O pior pesadelo para Tite.
A torção que Neymar sofreu, sozinho, no tornozelo direito teve consequências. E elas foram muito além do choro, no clássico contra o Olympique de Marselha. O diagnóstico foi cruel. Fissura no quinto metatarso, conhecido popularmente como dedinho. E exige uma cirurgia. A operação é delicada. E ele deverá ficar, no mínimo, dois meses sem jogar futebol. O retorno, sem complicações, está previsto para o início de maio. A cerca de um mês do início da Copa da Rússia.
Ortopedistas consagrados na medicina esportiva confirmam. A operação é delicada. E a recuperação complicada. Por um motivo muito simples. Todo o movimento do pé direito de Neymar estará em risco. Leigos podem pensar apenas nos chutes. Mas as complicações ficam para os arranques, as paradas súbitas e as mudanças de trajetória na corrida, situações que permitem os dribles.
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A cirurgia é feita atualmente para acelerar a recuperação. Até alguns anos atrás, o jogador que fissurasse o quinto metatarso levaria pelo menos quatro meses para voltar a entrar em campo.
Mas, a CBF trabalha com a hipótese otimista, que Neymar ficará dois meses fora. Já é o suficiente para promover uma revolução nos planos de Tite. O treinador não terá o seu mais importante jogar em duas partidas que ele considerava fundamentais. Os amistosos da Seleção contra a Rússia, em Moscou, e diante da Alemanha, em Berlim. Os jogos estão marcados para os dias 23 e 27 de março.
Tite necessitava desses confrontos com a anfitriã do Mundial, com toda a torcida contra, e diante do time responsável pela maior humilhação do futebol brasileiro em todos os tempos, o inesquecível 7 a 1.
"Precisamos espantar esse fantasminha contra a Alemanha. E o Neymar será importantíssimo, lógico", dizia o técnico da Seleção, no mês passado. Sem sonhar que ficaria sem seu principal jogador.
A perda de Neymar mexe não só no sistema tático brasileiro. Mas também com a confiança dos jogadores. Neymar se tornou um grande líder do time. Não líder motivacional, que ele não tem o menor cacoete para isso. Mas líder técnico.
"Ele é um dos três melhores jogadores do mundo. Não dá para negar que todo mundo fica muito confiante quando sabe que o Neymar está do nosso lado. A Seleção com ele é uma e sem ele, outra", já elogiou Gabriel Jesus.
Sem Neymar, a saída imediata para Tite é manter Fernandinho, Paulinho, Renato Augusto, Philippe Coutinho e Willian no meio. E Gabriel Jesus mais avançado. O time ganha mais equilíbrio tático, mais conjunto. Maior intensidade.
Mas perderá muito talento, improviso, habilidade.
Tite estava se preparando para testar o Brasil sem Neymar, para não ficar desesperado como Felipão na Copa de 2014. Mas seria em amistosos menos importantes, jogos-treino que o time fará antes do Mundial. Não esperava a ausência de seu jogador de maior confiança agora.
"Eu sei que alguém vai se contundir. Os jogadores brasileiros importantes estão disputando a fase final de seus torneios nacionais. E a Champions League. É histórico. Sempre alguém se contunde. Eu não queria, mas tenho de estar preparado", avisou Tite, no mês passado, de forma premonitória.
O clima de consternação já domina o Paris Saint-Germain. O clube que gastou R$ 822 milhões para contratar o jogador mais caro de toda a história, não o terá na partida fundamental da temporada. Ele estará fora do confronto com o Real Madrid, pela Champions. Na partida de ida das oitavas, o time francês perdeu por 3 a 1. Precisa ganhar de pelo menos 2 a 0 para passar às quartas, no dia 6 de março, em Paris.
Neymar se vê envolvido na segunda contusão mais séria da carreira. A primeira foi a fratura que sofreu na vértebra, graças a uma joelhada maldosa do lateral colombiano Zuñiga, em pleno Mundial do Brasil. Agora, a operação no quinto metatarso. O jogador tem 26 anos e vivia a melhor fase de sua carreira. Cada vez mais confiante, assumindo a responsabilidade de conduzir o PSG para a elite dos grandes clubes europeus. Com chance real de conquistar a Champions.
E também peça fundamental para Tite na Copa do Mundo.
A grande preocupação do treinador da Seleção não está apenas na contusão. E na recuperação. Mas também no lado psicológico do jogador. Ele já terá de voltar em maio e muito bem tanto fisicamente, tecnicamente e, fundamental, psicologicamente.
Gabriel Jesus teve a mesma contusão de Neymar, jogando pelo Manchester City, em 2017. Também foi em fevereiro, no dia 13. Operou. No início abril estava correndo na esteira. No dia 27 de abril, estava em campo. Seguindo o mesmo cronograma, Neymar deverá estar apto a atuar no meio de maio.
A CBF acompanhará todo o protocolo médico envolvendo Neymar. Os médicos da Seleção vão exigir detalhes dos procedimentos envolvendo o jogador. Além dos exames antes e depois da cirurgia, há a previsão de visita ao jogador. Tite quer mostrar solidariedade, apoiar seu atleta mais importante.
A situação é chocante.
Tite queria ver o Brasil sem Neymar.
Mas só em testes, em casos extraordinários.
Por suspensão por cartões ou contusões leves.
Nunca por causa de uma operação.
Sem saber com certeza como será sua recuperação.
O destino determinou.
O Brasil terá de aprender a jogar sem Neymar.
A primeira vez que aconteceu, em 2014, foi inesquecível.
O 7 a 1 da Alemanha é a principal lembrança...
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