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Mais caos no Calcio: o Bologna se envolve numa enorme estupidez.

De elenco dizimado pela Covid-19, a Federcalcio suspendeu o seu jogo contra a Inter. O clube, porém, enviou à FIGC uma súmula que oficializava a sua presença em campo. Agora, corre o risco de WO.

Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti

Simone Inzaghi, treinador da Inter, dia 6 de Janeiro, no estádio vazio do Bologna
Simone Inzaghi, treinador da Inter, dia 6 de Janeiro, no estádio vazio do Bologna Simone Inzaghi, treinador da Inter, dia 6 de Janeiro, no estádio vazio do Bologna

No dia 4 de Outubro de 2020, em seu Allianz Stadium, a Juventus deveria hospedar o Napoli, ou “Burro da Terra da Pizza”, pela terceira rodada do “Nazionale” do Calcio que terminararia em 2021. Impiedoso, um vírus batizado de SARS-Cov-2, ressurgente na Bota, impediu a porfia. Elmas e Zielinski, jogadores do Napoli, não passaram nos exames médicos então exigidos pela FIGC, a Federazione Italiana Giuoco Calcio, e pelo Governo. A ASL, Agenzia Sanitaria Locale de Nápoles, vetou a viagem. E o “Burro” não apareceu no Allianz. Aurelio De Laurentiis, o dono do clube, claro, exibiu todas as justificativas plausíveis. Eram, no entanto, tempos de normas incipientes em relação ao que se eternizou como Covid-19.

O Allianz da Juve, vazio, no jogo contra o Napoli, em Outubro de 2020
O Allianz da Juve, vazio, no jogo contra o Napoli, em Outubro de 2020 O Allianz da Juve, vazio, no jogo contra o Napoli, em Outubro de 2020

Vincenzo Spadafora, o ministro da Juventude e do Esporte, enfatizou: “Que se respeite o Protocolo”. E Gabriele Gravina, o presidente da Federalcio, decretou: “O culpado que pague”. Pois o “Burro” perdeu de 0 X 3 o cotejo que não houve e a Juve levou os três pontos pelo triunfo. Lógico, também, que o Napoli apelou ao “Giudice Sportivo, o magistrado que administra as questões legais do Calcio. No caso, um respeitado assessor do Conselho de Ministros da Itália, de nome Gerardo Mastrandrea. Sem sucesso, porém. Mesmo lastimoso pela situação involuntariamente desafortunada, O Dr. Mastrandrea seguiu o texto vigente à época. Confirmou os 0 X 3 e, implacável, outros idos, ainda tirou mais um ponto do “Burro”.

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O debate não se encerrou em Mastrandrea. A cada novo dia, mais e mais a Covid-19 enchia hospitais, tolhia vidas e, com escassíssimas exceções, comovia o planeta. ADL, o cartola-mor do Napoli, não esgotou os seus recursos. E o seu reclamo subiu de instância até atingir o pináculo, o Colégio de Garantia do Esporte, que teve a temperança e a sensatez de reverter a decisão do “Giudice”. Marcou-se um novo desafio, enfim realizado em 7 de Abril de 2021. A Juventus venceu, 2 X 1, e praticamente assegurou a sua vaga na Champions League. Muito melhor: se aprimorou o Protocolo, se concluiu que, em pandemia, não existe culpado além do vírus desde que se combata o vírus com uma vacinação integral, mesmo.

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No certame de 2021/2022 o Calcio vivia tanta tranqüilidade que se liberou o retorno do público aos estádios. Então, houve a “Sosta Natalìzia”, a interrupção das atividades nas festas de final de ano. Encerrada a jornada 19, a derradeira do primeiro turno do “Nazionale”, todos os 20 clubes da Série A liberaram os seus elencos até esta semana, nas vésperas da 20, programada para a quinta-feira, dia 6 de Janeiro. Festas? Bem, sucedeu que cerca de uma centena de jogadores, e mais duas dúzias de componentes de suas comissões técnicas retornaram da “Sosta” contaminados pela variante “Ômicron”, pela gripe “Influenza”, comum no Inverno da Europa, ou por ambas, acumuladas. Muito atentas aos riscos do contágio, automaticamente as ASLs regionais se esmeraram na aplicação dos testes cruciais e daí na inexorável determinação dos isolamentos e das quarentenas.

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A entrada da ASL de Salerno
A entrada da ASL de Salerno A entrada da ASL de Salerno

Foi num cenário caótico, repleto de tensões e incertezas que transcorreu a “giornata” 20, incompleta e bagunçada por ostentar apenas seis dos dez prélios planejados na sua tabela. Obvia e adequadamente muito mais tolerantes do que naqueles idos de 2020, as normas da FIGC e da Lega Calcio, a Liga dos Clubes, admitem que uma agremiação possa solicitar o adiamento de uma pugna caso não tenha ao menos 13 atletas liberados. Aceita que, na emergência, se preencham os elencos com jogadores das categorias de base. Ainda, no caso de uma notificação antecipada pelas ASLs, autoriza os adiamentos. Por essa razão, é bastante provável que três das pelejas não efetuadas na “giornata” 20 se desenvolvam em datas futuras: Atalanta X Torino, Fiorentina X Udinese, Salernitana X Venezia. Mas, e por que não participa dessa relação, precisamente, a porfia da líder do torneio, Bologna X Inter?

Um modelo da súmula oficial que cada clube coloca na Intranet do Calcio
Um modelo da súmula oficial que cada clube coloca na Intranet do Calcio Um modelo da súmula oficial que cada clube coloca na Intranet do Calcio

No caso, vírus à parte, existe um culpado, o Bologna. E não por causa de seus oito positivados. Em conseqüência, sim, de um erro primaríssimo, rastaquera, burro, da sua própria administração. Explicarei. No passado, os clubes em ação num combate apresentavam, ao árbitro, ou a um representante oficial, nos vestiários, a sua escalação, os nomes dos titulares, dos reservas, datas de nascimento, a sua inscrição na Federação etcetera e tal. Desde a década de 90 do Século XX, todavia, na Itália, o procedimento é eletrônico, via uma Intranet, uma rede através da qual os times se comunicam com a FIGC e com a Lega Calcio. Acredite, se quiser. No dia 5 de Janeiro, algum espertalhão às avessas da administração do Bologna postou na rede a sua súmula para o duelo contra a líder.

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Ayroldi, o árbitro de Bologna X Inter
Ayroldi, o árbitro de Bologna X Inter Ayroldi, o árbitro de Bologna X Inter

Subitamente perplexo, Giovanni Ayroldi, o árbitro designado para a pugna, acostumado à ideia de que pisaria no gramado do Renato Dall’Ara e então, depois de 45’ de mero “far niente”, apitaria o desfecho de um jogo que não haveria, tão logo cumpriu a sua tarefa, vislumbrou, no Dall’Ara, estádio, três cartolas do anfitrião: o supervisor Claudio Fenucci, seu assessor Marco Di Vaio e o secretário Luca Befani. Os três, até mais atônitos, mal se escusaram com uma desculpa em andrajos: a súmula não passaria de um rascunho remetido por engano. Talvez. Ayroldi, de todo modo, agiu impecavelmente e encaminhou o problema à FIGC. Ainda que por estupidez, o documento circulava em rede oficial. Ignorá-lo poderia significar inclusive uma contravenção. Não se meteria num enrosco idiota.

Fenucci, o presidente do Bologna
Fenucci, o presidente do Bologna Fenucci, o presidente do Bologna

Resumo da opereta tragicômica: ao expor a sua súmula o Bologna informou que aceitava disputar sua porfia com a Inter, independentemente dos problemas acarretados pela Covid-19. No documento se liam os nomes dos jogadores aptos ao desafio. Teoricamente, sempre teoricamente, se comprometia a jogar. E então não se apresentou ao jogo. Simples. Um caso clássico de WO. Interessada em ganhar os pontos, inclusive sem suar a camisa, a Inter, até agora, não se manifestou. Uma manifestação de elegância. Cabe ao Bologna espernear, descobrir o imbecil que publicou o documento na Intranet, quem sabe atirá-lo aos leões e ao desemprego. E evidentemente, a menos que a diplomacia predomine e produza um acordo bem rápido, a FIGC não terá alternativa além de impor o 0 X 3, entregar os pontos à Inter, e despejar esse melodrama no colo de Mastrandrea. De resto, na próxima quarta-feira, dia 12, o Governo, a FIGC e a Liga se reunirão para a produção de um novo Protocolo de conduta, especificamente adaptado às peculiares circunstâncias atuais.

Uma imagem ilustrativa do caos
Uma imagem ilustrativa do caos Uma imagem ilustrativa do caos

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