São Paulo, Brasil
Angustiado.
Abatido
Revoltado.
Pessoas ligadas a Andrés Sanchez confirmam que o meia-atacante de 19 anos, Gustavo Mantuan, está profundamente inconformado.
Ele havia feito a sua partida mais importante de sua vida.
Marcado o primeiro gol contra o Vasco, na vitória do Corinthians, por 2 a 1, em São Januário.
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Foi há nove dias.
Vagner Mancini estava eufórico.
"O Corinthians tem uma joia nas mãos."
Mas tratou essa 'joia' como bijuteria, sem o menor cuidado.
Andrés Sanchez não mostrou a menor visão do momento.
Não quis enfrentar a CBF e cedeu o meia-atacante para a disputa de inútil amistoso entre a Seleção Olímpica e o próprio Corinthians, sub-23.
Uma semana depois de ter deslumbrado Mancini e quem acompanhou o jogo, por sua versatilidade, inteligência, habilidade e poder de conclusão, o garoto de 19 anos estava em campo, em Itu, no Novelli Júnior no tal jogo-treino.
O gramado estava muito bom.
Aos 20 minutos do primeiro tempo, ele foi cruzar para a área, esticou demais o joelho, bateu de maneira estranha na bola. E caiu. Ao levantar, já balançava a cabeça, em seguida começou a chorar, amparado pelo departamento médico da Seleção.
Ele conhecia os sinais.
Rompeu os ligamentos cruzados do joelho esquerdo.
Será operado.
Ficará entre seis e oito meses de recuperação.
Será a terceira operação nos seus joelhos.
Em abril de 2019, os mesmos ligamentos cruzados no mesmo joelho esquerdo. Ficou seis meses afastado do futebol.
Há dois anos, em outubro de 2017, rompeu os ligamentos do joelho direito, em um jogo pelo Campeonato Paulista sub-17.
Nove meses longe do futebol.
Um jogador com o seu histórico deveria ser tratado com o maior cuidado possível. Ter analisado os campos onde atuará, o número de partidas, de treinamentos, as viagens.
Fingir que um atleta de 19 anos, com duas gravíssimas operações nos dois joelhos deve se submeter aos mesmos exercícios que seus companheiros de clube ou de Seleção é absurdo.
Além do mais, ele é um patrimônio muito valioso.
Mantuan tem multa rescisória de 50 milhões de euros, cerca de R$ 337 milhões.
Ele só voltará a campo, se tudo der certo, no meio de 2021.
Perderá o sonho da Olimpíada de Tóquio.
Voltará, de uma maneira cruel, desvalorizado no mercado internacional.
Jogador com três rompimentos de ligamentos nos joelhos é visto com desconfiança.
Andrés Sanchez se defendeu para companheiros de diretoria alegando que negociou com a Seleção. E Mantuan não deveria nem atuar contra o Vasco.
E que, para o bem do Corinthians, que poderia ter um jogador na Olimpíada de 2021, liberou o meia-atacante.
Foi um choque para Mancini, para Andrés e, principalmente, para a família do jogador, a notícia do novo rompimento de ligamentos.
Ela já passou pela enorme decepção com Guilherme, irmão mais velho, que era uma grande promessa no Corinthians. E acabou rescindindo o contrato, saindo de graça. Joga no pequeno Gil Vicente, de Portugal.
A direção do Corinthians quer exigir que a CBF assuma, pelo menos, os salários do jogador, enquanto ele estiver se recuperando da operação.
A Lei Pelé prevê que pode acontecer um acordo entre o clube e a Confederação, quando um jogador se contunde, servindo à Seleção.
Andrés bate na tecla que foi uma 'fatalidade'.
Mas há inúmeros conselheiros corintianos revoltados.
Não aceitam a liberação da maior promessa de 2020, com o time fraquíssimo, dando vexames no Brasileiro e na Copa do Brasil.
E ele sendo um jogador que enfrentou problemas físicos graves.
O médico Joaquim Grava, que já o havia operado no ano passado, o operará de novo.
O Corinthians pretende revelar a cirurgia apenas depois de feita.
Ela deve acontecer entre hoje e o início da próxima semana.
O garoto está completamente depressivo.
O clube precisa dar um acompanhamento psicológico a Mantuan.
É o mínimo que precisa fazer.
A situação é simbólica.
Os clubes fazem de tudo para valorizar seus jogadores.
Não medem esforços, quando há convocação para a Seleção.
E enfrentam as consequências.
Só para lembrar.
Em janeiro, Walce, zagueiro do São Paulo, também rompeu os ligamentos do joelho, em jogo-treino da Seleção Olímpica, contra o Boa Vista, do Rio de Janeiro.
A direção são paulina havia acabado de recusar uma proposta de R$ 22,8 milhões do Red Bull Bragantino pelo atleta.
Sua multa rescisória é de 50 milhões de euros, mesma de Gustavo Mantuan.
R$ 337 milhões.
As fatalidades se repetem...
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