O empate na última quarta-feira (19) contra o Independiente del Valle, em jogo equilibrado, pela primeira partida da final da Recopa Sul-Americana, abre brecha para um questionamento sobre as expectativas em torno do Flamengo.
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O São Paulo dos anos 80 era chamado de a "Máquina Tricolor". Também era uma equipe de "outro patamar", como gostam de ressaltar o técnico Jorge Jesus e o atacante Bruno Henrique.
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Para chegar a esse estágio, o clube carioca teve de trabalhar muito e contar com um aliado invisível: a sintonia em campo.
A dinâmica encaixada, aquela vibe que vai alimentando a confiança, e se alimentando dela, levou a equipe aos títulos carioca, brasileiro, da Liberdadores de 2019 e, em fevereiro de 2020, da Supercopa do Brasil.
O judaísmo tem uma música que fala sobre uma corrente que liga gerações. Esse tipo de corrente também pode ligar equipes. Quando os interesses convergem, as diferenças se completam, os movimentos se compreendem.
Mais do que o aspecto tático, a grande cartada de Jorge Jesus foi ter conseguido dar vazão a essa união intrínseca e, até agora, a mantido.
Máquinas de futebol como as do São Paulo e a do Flamengo atual, portanto, estão longe de serem mecânicas. A engrenagem delas reside, acima de tudo, em uma sintonia quase perfeita de percepções humanas.
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Claro que o nível técnico dos jogadores contribui para isso. Mas, ao atingirem esse "patamar", as equipes começam a flertar com um perigo: a exigência.
A pressão por resultados começa a ficar excessiva. E se torna a cada dia uma prova de fogo para o elo invisível que dá vida à equipe.
O trabalho de Jorge Jesus neste início de ano, portanto, será dobrado. Além de ter de manter o espírito confiante da equipe, terá de encontrar formas de blindá-la contra a necessidade de vencer sempre.
A obrigação de ganhar tudo, todos os jogos, todos os campeonatos que disputa, está se tornando o maior obstáculo para o Flamengo.
Jorge Jesus tem de trabalhar essa situação de risco, para não afetar o ânimo dos seus jogadores. Alguém imagina, por exemplo, como a opinião pública irá reagir se o Flamengo não ganhar o Estadual deste ano?
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