‘Tudo em Chapecó lembrava o Cléber Santana’, diz viúva do jogador
Rosângela Loureiro deixou cidade e hoje mora com os dois filhos no Recife
Futebol|André Avelar, do R7*

Uma simples compra no mercado era um martírio. Uma ida ao cinema com os filhos era o próprio filme de terror. “Tudo em Chapecó lembrava o Cléber Santana”. Foi assim que Rosângela Loureiro definiu sua mudança da cidade catarinense, um ano após a tragédia que vitimou seu marido e outras 70 pessoas, no voo da LaMia, a caminho de Medellín.
A volta para Recife foi um recomeço na própria vida. Foi na capital pernambucana que Rosângela namorou, noivou, casou e construiu uma história de amor digna dos filmes, quando o jogador ainda começava a carreira no Sport. Fez sempre questão de curtir a família e os amigos mesmo nos momentos em que o relacionamento viajou por Kashiwa Reysol (Japão), Atlético de Madri (Espanha), São Paulo, Flamengo e tantos outros lugares.
“Não tínhamos mais clima para ficar em Chapecó. Tudo em Chapecó lembrava ele”, disse Rosângela, em entrevista ao R7. “E também os outros olhavam para a gente com olhar de pena e eu não estava mais aguentando aquilo.”
Cléber Santana fazia questão de levar a família para perto do time que iria defender. Em julho de 2015, trocou o Criciúma pela Chapecoense – seu terceiro time catarinense na carreira, já que antes ainda havia defendido as cores do Avaí, de Florianópolis. A relação do Maestro, como carinhosamente era chamado pelo elenco, com a cidade era das melhores. Aos 35 anos, uma aposentadoria por ali não seria de se estranhar.
Nas redes sociais, a mulher trata de manter viva a memória do ídolo da Arena Condá. Em posts sempre emocionados (e emocionantes), chega a escrever para o seu “Nego ”, com quem se casou aos 17 anos, e ainda naquela noite lhe prometia óculos de sol e perfumes do free shopping.
Até que a madrugada de 29 de novembro mudou o endereço e, claro, também a vida da família Loureiro. Rosângela explicou que ainda tentou continuar na cidade para não afetar ainda mais a vida dos filhos Cléber Júnior, de 14 anos, e Aroldo, dois anos mais novo. O primogênito chegou a ser dispensado e depois reintegrado ao sub-15 da equipe pela qual o pai brilhou. Hoje, atua na escolhinha de futebol do Sport.
“A Chapecoense também não foi justa comigo”, acusou Rosângela, que disse que o clube se comprometeu a arcar com metade do aluguel da casa. “Depois de três meses do acidente, chegou uma ordem de despejo. A Chape pagou, mas foi um sacrifício para eles pagarem. Deixaram de ser fiador e colocaram toda a responsabilidade em cima de mim.”
Questionada pelo R7 ao longo da última semana, a Chapecoense não se pronunciou sobre o acordo com a mulher do jogador.
*colaborou André Ruoco, do R7
Logo após o acidente envolvendo o voo da Chapecoense, que vitimou 71 pessoas na Colômbia, saqueadores roubaram pertences dos mortos. Nas semanas seguintes, um grupo de moradores do bairro de La Unión criou uma associação para recuperar os bens, que tev...
Logo após o acidente envolvendo o voo da Chapecoense, que vitimou 71 pessoas na Colômbia, saqueadores roubaram pertences dos mortos. Nas semanas seguintes, um grupo de moradores do bairro de La Unión criou uma associação para recuperar os bens, que teve um aumento muito grande nas últimas semanas decorrentes do retorno do Verdão para enfrentar o Atlético Nacional pela Recopa Sul-Americana