Na prorrogação, mas com justiça, a Inter leva a Copa Itália 2021/2022
Placar de 4 X 2, com dois tentos em pênaltis bem marcados pelo árbitro Valeri. A Juventus reclamou de outros dois em seu favor. O seu problema, porém, não foi o apito. Mas a falta de meio-campo
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti
Com a sua vitória de 4 X 2 sobre a Juventus de Turim, nesta quarta-feira, 11 de maio, na decisão da edição 75 da Copa Itália, a Inter de Milão acumulou seu troféu de número oito na história da competição. A rival ficou nos 14 que já havia levantado. O combate aconteceu no Stadio Olimpico, de Roma, a capital da Bota, um campo que serve como o cenário da final desde 2007. Antes, as duas agremiações só tinham se defrontado numa decisão em 1959 e em 1965, ambas com sucessos da Juve, respectivamente por 4 X 1 e 1 X 0.
Foi a pugna de número 245 no duelo batizado de “Derby d’Italia”. Agora, a Inter soma 75 vitórias contra 110 da Inter, anotou 304 gols e cedeu 348. Especificamente na Copa, foi a contenda de número 34. A Inter passou a 11 sucessos versus os 15 da Juve, a 43 contra 52 nos tentos. Enfim um laurel da “Biscione” numa temporada infeliz, eliminada da Champions League, e quase sem chances de abiscoitar o seu bi no "Nazionale”. Quanto à “Senhora”, amarga a sua primeira “stagione”, desde 2010, em que não amealha um galardão sequer.
Eis a ficha técnica e a síntese da decisão:
JUVENTUS 2 X 4 INTERNAZIONALE
Roma, Stadio Olimpico
Árbitro: Paolo Valeri
Gols: Barella, Calhanoglu/pen, Perisic/2/1pen X Alex Sandro, Vlahovic
Um recorde de renda numa temporada em que a Covid-19 ainda atrapalhou o Calcio da Bota. Vendidos todos os 68.000 ingressos à disposição. Menos do que os 74.508 de uma das duas semis entre a Inter e o Milan no San Siro da capital da Lombardia. Porém, um “incasso” bastante superior, o correspondente a R$ 27 milhões contra os 21 mi daquele desafio. Aliás, uma plateia democraticamente dividida, 40% para cada um dos clubes, os 20% restantes distribuídos pela Lega e pelo CONI, o Comitê Olímpico Nacional Italiano.
Começou muito melhor a “Biscione”, a controlar o meio-campo e a espicaçar a defesa da “Senhora”. E o gol do 1 X 0 despontou antes de a Juve, sequer, se aproximar da meta de Handanovic. Bola trocada à frente da área maior da “bianconera”, toque lateral de Brozovic a Barella e um petardo do meia no ângulo esquerdo do estático arqueiro Mattia Perín. O detalhe: Barella arrematou absolutamente livre, sem que ninguém da Juve protegesse as imediações da sua meia-lua, uma falha imperdoável, absurda mesmo, numa decisão.
Logo ficou transparente a anteposição dos estilos das duas equipes. A Inter de Simone Inzaghi aplicadíssima na pressão desde a saída de bola. E a Juve de Max Allegri a especular na eventualidade dos contra-ataques e em raros lances de bola parada. A “Biscione” mandava na partida quando, aos 24’, Calhanoglu se distraiu e cedeu a pelota a Dybala, que, imediatamente, tocou a Vlahovic pelo flanco canhoto. O sérvio desferiu um petardo, em diagonal, que Handanovic desviou das redes com uma espalmada. Uma chance que serviu para retirar a “Senhora” do seu torpor. E, em meros 5', queimar duas chances de igualar.
Allegri não precisou esperar o intervalo para alterar o seu sistema e a sua escalação. Aos 39’, Danilo se ressentiu de uma lesão. Em vez de substituí-lo por um outro zagueiro, o treinador colocou na porfia o avante Morata. E o ibérico participaria crucialmente dos dois tentos com que a “bianconera” viraria o resultado, em 180 segundos, logo no início da etapa derradeira. Aos 50’, depois de um bate-rebate na área da Inter, Vlahovic escorou para Alex Sandro, que fuzilou das redondezas da meia-lua, e Morata desviou rumo ao arco. E, aos 52’, quando Dybala lançou Vlahovic em profundidade, atraiu um zagueiro, deixou o sérvio sozinho com Dambrosio. Vlahovic cortou o beque e chutou, Handanovic ainda aparou, mas, com outro tiro, agora certeiro, o sérvio perpetrou os 2 X 1. Um súbito desalento na Inter.
Claro que sobrava tempo para uma reação. A “Biscione”, contudo, demorou a se reajustar. Avançou, sim, mas no tudo ou nada, com o perigo de sofrer uma pontada letal. Allegri, obviamente, tentou fortalecer a sua retaguarda. E chamou, no banco, o central Bonucci, para o lugar de um ala, Bernardeschi. Deu azar. Aos 79’, numa conturbação na área da “Senhora”, Bonucci cometeu um pênalti em Lautaro Martínez. No sufoco, bola bem alta que resvala no interior do poste e entra, Calhanoglu converteu, 2 X 2. E, aliás, impôs justiça ao placar. Tensão no Olimpico. Prorrogação. E caberia ao coração sobrepujar a tática.
Sabe-se lá por que motivo, Simone Inzaghi, que já tinha trocado Edin Dzeko por Correa, sacou Lautaro e colocou Alexis Sánchez em sua posição. Então, um outro pênalti castigaria a Juve aos 99’. Paolo Valeri necessitou recorrer ao VAR para indicar a infração de De Ligt em De Vrij, o seu colega de bequeira na seleção neerlandesa. E Perisic converteu, Inter 3 X 2. O mesmo Perisic, quase imediatamente, detonaria as derradeiras expectativas da “Senhora” ao acertar um chute muito bem colocado, da entrada da grande área, 4 X 2 aos 102’.
Além de irritado, Allegri exagerou na gritaria e acabou expulso por Valeri. De fato, o mediador não enxergou dois encontrões em Vlahovic que, no mínimo, mereciam uma adequada verificação pelo VAR. Não provieram da arbitragem, de todo modo, as causas da derrota da Juve. De nada adianta, por exemplo, dispor de um espetacular artilheiro como o sérvio se não existe a articulação capaz de auxiliá-lo. Venceu quem possui um melhor elenco e uma estruturação superior. Para Allegri, levantar a Copa não seria beliscar a cereja do bolo, mas saborear o bolo, inteirinho. Terminou patético o seu desfecho de “stagione”. E, com méritos, Simone Inzaghi açambarcou mais uma bela taça em honra da "Biscione".
Embora os seus 75 anos correspondam a um Jubileu de Diamante, na verdade a Copa Itália agora completa um século de existência. Efetivamente se iniciou como uma competição oficial em 1922, triunfo do Vado, clube que, hoje amador, se esconde na Série D, ou a quarta divisão do Calcio. Então, teve 38 representantes das sete regiões no Norte da Bota. Depois, passou a hospedar clubes das repartições inferiores e de todas as vinte regiões da Itália. No entanto, em diversas vezes se interrompeu até que se firmou em 1957/1958 com um título da Lazio. Já chegou ao recorde de 78 participantes. Hoje, ostenta somente 44, os 20 da Série A, os 20 da B, mais os quatro primeiros da C. Esta edição principiou em 7 de agosto de 2021 e, até esta data, teve 45 partidas e 156 tentos, a média ótima de 3,47.
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