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Corinthians lembra 30 anos do primeiro Brasileiro, quando Neto decidiu

A campanha em 1990 parecia ser mais uma daquelas em que nada de novo acontece, mas, comandado pelo craque em campo, clube ficou com o título

Futebol|Eugenio Goussinsky, do R7

Neto (esq.) era considerado o único craque do time
Neto (esq.) era considerado o único craque do time Neto (esq.) era considerado o único craque do time

Torcedor adversário não tem jeito. Nem a suada conquista de 1977, a encerrar uma fila de 23 anos de drama, lágrimas, roer de unhas e chacotas, trouxe sossego definitivo ao Corinthians.

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Isso mesmo, o Corinthians, clube de uma das mais vibrantes torcidas do mundo, em sua mais histórica conquista, no dia em que Basílio quebrou o silêncio da cidade paralisada pelo jogo. Ele marcou o gol da vitória, após dois rebotes, aos 36 do segundo tempo.

Mas, como no Corinthians é sempre preciso algo mais, aquele dia não foi o fim da história.

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A comemoração, claro, trouxe um alívio, mas não por muito tempo. Um ou dois anos depois, um corintiano, reunido com amigos no bar, em um inocente recreio na escola, entre uma risada e outra em uma festa familiar já ouvia a estocada: "o Corinthians nunca ganhou um Brasileiro, hahaha". E a frase era completada com um estigma: "é um time regional!"

Pois naquele dia 16 de dezembro de 1990, há exatos 30 anos, o clube superava mais um desafio. Até o ano de 1990, o Corinthians já tinha conquistado 20 vezes o Campeonato Paulista e quatro o Torneio Rio-São Paulo.

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Não bastava naquele momento. O torneio nacional começava a ganhar mais importância, em relação ao regional, e ficar restrito ao Paulista já passava a ser um incômodo.

Desde sua fundação, o clube sempre carregou a missão de, mesmo com limitações em campo, ter de ir além, dar um passo adiante, superando sofrimento análogo à dura rotina do povão, que forma a maioria de sua massa torcedora.

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Em 1977, já superara a frustração da perda do título paulista de 1974, diante do poderoso Palmeiras.

E em 1990, deixou para trás a dor da perda do título nacional de 1976, quando a Fiel mostrou toda sua força e, na semifinal contra o Fluminense, colocou mais de 70 mil corintianos no Maracanã. Na final, outros cerca de 25 mil foram ao Beira-Rio ver, em meio a xingamentos dos colorados, o aguerrido time ser derrotado por 2 a 0 pelo Inter.

A campanha

E a campanha em 1990 parecia ser mais uma daquelas em que nada de novo acontece. O time, inicialmente montado por Zé Maria, tinha apenas um jogador que poderia ser chamado de craque: Neto.

Os outros jogadores formavam uma equipe batalhadora que, ao longo da competição, ganhou fôlego para, na fase final ser difícil de ser batida. Nelsinho Baptista substituiu Zé Maria na terceira rodada. O Corinthians terminou a primeira fase em segundo, atrás do Atlético Mineiro.

Na segunda fase, o time encontrou dificuldades e, entre altos e baixos, terminou na nona colocação. Vinha bem mas, nos últimos jogos caiu de produção e quase deixou a vaga para as finais escapar ao ser derrotado para o Goiás e para o Inter nos dois últimos jogos.

Classificado em nono, graças a uma combinação de resultados, o Corinthians jogaria sempe a decisão fora de casa e teria de superar adversários com melhor campanha. Mas, como se o destino estivesse selado, isso não foi empecilho.

E nem o fato de, impossibilitados de usarem o campo do Parque São Jorge, os jogadores tiveram de realizar treinos improvisados no jardim do clube.

Já nas quartas de final, contra o Atlético, o Corinthians começou perdendo, com gol de Gérson. E só conseguiu a vitória nos minutos finais, com dois gols de Neto, em 24 de novembro. Ele marcou o primeiro quando o atacante Ângelo já estava pronto para substituí-lo.

E acabou no braços da Fiel ao receber, na pequna área e chutar sem chances para o goleiro, o ex-corintiano Carlos. Corinthians 2 a 1. No jogo de volta, o Corinthians soube segurar o 0 a 0 no Mineirão.

E 6 de dezembro, quinta-feira, uma nova noite de sofrimento. Nas semifinais contra o Bahia, no Pacaembu, o time visitante faz 1 a 0 aos 2 minutos, gol de outro ex-corintiano, Wágner Basílio.

Aos 12 do segundo tempo, Neto cobra escanteio com efeito e Paulo Rodrigues fez contra. 1 a 1. A virada veio de forma emocionante. Em cobraça de falta, Neto encobre a barreira e faz a bola cair baixa, no canto direito de Chico, para explosão do Pacaembu: 2 a 1.

Talismã da Fiel

Nas duas partidas finais contra o São Paulo, de Telê Santana, o Corinthians foi superior. Dominou o primeiro jogo e, após cobrança de falta de Neto, Wilson Mano desviou e fez o gol da vitória, 1 a 0.

Na finalíssima, diante de 100.858 torcedores, a maioria de coritianos no Morumbi, a vitória veio de forma suada, aos 9 do segundo tempo.

Neto dá belo passe a Tupãzinho, que recebe livre e toca para Fabinho. Este dribla Antônio Carlos, devolve para Tupazinho, já na área. Ele dribla Ivan, passa de novo para Fabinho, que chuta. Zetti defende na pequna área e, no rebote, Tupazinho chega primeiro e faz 1 a 0.

Com o gol, Tupãzinho passou a ser chamado de "Talismã da Fiel". Ele fez jus ao apelido decidindo também outros jogos nas temporadas seguintes. Finalmente o Corinthians calava as torcidas adversárias com seu primeiro título nacional.

Calou mesmo? Ainda faltavam o Mundial, a Libertadores e, mesmo com a conquista destas duas últimas, sempre vai faltar alguma coisa. Ao contrário do que os rivais pensam, essa é a graça de ser corintiano.

FICHA TÉCNICA:

Corinthians 1 x 0 São Paulo

Data e local: 16 de dezembro de 1990 no Estádio do Morumbi, São Paulo, SP

Horário: 16h

Árbitro: Edmundo Lima Filho

Gol: Tupãzinho (Corinthians), aos 9 minutos do segundo tempo

Cartões vermelhos: Wilson Mano (Corinthians) e Bernardo (São Paulo)

Público: 100.858 torcedores

Renda: Cr$ 106.347.700,00 (cruzeiros)

CORINTHIANS: Ronaldo Giovanelli; Giba, Marcelo, Guinei e Jacenir; Márcio, Wilson Mano e Tupãzinho; Fabinho, Neto (Ezequiel) e Mauro (Paulo Sérgio).

Técnico: Nelsinho Baptista

SÃO PAULO: Zetti; Cafu, Antônio Carlos, Ivan e Leonardo; Flávio, Bernardo e Raí (Marcelo); Mário Tilico (Zé Teodoro), Eliel e Elivélton.

Técnico: Telê Santana

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