"Tite, a recusa do Vinícius Júnior de disputar o Mundial sub-17 tirou toda a chance de disputar a Copa?"
"Não. De jeito nenhum."
"Mas faltam três meses apenas para a convocação final. Dá tempo para o Vinícius Júnior?"
"Ele é um jogador especial. Dá tempo. Ele está na nossa lista de observação."
Esse diálogo eu tive com o treinador da Seleção Brasileira, há três semanas, na sede da CBF.
O Real Madrid pagou R$ 164 milhões pelo atacante. Ele é a principal aposta da Nike no Brasil. Tem contrato milionário com fabricante de material esportivo.
Ao contrário do que acontecia com Reinaldo Rueda, muito mais comedido, Paulo César Carpegiani tem dado mais espaço ao garoto de 17 anos. E não é por acaso que começa a se destacar, se firmar entre os profissionais.
"Não é fácil. É tudo diferente no profissional. Mas estou me adaptando bem. Tenho todo o apoio dos meus companheiros e do professor Carpegiani. Quero me firmar no Flamengo antes de ir para o Real Madrid", diz o garoto.
Só que seu futebol diferenciado não está sendo acompanhado de perto pelo dono dos seus direitos. Como Tite deixou claro, a Comissão Técnica da Seleção segue fazendo relatórios sobre jogadores com chances reais de ir para a Rússia.
Vinícius Júnior fará 18 anos em julho.
É comum um jogador com talento especial, e muito jovem, ser convocado para compor o grupo da Seleção em um Mundial. Para ganhar experiência e até, eventualmente, entrar no time, como um reserva com potencial.
Tite segue indeciso em relação ao reserva de Gabriel Jesus. Ele é o titular absoluto do treinador. Mas Roberto Firmino, Diego Souza, Taison e outros menos testados, como Diego Tardelli, não têm agradado completamente o técnico. Nem a Comissão Técnica como um todo.
O tempo é o grande inimigo do flamenguista.
A lista final para a Copa será precisa ser anunciada até o dia 14 de maio.
Embora não declare publicamente, para não criar expectativa, Vinícius Júnior sonha.
Adoraria fazer o papel de Ronaldo na Copa de 1994 e de Kaká em 2002. Estar no grupo que vai para a Rússia seria um grande presente. Ainda muito distante, mas não irreal.
No Corinthians se sabia: Tite não gostava de trabalhar com garotos.
Mas teve de abrir exceção na Seleção.
Com Gabriel Jesus, por exemplo.
E jogando cada vez melhor, como ontem contra o Botafogo, Vinícius Júnior corre atrás. Tenta reverter uma situação que parecia perdida. Tem, na prática, três meses para o milagre.
"Ele é um jogador especial. Dá tempo. Ele está na nossa lista de observação."
A resposta é do próprio Tite.
Situação mais importante do que qualquer chororô...
