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Willian brilha. E Conte caminha para a demissão

No empate entre Chelsea e Barcelona. O brasileiro mostrou que merece ser titular da Seleção. E que os ingleses não suportam mais o treinador italiano

Cosme Rímoli|Cosme Rímoli

"Olha, tem muita gente que diz que o time está definido.

"Mas preste atenção.

"O Willian está pedindo passagem há muito tempo.

"Pedindo, não, exigindo passagem.

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"Se ele for titular na Copa não tem de ser surpresa para ninguém."

Frases do próprio Tite que confirmam o quanto ele confia no meia atacante do Chelsea.

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E se não fosse pelo brasileiro, o italiano Antonio Conte teria sua saída mais do que garantida do futebol inglês. Seu bilionário time capenga na Premier League. Está em quarto, acompanhando de binóculos o líder Manchester City, com incríveis 19 pontos de vantagem. E acossado pelo Tottenham, que tem apenas um ponto de desvantagem para tirar sua vaga para a próxima Champions League.

Fora a campanha da imprensa inglesa para a saída do treinador, considerado defensivista demais, medroso. 

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O reviravolta para Conte passava pelo traidor sorteio das oitavas-de-final da Champions League 2017/2018. O que era ruim, ter pela frente o poderosíssimo Barcelona de Messi, poderia ser a resposta que o italiano buscava. Se conseguisse deixar o favorito espanhol pelo caminho.

O grande passo estava marcado para hoje, em Londres.

Ele segue apaixonado pelo catenaccio, que significa 'porta trancada'. É uma adaptação italiana para o ferrolho suíço, desenvolvido pelo austríaco Karl Rappan no Grasshopers e mais tarde da Seleção Suíça, na década de 30. E considerado por muitos uma maldição que trava o futebol na Itália até hoje. Influenciando até no vexame de não conseguir participar da Copa da Rússia.

Lógico que o esquema que era defensivo em 1930 e 1940 sofreu adaptações. Imperou principalmente nas décadas de 60, 70, 80 e 90. Levando a Squadra Azzurra ao título Mundial em 1982, ao vice em 1970 e 1994 e, ao terceiro lugar, em 1990.

Na Juventus, Conte levou o time a tricampeonato italiano. Com uma fortíssima marcação e contragolpes velozes, com atacantes sem posição fixa. Assumiu a seleção do seu país. Fez uma digna Eurocopa. A eliminação veio diante da Alemanha, nos pênaltis, nas quartas de final. Nas Eliminatórias, a equipe já não caminhava bem. E percebendo o que poderia acontecer, o vexame de estar fora da Copa, Conte aceitou correndo a proposta milionária do Chelsea.

Chegou em 2016 e conquistou a Premier League de 2016/2017. Ótima compensação para a equipe que havia ficado apenas em décimo lugar no Campeonato Inglês passado e não conseguido vaga para a Champions ou sequer a Liga Europa.

Mas veio 2018 e a pressão para a saída de Conte é enorme. Por sua paixão pelo sistema defensivo. O nome de Luis Enrique, ex-comandante do Barcelona, já é citado como seu substituto. Basta acabar a participação do Chelsea na Champions e na Premier League.

Nem diante desse quadro, Conte resolveu abrir mão da sua maneira de enxergar futebol. Mesmo com o apoio apaixonado de sua torcida, ele não abriu mão dos seus três zagueiros. Travou seus dois laterais. Segurou seus volantes e meias. Intoxicou a sua intermediária de jogadores. 

Deu a posse de bola para o Barcelona. Os catalães chegaram ao absurdo de ficarem 75% do jogo trocando passes, buscando furar os muros que defendiam a meta de Courtois. Conte contou com a colaboração de Ernesto Valverde. Ele resolveu adaptar Paulinho na direita, aberto, como se fosse um ponta. Rakitic também seguia aberto, do outro lado. Valverde conseguiu envenenar o futebol da dupla. Messi não conseguia sequer respirar. Diante de tantas pernas adversárias. Principalmente de Kanté.

Os contragolpes em velocidade sonhados por Conte chegaram, invariavelmente, nos pés de Willian. E o brasileiro está vivendo a sua melhor fase da carreira. Com confiança, personalidade e sem medo de chutar, defeito que muitas vezes o travou. Em estocadas perfeitas, o 12º jogador de Tite acertou duas vezes as traves de Ter Stegen.

No terceiro chute, foi fatal, milimétrico. Gol importantíssimo para o Chelsea. Daí a comemoração, a empolgação desmedida de Conte, aos 16 minutos do segundo tempo. Ir para a Espanha vencendo por 1 a 0 iria trazer sérios problemas para Valverde.

Valverde após o gol tirou Paulinho, inútil aberto na direita, e colocou Aleix Vidal. E adiantou de vez seu time. A briga solitária de Suárez era algo impressionante. Messi seguia tentando se livrar do batalhão azul à sua frente.

O time inglês ganhava confiança. Sabia que não havia espaço para o Barcelona seguir. Até que uma bobagem inominável sabotou Conte. O dinamarquês Christensen resolveu sair jogando. E atravessou uma bola dominada da esquerda para a entrada da área. Passe curto. Iniesta dominou a bola, colocou todo o seu talento e experiência à prova. Invadiu a área e não procurou o sedente Suárez. Tocou atrás, onde sabia, de olhos fechados, que estaria Messi. O argentino diante de Courtois não teve piedade. Quebrou seu jejum contra o Chelsea. 1 a 1.

Messi e Iniesta. O talento foi letal diante do erro infantil de Christensen
Messi e Iniesta. O talento foi letal diante do erro infantil de Christensen Messi e Iniesta. O talento foi letal diante do erro infantil de Christensen

Aos 29 minutos do segundo tempo, o jogo acabou para o Chelsea. O golpe foi sentido demais. Conte era a imagem do descontrole, do desânimo. Sabia que seria quase impossível sobreviver ao Barcelona, na Espanha. Com seu comandante abatido, os jogadores do time inglês trataram ao menos de segurar o empate.

Conte saiu frustrado do jogo.

Sabe que seu plano foi sabotado por um erro de passe.

Tem a consciência que o emprego está por um fio.

A esperança esta em ser zebra, mesmo com o elenco milionário.

E roubar a vaga do Barcelona no dia 14 de março. 

Mas no fundo, talvez, nem ele acredite na façanha.

O melhor seja mesmo pensar na volta à Itália.

Onde seu catenaccio ainda é aceito.

E Willian pode se animar.

Sonhar de verdade com a vaga de Renato Augusto...

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