Xingar Eurico morto. Repúdio à homenagem. Vergonha dos radicais
Coro de palavrão contra o falecido Eurico Miranda. Repúdio de conselheiros à homenagem a meninos mortos. Atitudes constrangedoras
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
A intolerância não é privilégio de nenhum lado.
Principalmente no futebol.
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A maior rivalidade entre os clubes do Rio de Janeiro provocou situações constrangedoras, lamentáveis.
Quando houve o terrível incêndio no Ninho do Urubu, matando dez meninos da base do Flamengo, a comoção tomou conta do país.
Garotos vitimados sufocados ou queimados por conta de um dormitório improvisado em contêineres.
Com apenas uma saída, foi impossível todos conseguirem sair da concentração.
Morreram em um CT que deveria estar fechado por não estar completamente liberado pelos bombeiros.
Entre as inúmeras demonstrações de pesar, a diretoria do Vasco, presidida por Alexandre Campelo, decidiu uma homenagem que mereceu todos os elogios.
Estampou uma pequena bandeira do Flamengo no sua camisa e ainda estampou a frase "Em frente, juntos". E foi com essa camiseta que seu time venceu a semifinal da Taça Guanabara diante do Resende.
Antes do jogo, a imensa maioria da torcida vascaína aplaudiu o gesto, a homenagem.
Entendeu que um rival não vive sem o outro.
E que a morte de dez meninos merecia a atitude simbólica, de solidariedade.
Veja mais: Ferj lamenta morte de Eurico Miranda e decreta luto de 3 dias
Só que uma parte do clube ficou revoltada.
No dia seguinte ao jogo, 102 conselheiros tiveram a coragem de publicar uma carta de repúdio à atitude.
"NOTA DE REPÚDIO
"Os membros do Conselho Deliberativo abaixo mencionados repudiam de forma veemente a colocação da bandeira de um outro clube na sagrada e centenária camisa vascaína.
Veja mais: Vasco lamenta morte de Eurico, decreta luto e cancela atividades
A irrestrita solidariedade às vítimas da tragédia, que atingiu tantos jovens talentos, não pode servir de pretexto a gestos demagógicos, que atentam contra nossas tradições e ferem frontalmente o estatuto do clube."
Entre os 19 beneméritos, um nome chamou a atenção.
Eurico Angelo B. de Oliveira Miranda Filho.
O filho de Eurico Miranda.
Pelas redes sociais, a maioria da torcida vascaína ficou contra a atitude desses conselheiros.
Colocar o peso de repúdio na homenagem.
Era o dia 15 de janeiro.
O tempo passou e Eurico Miranda morreu no dia 12 de março, terça-feira.
Na noite quarta-feira, o Flamengo enfrentou e ganhou da LDU no Maracanã.
A torcida bateu o recorde de público no Brasil em 2019.
52 mil pessoas.
Ao final do confronto da Libertadores, vitória rubro negra por 3 a 1.
Uma pequena parte da torcida resolve cantar um triste coro.
Que nada tem a ver com o resultado importantíssimo.
Veja mais: Clubes manifestam pesar pela morte de Eurico; veja a repercussão
As vozes radicais e cruéis começam a entoar.
"Eurico, vai tomar no ...
"Eurico, vai tomar no..."
A rivalidade, a eterna disputa com ironia, provocações e até xingamentos, é comprensível entre os dois maiores clubes de um estado.
Mas a falta de respeito na morte, não.
A ausência de solidariedade é imperdoável.
Essa minoria precisa ser repelida.
Não representam as duas instituições.
Clube de Regatas Vasco da Gama...
E Clube de Regatas do Flamengo estão muito além.
Essas pessoas representam o radicalismo.
O desrespeito à vida...
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