São Paulo, Brasil
Havia a séria possibilidade de Cafu substituir Edu Gaspar na coordenação das seleções do Brasil.
O presidente da CBF, Rogério Caboclo, levava a sério essa questão.
O perfil, ele já tinha.
Queria um campeão mundial conhecido internacionalmente. Com vivência no futebol para servir de escudo para Tite e os jogadores. Com capacidade de se relacionar com a Comissão Técnica, na busca de amistosos, sedes da Seleção em torneios, contato com a imprensa.
Exercesse com autoridade o cargo de 'chefe de Tite'.
Com suas origens presas ao São Paulo Futebol Clube, por conta do pai, Carlos, que foi diretor do clube, Rogério Caboclo pensou em Cafu, Kaká e Juninho Paulista.
A inexperiência de Kaka, recém-formado em gestão esportiva, pesou contra.
Cafu passou a ser favorito.
Capitão da última Copa do Mundo conquistada pelo Brasil, dono de uma fundação, que cuidava de 950 crianças na periferia de São Paulo, carreira séria, marcante.
Mas não deu tempo para Caboclo apostar em Cafu.
O ex-jogador já havia assinado contrato como embaixador da Copa do Catar, no Brasil, até 2022.
A situação chamou a atenção pela pressa com que ele havia assumido o compromisso.
Em novembro do ano passado já havia sido divulgada a notícia que os salários dos funcionários da Fundação Cafu estavam atrasados.
Assim como a possibilidade dela fechar.
O que ninguém sabia eram as grandes dívidas de Cafu, tornadas pública hoje.
Ele perdeu na justiça cinco imóveis e tem outros 15, no seu nome e no da esposa, penhorados.
Todos por empréstimos milionários que não teria pago pela empresa que criou em 2004 para gerir sua carreira: a da Capi-Penta International Player.
A dívida pode passar dos R$ 11 milhões.
Os seus bens, que adquiriu quando jogava futebol, se tornaram públicos. E alvo das empresas devedoras.
São 32 imóveis. São apartamentos de 55 a 293 metros quadrados em São Paulo e Alphaville, em Barueri, uma casa, com mais de 2.000 metros quadrados, outra no litoral paulista, de 1.080 metros quadrados, e terrenos no interior. Um deles, em Mairinque, tem 38 mil metros quadrados", revela a Folha de São Paulo.
A situação financeira do ex-lateral é preocupante.
Ele fechou a Fundação Cafu.
950 crianças do Jardim Irene deixaram de frequentar as aulas profissionalizantes.
O instituto foi criado em 2004.
Iria completar 15 anos.
O jogador diz que fechou temporiariamente, para reestruturação.
Ele já havia antecipado ao blog que iria fechar a instituição.
Durante a Copa América, ele deu entrevista exclusiva.
A história dos atrasos de pagamento na Fundação Cafu é verdadeira?
"Sim. É verdadeira e está sendo solucionada. E da pior maneira. A recessão e a legislação brasileira travaram a fundação. Não há dinheiro. Não sou mais jogador de futebol, eu também não tenho para bancar um instituto para 950 crianças carentes da periferia.
Sou realista. Depois de 15 anos de fundação, vou ter de fechar. E abrir um outro para muito menos crianças. Porque o resto da minha vida retribuirei para crianças carentes o que o futebol me deu: oportunidade."
Ou seja, a sua situação financeira já estava ruim.
E veio à tona, em detalhes.
"É um problema particular meu. Posso dar meus imóveis, meu carro, minha casa, posso dar o que quiser como pagamento de dívida", disse à Folha.
Durante a manhã, o blog tentou falar com Cafu.
Seu celular se manteve desligado.
Sua situação é particular.
Mas reflete em 950 crianças.
E na imagem da Seleção Brasileira.
Do ex-capitão.
O último a levantar o troféu de campeão do mundo...
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