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Os sete truques do pior Luxa, ao assumir o sofrido Cruzeiro

Vanderlei Luxemburgo apelou para sua velha retórica, aprendida no livro de 1995, Inteligência Emocional. Os truques ainda funcionam no futebol brasileiro. Ainda mais no Cruzeiro ameaçado pela Série C

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

Luxemburgo, no pior momento da carreira. Assim como o Cruzeiro nunca esteve tão mal
Luxemburgo, no pior momento da carreira. Assim como o Cruzeiro nunca esteve tão mal Luxemburgo, no pior momento da carreira. Assim como o Cruzeiro nunca esteve tão mal

São Paulo, Brasil

"Tem que colhão para estar aqui, para ser cobrado. Tem que ter coragem, entender o que estamos fazendo aqui. Luxemburgo veio passear? Não. Tanto que trouxe minha mudança toda. Isso que é comprometimento"

"Você tem que sentir o cheiro de grama. Cheiro de futebol. Se não sentir, você está fora do futebol

"Não temos condição de trazer jogador fisicamente, mas a contratação da mudança de ambiente, do comprometimento do clube com os profissionais é fundamental. Essa é a grande contratação que o Cruzeiro precisa fazer."

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"Não vou antecipar não. Mas vou fazer algo novo. Não tem essa coisa de esperar. Cada jogo do Cruzeiro é decisivo."

"Não me sinto desafiado. Fui campeão da Segunda Divisão com o Bragantino. Sei como funciona

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O livro Inteligência Emocional foi publicado em 1995. Foi escrito pelo jornalista científico e psicólogo norte-americano Daniel Goleman. Ele destrincha como as pessoas devem saber usar a emoção em todos os ambientes. Principalmente no trabalho.

Virou livro de cabeceira, desde então, de Vanderlei Luxemburgo da Silva.

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Há 26 anos ele apela para a mesma estratégia, que foi revolucionária no meio da década de 90.

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A elite do futebol mundial, a rejeitou, por estar dez anos ultrapassada. Quando pisou no Real Madrid foi logo rejeitado, visto como conceitos clichês de psicologia esportiva.

Mas aqui no Brasil, não.

Suas frases de efeito, repetidas à exaustão, há 26 anos, ainda impressionam.

Porque a psicologia esportiva é rejeitada. A começar pela Seleção Brasileira, que os jogadores não aceitam. "Não preciso de psicólogo. Não sou louco", já disse Neymar.

Logo na sua chegada no Cruzeiro, hoje pela manhã, ele usou cinco truques que aprendeu nos seus 41 anos de experiência como treinador.

Sim, aos 69 anos ele é o mais velho técnico da Série B.

E só assumiu o cargo porque Dorival Júnior e Tiago Nunes não aceitaram o emprego.

O compromisso vai até o final de 2022. Com direito a uma avaliação no final de 2021...

Dorival Júnior e Tiago Nunes recusaram o emprego que, desempregado, Luxa aceitou
Dorival Júnior e Tiago Nunes recusaram o emprego que, desempregado, Luxa aceitou Dorival Júnior e Tiago Nunes recusaram o emprego que, desempregado, Luxa aceitou

O primeiro truque e o mais fácil foi chamar toda a atenção à sua personalidade egocêntrica. Na sua terceira passagem pelo Cruzeiro, falou dele, posou como se ainda fosse o mesmo técnico de 2002, com trabalho incrível, responsável pela conquista da Tríplice Coroa.

Ele é o treinador com a porta fechadas nos grandes clubes da Série A. Estava largado desde fevereiro, quando o Vasco não quis seguir com ele na Segunda Divisão. Depois de Vanderlei trabalhar de graça em São Januário e encaminhar o rebaixamento.

Frases e palavras fortes, 'colhão', 'cheiro de grama', 'Luxemburgo não veio a passeio'. Fazem parte do teatro do treinador. Assim ele desviou o foco do terrível momento do Cruzeiro, mergulhado na zona do rebaixamento, na Segunda Divisão.

A segunda artimanha de Luxemburgo foi usar a analogia que não terá 'jogadores fisicamente'. Foi a melhor e mais criativa maneira de dizer que o Cruzeiro não buscará reforços por falta de dinheiro para pagar os calotes que fizeram a Fifa proibir o clube de contratar.

Terceiro artifício para os desatentos. Dizer que é 'preciso ter coragem para estar aqui'. Ele se autopromove no terrível momento que o Cruzeiro enfrenta, com mais de R$ 1 bilhão em dívidas. Só não diz que além da coragem, precisava estar desempregado, sem perspectivas na Série A para aceitar o clube que está na zona do rebaixamento na Segunda Divisão, namorando a Série C.

Luxemburgo ganhou a Série B. Mas há 32 anos. Muita coisa mudou. E ele sabe disso
Luxemburgo ganhou a Série B. Mas há 32 anos. Muita coisa mudou. E ele sabe disso Luxemburgo ganhou a Série B. Mas há 32 anos. Muita coisa mudou. E ele sabe disso

Quarto ação de Vanderlei baseada no livro Inteligência Emocional. Dizer que não se sente 'desafiado'. E lembrar que sabe como funciona a Série B. Destacar que foi campeão da Segunda Divisão pelo Bragantino.

Faltou completar que foi em 1989. Há 32 anos. A esmagadora maioria dos jogadores do Cruzeiro não havia nem nascido.

O quinto truque de Luxemburgo da Silva foi mais sutil. Ele dizer que não iria antecipar a escalação ou as mudanças que fará no time que enfrenta o Brusque. Basta analisar a sua coletiva com calma para entender que ele não conhece profundamente o time que irá assumir. Daí fugir de resposta com mais profundidade sobre o real potencial do fraco elenco cruzeirense.

A sexta artimanha foi defender a contratação de Ricardo Rocha como gerente de futebol. Ele sabe que o ex-zagueiro tetracampeão do mundo tem como principal característica unir elenco, passar confiança, tirar a tensão do ambiente onde trabalha. Além de ter uma visão diferenciada de futebol. Inclusive mais moderna que a do próprio Vanderlei.

O sétimo e definitivo truque foi não garantir, não se comprometer que o Cruzeiro retornará à Série A sob seu comando. Outra vez, ele apelou para a semântica, o discurso vazio. Dizendo que estudará os pontos que o clube precisa somar.

"Não quero pensar na zona do rebaixamento e nem no campeonato. Quero pensar no trabalho que vou fazer aqui. Quero pensar em pontos para buscar uma vaga, na pontuação para chegar à Primeira Divisão. Vamos pensar que o Cruzeiro vai mudar."

Discursou sobre o nada. 

Luxa foi demitido duas vezes do Cruzeiro. Em 2004 e 2015, em menos de três meses
Luxa foi demitido duas vezes do Cruzeiro. Em 2004 e 2015, em menos de três meses Luxa foi demitido duas vezes do Cruzeiro. Em 2004 e 2015, em menos de três meses

Luxemburgo levou como auxiliar o ex-jogador Mauricio Copertino e o preparador físico, seu velho companheiro, Antônio Melo.

Ele só aceitou trabalhar no Cruzeiro, que paga apenas parte do salário para vários atletas desde o início do ano, porque teve a garantia do mecenas do clube, Pedro Lourenço, dono da rede de supermercados BH, que o seu salário será pago religiosamente em dia.

Luxemburgo começou sua terceira passagem pela Toca da Raposa.

É um encontro marcante.

Do bicampeão da Libertadores em seu pior momento da história.

Com o pentacampeão brasileiro no pior momento da carreira.

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