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As deliciosas memórias do grande repórter Zé Maria de Aquino

Num passeio através de 55 anos de carreira em jornal, revista e televisão, ele diverte pelo texto maroto e emociona quando é preciso comover.

Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti

Detalhe da capa do livro
Detalhe da capa do livro Detalhe da capa do livro

Iniciante no ofício do Jornalismo, um “foca” sonha com a possibilidade de um dia trabalhar ao lado de seus ídolos na profissão. Em 1970, quando Mino Carta me designou para escoltar o experiente Tim Teixeira na cobertura, pela “Veja”, da Copa do México, já exibia no currículo meia-dúzia de reportagens de capa mas na “Internacional”, da Guerra do Vietnam à eleição de Richard Nixon como o 37º Presidente dos Estados Unidos. No Esporte eu faria a minha estréia, então agregado à equipe de “Placar” que já ostentava astros do brilho de Zé Maria de Aquino, Michel Laurence e, incrível, um convidado especial, ele, Aymoré Moreira, o "Biscoito", o treinador da seleção bicampeã em 1962.

Michel Laurence e o Zé, em 1969
Michel Laurence e o Zé, em 1969 Michel Laurence e o Zé, em 1969

Eu lia o Zé e o Michel desde 1965, no “Jornal da Tarde” dirigido pelo mesmo Mino. E havia vibrado quando, em 1969, o Zé e o Michel conquistaram o precioso “Prêmio Esso de Reportagem”. A admiração à parte, entretanto, a Copa de 70 me propiciou uma gostosa amizade que, com o Michel, só terminou na sua partida, em 2014, e com o Zé ainda subsiste, bem viva, até hoje. Com o Zé, e com o Aymoré, inclusive, partilhei um apartamento no vetusto Hotel Morales de Guadalajara. Lógico que aprendi muito com ambos e, agora, não fosse pelo prazer de rememorar aqueles idos, ao devorar de um só golpe “Minha Vida de Repórter”, o livro delicioso de crônicas memoriais que o Zé acaba de lançar, também tive o privilégio de admirar uma incrível coleção de histórias de 55 anos de batalha. Devorei de um golpe, numa noite.

Com Pelé
Com Pelé Com Pelé

O Zé trafega com uma naturalidade exemplar através dos universos de figuras acima do bem e do mal como o Rei Pelé e como o mago Jorge Lobo Zagallo. Provoca o riso, eventualmente a gargalhada, pelo seu texto maroto – o Zé escreve quase como fala. Por exemplo, a noitada em que pretendeu pagar um jantar do Rei e de seu séquito em plena Nova York. Mas também emociona, como no caso do pai de um piloto de corrida que lhe propôs um brinde para favorecer o rapaz na TV Globo. Claro que não topou o mimo. Mas sorteou o brinde, um pacotinho de grana, que acabou por aquinhoar quem precisava de um relógio novo. Quando mereceu, o piloto enfim ganhou a reportagem.

Com Zagallo
Com Zagallo Com Zagallo

Apenas sou compelido a duas corrigendas num capítulo do qual sou o personagem involuntário. Aquele da minha cueca verde, a cueca da sorte na Copa de 70. Na verdade, eu não levara tal peça essencial ao Altiplano por ser, uma provocação do Zé, um torcedor do Palmeiras. Com todo o meu respeito pelo “Verdão”, sou corintiano. E também não gritei para que parassem o carro que nos conduzia ao Estádio Azteca, para a peleja final, apenas para verificar se portava a indigitada roupa íntima ou havia envergado uma outra, parecida. Impossível, porque eu teria berrado comigo mesmo, pois era exatamente o motorista daquela data. Mais: o Zé garante que o Michel me esculhambou porque, se voltássemos ao hotel, nos atrasaríamos para o jogo. O Michel nem no veículo estava. Eu quis retornar porque o esqueci no hotel e apenas não levei uma tunda do veterano porque o Brasil abiscoitou a taça do Tri.

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Com Nelson Nunes
Com Nelson Nunes Com Nelson Nunes

MINHA VIDA DE REPÓRTER, de José Maria de Aquino, organização de Nelson Nunes. Editora Letras do Brasil (www.letrasdobrasil.com.br), 368 páginas. Preço: R$ 59,00. O Zé descreve o episódio da cueca nas páginas 120 e 121. De palmeirense, aliás, a peça apenas tinha a peculiaridade de se tratar de um presente do meu mano Gigio, parte de um conjunto amarelo, azul e branco.

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