Uma conta que não fecha. Esta é a avaliação do especialista em marketing esportivo, Amir Somoggi, sobre a possível contratação de Kaká pelo São Bento. O assunto virou notícia nos últimos dias depois que o presidente do clube sorocabano, Márcio Rogério Dias, confirmou o interesse no meia de 34 anos para a disputa do Paulistão e da Série B do Campeonato Brasileiro em 2018.
"Com todo o respeito ao São Bento, mas o patrocínio do clube talvez pague o condomínio da casa do Kaká", analisou Somoggi em contato com o R7.
A proposta que o clube pretende apresentar ao jogador é semelhante à feita pelos representantes do atacante Adriano Imperador, que segundo o São Bento, foi oferecido recentemente à equipe. Um salário fixo, dentro do teto do time (R$ 30 mil), mais a cessão de um espaço na camisa e no calção do uniforme para que Kaká possa negociar e aumentar sua receita.
"A possibilidade disso se viabilizar é zero. O São Bento precisa colocar os pés no chão e pensar que tipo de jogador está dentro da realidade do clube e que possa realmente fazer a diferença, não só fora de campo em termos de marketing, mas dentro de campo, em termos esportivos", avaliou Somoggi, que defende a construção de credibilidade para os clubes. "Estes boatos de Kaká, Adriano, não passam de 'balões de ensaio'. [jargão jornalístico para caracterizar informações propositadamente vazadas a fim de verificar de antemão possíveis efeitos]. Não agregam muito para a marca a longo prazo. Fazem o clube aparecer por um momento, mas na prática é pouco. O que vale é montar um time competitivo, como a Chapecoense fez, por exemplo. A Chape poderia ter feito esse 'balão de ensaio', mas preferiu montar um time que foi campeão", explica.
De fato, segundo o especialista, a contabilidade não encaixa no caso do São Bento. O clube deve faturar em 2018 cerca de R$ 4 milhões com direitos de televisão pelo Campeonato Paulista e outros R$ 3 milhões, no máximo R$ 4 milhões pela Série B. Some outros R$ 500 mil de bilheteria e mais R$ 500 mil de patrocínio. Na mais positiva das hipóteses, a arrecadação do Azulão Sorocabano pode alcançar R$ 10 milhões no ano.
"Isso não corresponde nem a metade do que o Kaká ganha na MLS [o brasileiro tem o maior salário da liga norte-americana de futebol, cerca R$ 25 milhões por temporada]. E tem mais: o clube cede o espaço de patrocínio para o jogador, mas como faz para pagar a folha salarial do restante do elenco", questionou Amir Somoggi. "Não dá, não tem a menor chance. Nem que o São Bento desse um pedaço do clube como garantia para o negócio, que o Kaká virasse credor".
Segundo dados do Footstats, no Paulistão do ano passado o São Bento teve em média 3.252 torcedores por partida no Estádio Municipal Walter Ribeiro, o popular CIC. Com isso o clube arrecadou mais de R$ 750 mil mandando os jogos na cidade de Sorocaba.
Apesar do desejo do São Bento, o destino mais provável de Kaká, que não renovou com o Orlando City, ainda é o São Paulo, clube com o qual o craque tem grande identificação. O jogador ainda não recebeu proposta oficial do Tricolor, mas já tem o nome ventilado por dirigentes do clube, que esperam abrir negociações o mais rápido possível para garantir o ídolo para a próxima temporada. Caso não feche com o São Paulo, Kaká deverá pendurar as chuteiras.
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