Futebol da Colômbia finalmente conquista esperado destaque
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Por Brian Homewood
BRASÍLIA (Reuters) - Já classificada para as oitavas de final da Copa do Mundo e com duas vitórias em dois jogos, a Colômbia finalmente parece ter se livrado de seu rótulo de excentricidade e está sendo reconhecida, em vez disso, por seu bom futebol.
As campanhas anteriores da Colômbia na Copa do Mundo foram uma mistura de tragédia e comédia dramática, que ofuscaram o próprio futebol.
A Colômbia tinha um jogo limpo, com posse de bola nos anos 1990, muito antes de qualquer um mencionar o termo "tiki-taka", mas, mesmo assim, a geração de Carlos Valderrama tende a ser lembrada por cortes de cabelo exóticos e excentricidades de goleiros, em vez de seu futebol de qualidade.
Sua campanha de 1990 terminou quando o peculiar goleiro René Higuita, em uma das jogadas fracassadas mais famosas de todas as Copas, perdeu a bola enquanto tentava driblar o atacante camaronês Roger Milla no meio de campo.
O atacante veterano aceitou o presente, roubou a bola e a mandou para dentro de um gol vazio, correndo para fazer sua famosa comemoração com a badeira de escanteio.
Higuita era famoso por se aventurar no meio de campo e também envolveu-se em outros incidentes menos divulgados em clubes de futebol. Ele marcou alguns gols espetaculares de falta e fez seu impressionante e único "chute de escorpião" contra a Inglaterra em Wembley.
Quatro anos depois, a Colômbia chegou à Copa nos Estados Unidos em meio a grandes expectativas, após uma vitória de 5 x 0 contra a Argentina nas eliminatórias, mas o resultado foi uma eliminação na primeira fase e uma tragédia.
Pouco após retornar para casa, o zagueiro Andrés Escobar, que marcou gol contra na derrota por 2 x 1 perante os EUA, foi morto a tiros em um estacionamento em Medellín.
A Colômbia também se classificou em 1998, mas um time já mais velho conseguiu marcar apenas um gol e vencer uma partida, sendo eliminada novamente na primeira fase, após o ídolo Faustino Asprilla ter sido enviado para casa mais cedo por criticar as táticas da equipe.
No meio de tanto drama, ficou esquecido que a Colômbia, com uma geração de craques como Valderrama, Asprilla, o lânguido Freddy Rincón e o veloz Adolfo Valencia, frequentemente jogava um bom futebol.
Na corrida para a Copa de 1994, eles perderam apenas uma vez em 34 partidas e tornaram a Colômbia em uma força respeitável no continente sul-americano. Eles ainda são reverenciados em seu país.
"A memória dessa geração é algo que não podemos apagar", disse o técnico José Pekerman após a vitória por 2 a 1 sobre a Costa do Marfim, na quinta-feira.
"Não vamos nos empolgar e achar que vamos além deles. Ainda temos o jogo contra o Japão para se preocupar", acrescentou o técnico de 64 anos.
Após 1998, a Colômbia foi de um extremo ao outro, adotando um jogo excessivamente defensivo, e fracassou em se qualificar para três Copas do Mundo seguidas.
Mas, como outros países sul-americanos, eles já estavam investindo em tempo e esforços para o desenvolvimento de jovens jogadores. Eles sediaram um mundial sub-20 em 2011 com grande sucesso e venceram o sul-americano sub-20 dois anos depois.
Eles foram recompensados com uma nova geração de talentosos jogadores que foram cuidadosamente desenvolvidos por Pekerman, ele mesmo campeão de torneios sub-20 com sua nativa Argentina.
"Desde que chegamos no Brasil, tivemos a ideia de uma boa Copa do Mundo, para deixar uma boa imagem e responder às pessoas que acreditaram nesse time."
(Por Brian Homewood)