplamente lançado nos Estados Unidos neste fim de semana. Os críticos receberam calorosamente o filme e elogiaram o roteiro de Morgan, sendo que Manohla Dargis, do New York Times, disse que se trata de uma história de esporte que "Peter Morgan desvenda até chegar a seu cerne, com clareza e satisfação".
Mas se não fosse por "Fritz", um apelido indesejado atribuído a Morgan, o roteiro de "Rush" poderia nunca ter dado a partida.
"Fritz" foi a palavra encontrada por colegas de Morgan na escola para implicar com ele pelo fato de seus pais serem imigrantes alemães. Já adulto, Morgan se viu do outro lado ao se casar com uma austríaca, se mudar para Viena e se tornar alvo de piadas por ser britânico.
"Eu achava que ninguém iria chegar até a mim e dizer 'por favor, poderia escrever uma história sobre um austríaco e um inglês e examinar as diferenças culturais entre os dois?' Isso nunca aconteceria com alguém", afirmou Morgan em uma recente entrevista.
"Por isso, pensei: 'Vou escrever isso porque me interessa'."
"COMO UMA HISTÓRIA DE AMOR"
Morgan, 50, construiu sua reputação levando histórias verdadeiras para a tela e o palco. Em "A Rainha" ele examinou a luta da rainha Elizabeth para comandar seus súditos depois da morte da princesa Diana enquanto em "Frost/Nixon" ele e Howard recriaram as entrevistas pós-Watergate entre o apresentador de TV britânico David Frost e o ex-presidente dos EUA Richard Nixon. Os dois foram indicados ao Oscar de melhor filme.
Em "Rush", ele quis fazer um drama humano, não um filme de competição esportiva. Desde o começo decidiu que não haveria cenas de corrida porque nunca teriam dinheiro suficiente no orçamento para rodá-las.
A história real de Hunt, o belo playboy interpretado por Chris Hemsworth, e o austríaco Lauda, menos atraente, personificado por Daniel Brühl, tem todos os ingredientes para uma rivalidade emocionante: além de suas diferenças físicas, houve também arrogância, insegurança e inveja.
"Eu sabia que não seria apenas sobre quem era o mais rápido e que haveria ecos, profundezas e ressonâncias que interessariam a pessoas muito além do mundo das corridas", comentou Morgan.
Hunt morreu prematuramente duas décadas atrás, mas Morgan buscou a aprovação de Lauda, que concordou com o projeto.
Lauda, de 64 anos, disse este mês à Reuters ter ficado "impressionado" com o filme e se visto em Brühl.