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O Brasil acabou com seu moderno complexo de vira-latas

Não precisou nem de Neymar. A Seleção de Tite derrotou a campeã mundial Alemanha, em plena Berlim. 1 a 0. Gol de Gabriel Jesus

Cosme Rímoli|Cosme Rímoli

Gabriel Jesus marcou o gol. E o Brasil exorcizou o fantasma dos 7 a 1
Gabriel Jesus marcou o gol. E o Brasil exorcizou o fantasma dos 7 a 1 Gabriel Jesus marcou o gol. E o Brasil exorcizou o fantasma dos 7 a 1

Tite realizou seu sonho. O Brasil se livrou do seu mais moderno complexo de 'vira-lata'. Em plena Berlim, a Seleção derrotou os germânicos, o time que envergonhou o país, com a inesquecível goleada por 7 a 1. 

O 1 a 0, gol de Gabriel Jesus, não foi uma vingança. Nem uma compensação. Mas um aviso. O Brasil chegará na Rússia muito diferente do que mostrou na Copa de 2014.

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Tite catequizou torcedores e jornalistas. Mostrou a importância da estratégia. E que, com o talento individual dos jogadores, o futebol coletivo pode ir muito mais longe do que se imaginava.

E tudo isso, sem Neymar.

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Era o confronto que Tite tanto ansiava. Ele não teve nada a ver com os 7 a 1. Mas depois da vergonha que o Brasil passou na Copa do Mundo de 2014 com Felipão e da frustrante passagem de Dunga, o futebol do país renasceu na mão dele.

Depois de uma reviravolta empolgante nas Eliminatórias, vitória importante contra a Rússia, em Moscou, havia a Alemanha, engasgada na garganta de qualquer brasileiro.

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E, mesmo para quem não aprecia estratégia, tática, só se preocupa com a cerveja e o amendoim na hora do jogo, tomou uma lição de futebol. Entendeu a importância de os times atuarem de forma compacta, veloz atacando e recompondo. Pressão na saída de bola. A busca de triangulações pelos lados de campo como melhor forma de buscar o gol. A importância da guerra nas intermediárias.

Tite pode disfarçar, falar na sua obsessão por Carlo Ancelotti e seu futebol de contragolpes em velocidade. Mas, na verdade, a fonte do técnico brasileiro é germânica. Aprendeu com Joaquim Low. 

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Em Berlim, o que se viu foi o aluno enfrentar o professor. Com as mesmas armas estratégicas. Com algumas diferenças significativas. A maior delas, o talento individual do time brasileiro. 

Não ter o seu jogador principal, o terceiro melhor do mundo, poderia ser muito ruim. Ou muito bom. Tite e seu elenco de convocados tiveram de dar uma resposta. Mostrar que existe vida sem Neymar. A 'Neymardependência' de Mano, Felipão e Dunga não levou o Brasil a lugar algum.

Gabriel Jesus materializou a importância do futebol solidário, competitivo
Gabriel Jesus materializou a importância do futebol solidário, competitivo Gabriel Jesus materializou a importância do futebol solidário, competitivo

Tite sabia que enfrentaria o 4-1-4-1, com alternância para o 4-5-1, como ele gosta de adotar. Ele viu o quanto Felipão foi irresponsável ao escancarar as intermediárias, em 2014, apesar dos conselhos de Gallo e Roque Júnior. Adenor tratou de reforçar o setor. Tirou Douglas Costa, que foi bem contra a Rússia. Colocou, sem medo, Fernandinho. Ele ajudaria Casemiro e Paulinho. Philippe Coutinho na esquerda e Willian na direita. Com Gabriel Jesus mais isolado.

Joachim Low se precaveu. Sabia da ansiedade brasileira em vencer. E tratou de tirar a importância do jogo. Dispensou Ozil e Muller para descansarem. Ao tirar dois titulares do jogo, ele conseguiu a desculpa perfeita em caso de derrota.

Jogando em Berlim, a Alemanha tratou de começar a partida marcando muito forte a saída de bola. Queria e conseguiu complicar as coisas para o Brasil. Forçava os erros de passes. 

A Alemanha recuperava a bola e ficava claro que oseu time é formado por grandes atletas, mas faltava talento com a bola nos pés. O time não driblava, não tabelava, buscava insistentemente as triangulações e os cruzamentos. Não há como não reconhecer que Tite acertou em colocar Thiago Silva ao lado do intocável Miranda. A dupla funcionou muito bem por baixo e, principalmente, pelo alto.

O Brasil tomou sufoco nos primeiros 36 minutos de jogo, quando não havia dado sequer um chute ao gol de Trapp. Foi quando a arbitragem errou, Gabriel Jesus desceu livre, impedido, com a zaga alemã correndo desesperada atrás dele. Ele invadiu a área, deu um breque desconcertante, que fez com que Boateng ficasse caído no gramado. E na hora de bater, chutou alto, por cima.

Só que a compensação para o gol perdido viria em seguida. Fernandinho roubou a bola no meio de campo. Tocou para Philippe Coutinho, ele tocou para Willian. O jogador do Chelsea triangulou com Daniel Alves e cruzou com curva. Gabriel Jesus cabeceou forte, o goleiro Trapp não teve reflexo para espalmar com força a bola. A cabeçada ultrapassou a risca. 1 a 0, Brasil, aos 37 minutos.

O Brasil terminou o primeiro tempo tocando a bola, não correndo risco. Dominando a partida. 

Na segunda etapa, Low adiantou seu time. Mas Tite estava convicto. O Brasil não corria grandes riscos. Os jogadores mostravam confiança, solidariedade. Não havia dribles desnecessários, vontade de um jogador atuando para si, como muitas vezes acontece quando Neymar está no time.

Os alemães não esperavavam o Brasil tão compacto. Continuavam trocando passes, principalmente Kroos e Gundogan no meio. Kimmich e Plattenhardt travados pelas laterais. Alisson não corria riscos. Não havia espaços para os germânicos chutarem com certeza para o gol. E dá-lhe cruzamentos. Não para Mario Gómez, com a mobilidade de um boneco de Olinda. Mas para o também trombador Sandro Wagner.

O Brasil segurou a fórceps.

Venceu por 1 a 0.

Exorcizou o seu maior fantasma.

Ganhou dos alemães em Berlim.

Sem Neymar.

Graças a um cidadão.

Adenor Leonardo Bachi...

Tite catequizando o futebol brasileiro
Tite catequizando o futebol brasileiro Tite catequizando o futebol brasileiro

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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