Diego Aguirre não acreditou no que viu. Seu time pressionou e perdeu
Divulgação/Atlético MineiroSão Paulo, Brasil
Durou seis rodadas a liderança do São Paulo no Brasileiro. O time de Diego Aguirre lutou, pressionou, encurralou o Atlético Mineiro. O fez se defender como uma equipe pequena.
Mas o gol contra de Régis, aos oito minutos do primeiro tempo, custou a dolorida derrota por 1 a 0, no Independência, em Belo Horizonte.
O resultado injustico foi um castigo que custou ver o Internacional tomar o primeiro lugar na tabela de classificação.
Depois de oito partidas, o São Paulo voltou a sentir o amargo gosto de uma derrota.
O time de Aguirre pagou pelos pontos que vinha desperdiçando no segundo turno. Como no empate contra o Fluminense, em pleno Morumbi. Ou contra o lanterna Paraná Clube.
Além disso, a irresponsabilidade de Diego Souza no domingo pesou. O atacante fez muita falta hoje em Minas Gerais, quando o time paulista pressionou, mas faltou talento na hora da finalização.
Além disso, os palavrões e a pressão de Diego Lugano sobre o árbitro Dewson Freitas seguiram tendo eco. Acabaram por prejudicar os nervos dos jogadores. Eles não se conformaram, transformaram a concentração em raiva, quando o juiz Anderson Daronco, acertadamente, não marcou pênalti quando um cruzamento foi desviado por Ricardo Oliveira e a bola tocou no braço de Leonardo Silva.
Lugano deixou a mensagem no inconsciente coletivo dos atletas são paulinos que os árbitros os perseguem.
Pura bobagem.
E que eles acreditam piamente.
"A sensação é de que fomos prejudicados pela arbitragem. De novo. Teve pênalti, ele tinha que dar. Mas é melhor deixar para os nossos dirigentes falaraem sobre isso. Foi nítido que merecíamos vencer. Se o pênalti fosse marcado, tudo seria diferente", desabafava Reinaldo.
São esses detalhes que fazem um campeão.
Ou não.
Aguirre tem todos os motivos para lamentar. Mesmo sem Diego Souza, Arboleda, Everton e Bruno Peres, a proposta do São Paulo foi muito corajosa. O treinador uruguaio não queria perder a liderança do Brasileiro de jeito nenhum. Ele foi treinador do Atlético em 2016. E sabia muito bem usar o alcapão do Independência a seu favor. Não deixar que a vibrante torcida mineira empurrasse seu time.
A saída estava em o São Paulo jogar como se estivesse em casa. Com marcação forte na intermediária atleticana. Sufocar a equipe de Thiago Larghi. Obrigar a dar chutões para a frente. A troca de passes do rival estava proibida.
Com Reinaldo outra vez improvisado na frente, pela esquerda, tinha a volta do cerebral Nenê. Jucilei ao lado de Hudson dava mais consistência para travar contragolpes atleticanos. Na frente, Rojas e Trellez era a certeza de velocidade, dedicação, vontade de vencer.
Régis e Edimar estavam liberados para apoiar pelas laterais.
A postura surpreendeu os atleticanos.
Como Ricardo Oliveira destacou ao final do jogo, o time entrou em campo para recuperar a autoestima. Vencer o líder do Brasileiro seria excelente para a equipe que disputa o Brasileiro aos trancos e barrancos. Se deixa levar pela instabilidade.
Mas a sorte foi cruel com o São Paulo. Em uma das raras oportunidades que o Atlético Mineiro teve durante todo o jogo, o gol que decidiu a partida. Galdezani cruzou para a cabeçada forte de Ricardo Oliveira. O criticado Sidão fez excelente defesa, a bola tocou na trave e na volta foi em cima de Régis. Faltou reflexo para o lateral que tocou errado para as próprias redes.
Aos oito minutos, o Atlético Mineiro saiu na frente.
1 a 0.
O gol fez com que o time paulista se lançasse ainda mais à frente. Com vontade, compactação, velocidade. Aguirre havia feito bem seu trabalho. Todos sabiam como se comportar no Independência. Mas havia falhas. O time conseguia construir jogadas ofensivas, perigosas, mas falhava na hora do arremate.
Larghi sabia que se contivesse Nenê, o São Paulo se ressentiria. A troca de passes, os lançamentos, os cruzamentos não seriam tão perfeitos. E ele foi o jogador perseguido por Adilson e Galdezani. Quem estivesse mais perto deveria travar, como pudesse, o habilidoso meia são paulino.
Muito volume, faltou objetividade. Victor não correu tantos riscos
São Paulo FCAlém disso, outra vez, Edmar não conseguia jogar bem. Fazia com que Reinaldo tivesse de voltar muito para marcar. Estava morta a surpresa que Aguirre montou para o Atlético Mineiro. Reinaldo na frente, como contra o Fluminense.
Mesmo assim, o São Paulo seguia voluntarioso, vibrante, guerreiro. Bem ao contrário das últimas temporadas, quando sofria um gol e se abatia. Mas faltava qualidade na frente.
A outra chance clara de gol do Atlético Mineiro veio aos 34 minutos, quando um chutão de Leonardo Silva chegou aos pés de Luan, que cruzou, buscando Ricardo Oliveira. O goleiro Sidão interceptou a bola mas, inexplicavelmente, a largou. O atacante ajeitou para Tomás Andrade chutar. Mas o arremate saiu afobado, longe do gol do São Paulo.
No intervalo, Aguirre corrigiu seu erro. Colocou Liziero. Saiu Edmar. Com isso, Reinaldo voltou para a lateral. O time ficou com seu meio de campo com pressão na saída de bola atleticana.
O time lutou, mas faltou consciência, confiança. Sobrou correria e uso de poucos neurônios. Era como se a equipe quisesse resolver o jogo na força. Fora outra grande atuação de Victor, seguro nos cruzamentos e nos raros chutes com direção ao gol pelo São Paulo.
Os paulistas exerciam uma pressão tática impressionante. Não se deixavam desanimar pelo caldeirão que a torcida atleticana deixava o Independência.
E aos seis minutos, o lance que perturbou os nervos dos são paulinos. Nenê cobrou falta, Reinaldo já entrou empurrando a zaga, a bola bateu no corpo de Ricardo Oliveira que estava a menos de um metro de Leonardo Silva. O desviou foi em cima do braço do beque. Lance normal, involuntário. Não foi pênalti.
Mas os são paulinos, convencidos por Lugano que os juízes estão contra o time, ficaram reclamando, lamentando, cobrando Anderson Daronco. Perdendo o foco. O que foi ótimo para os atleticanos.
Na mais perigosa chance do São Paulo, Tréllez, mesmo marcado, conseguiu virar para o gol. Victor acabou com alegria do atacante colombiano e fez grande defesa, aos 13 minutos. O time seguiu com a marcação por pressão, travando a saída de bola mineira. Teve volume, mas insistiu em cruzamentos, o que só facilitou a vida do excelente Victor.
Derrota amarga, injusta, cruel.
A festa do veterano Ricardo Oliveira. Vitória para levantar a autoestima atleticana
Atlético MineiroQue tirou o clube do primeiro lugar no Brasileiro.
"Não fiquei satisfeito com o resultado, mas tenho que ser justo com os jogadores. Eu parabenizei eles, porque me senti identificado, orgulhoso do que eles estavam fazendo. Perdemos, mas jogamos bem. No futebol você tem que fazer gols e hoje não fizemos, então a justiça é relativa, mas nós fizemos um bom jogo.
"Dói, porque é um privilégio estar ali em cima. Tentaremos ganhar os próximos jogos para recuperar essa posição. Mas repito que, jogando como jogamos hoje, acho que o time vai ser protagonista até o fim.
"Com respeito ao pênalti, foi um pênalti claro que o juiz não deu. Única coisa que tenho para falar", lamentava Diego Aguirre.
Certo na visão do jogo.
Mas errado no lance capital da partida...
O Atlético Mineiro comemorou muito o gol contra de Régis. Vitória para dar moral
Dudu Macedo /Fotoarena/Folhapress - 05.09.2018Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.