Renato e Felipão. O grande duelo nas quartas da Copa do Brasil. Flamengo e Grêmio
LUCAS UEBEL / Grrêmio FBPASão Paulo, Brasil
O destino foi irônico, cruel.
Depois de apenas 27 dias, o sorteio das quartas-de-final da Copa do Brasil colocou frente a frente Renato Gaúcho contra o Grêmio.
O maior ídolo da história do clube gaúcho, com direito a uma estátua em frente ao estádio gremista, teve de sair pela porta dos fundos. Após quatro anos e sete meses, uma Libertadores, uma Copa do Brasil e três gaúchos conquistados.
No dia 14 de abril, o Grêmio foi eliminado da pré-Libertadores. Renato Gaúcho estava em isolamento, com Covid, Alexandre Mendes comandou o time que foi eliminado, em plena Porto Alegre, pelo Independiente del Valle.
Justo quando o presidente Romildo Bolzan iria partir para cumprir a promessa e contratar uma equipe de mais de R$ 100 milhões para a Libertadores, como Renato implorava. Douglas Costa seria apenas só o primeiro a chegar.
O desgaste de Renato Gaúcho era enorme com alguns dirigentes, que consideravam o treinador muito independente, sem respeitar a hierarquia, como desprezar o Brasileiro, sem pedir a autorização de ninguém, escalar reservas. Sem se importar que o sonho dos dirigentes era conquistar 'tudo', mas o treinador sabia da limitação até númerica de atletas. Esse impasse pesou para provocações, reclamações nos bastidores do Olímpico, revelam jornalistas do Rio Grande do Sul.
Renato 'pediu' demissão. Tiago Nunes foi uma desilusão constrangedora. Aos 72 anos, voltou Felipão. Como se fosse uma briga particular entre ele e Gaúcho, para ver quem comanda mais vezes o Grêmio. Scolari está na sua quarta passagem.
Felipão foi contratado no dia 7 de julho, três dias antes de Renato assinar, de chinelo de dedos, já que estava na praia, compromisso com o Flamengo.
Renato revolucionou o indeciso time rubro negro nas mãos de Rogério Ceni. Se transformou na equipe mais devastadora do país. Desde que assumiu, só vitórias. Na Gávea poupa quando tem ordem da diretoria. E a situação, como ontem, em Natal, é raríssima. Porque o Flamengo havia vencido por 6 a 0 o ABC, é que foi com os reservas, vencer novamente, por 1 a 0. Com direito a Renato ironizar, dizer que comandou o time 'por celular'. Na verdade, foi Alexandre Mendes, com as orientações de Gaúcho.
O Grêmio de Felipão, mas com 85% dos jogadores dos tempos de Renato Gaúcho, segue atolado na zona do rebaixamento no Brasileiro. Mas está fazendo ótima campanha na Copa do Brasil.
Os dois se enfrentarão em um duelo com direito a apenas um sobrevivente. Com a primeira partida acontecendo em Porto Alegre. E a decisiva no Rio de Janeiro.
E não tem como não levar ao extremo esse duelo.
Renato Gaúcho quer mostrar o quanto o clube que mudou sua vida foi injusto. Mais especificamente a atual diretoria.
E Felipão precisa vitórias para motivar o elenco que está muito pressionado, temendo até o rebaixamento no Brasileiro, tamanha a falta de confiança.
Nada melhor para Scolari derrotar o melhor elenco do país. Ainda mais comandado pelo técnico que a maior parte do seu elenco adora, admira.
Não haverá espaço para saudosismo, homenagens.
Será o mais brutal confronto das quartas.
Fernando Diniz já treinou o Athletico em 2018. Não deixou saudades em Curitiba
Ivan Storti/SantosO sobrevivente enfrentará quem sobrar de Atlhetico Paranaense e Santos. Com favoritismo para o clube de Curitiba. O português Antônio Oliveira conseguiu montar uma equipe vibrante, intensa, como é de gosto dos paranaenses. Com um elenco competitivo.
Já o Santos, de Fernando, Diniz é muito fraco. Com jogadores jovens lançados por pura falta de dinheiro. O time paulista é franco atirador. Jogará as duas partidas sem responsabilidade maior.
Pensa na Copa Sul-Americana, no possível duelo, das quartas, contra o Libertad. Diniz está enfrentando dificuldades muito maiores que sonhava.
O Atlhetico segue em sexto lugar no Brasileiro, sonhando com a Libertadores em 2022. O foco no ano é a Copa Sul-Americana, com adversários mais fáceis. Terá pela frente a LDU, nas quartas-de-final.
A Copa do Brasil será disputada com toda a vibração. Mas, depois do Santos, a situação ficará complicada.
Do outro lado, o São Paulo, de Hernán Crespo, enfrenta o Fortaleza, de Juan Pablo Vojvoda. Será o duelo de dois argentinos dispostos a crescerem no futebol. E que escolheram o Brasil como trampolim.
A equipe de Crespo é uma incógnita. Depois da conquista do Paulista, os atletas ficaram aliviados com o fim do jejum de títulos de nove anos. Além do desgaste físico, que já atingiu mais de dez jogadores contundidos, desde o fim do Estadual, e 21, desde que Crespo chegou, há o foco natural na Libertadores.
No Brasileiro, a zona de rebaixamento por uma série de erros. Principalmente menosprezar adversários.
Crespo está incomodado com o fraco futebol do São Paulo após a conquista do Paulista
Rubens Chiri/São PauloA Copa do Brasil, competição que o clube jamais venceu, é vista como uma grande oportunidade de ganhar dinheiro, já que a passagem de fase é muito bem recompensada.
O Fortaleza segue fazendo história no Brasileiro. Está em terceiro lugar, se impondo contra adversários improváveis, caminhando firme para a Libertadores. A Copa do Brasil pode ser muito boa ou péssima para o time. Por conta das sequelas contra o São Paulo. O time cearense tem todas as condições de sair com a classificação.
Quem se classificar terá pela frente o Atlético Mineiro ou o Fluminense. Com os mecenas gastando mais de R$ 180 milhões, o time de Belo Horizonte vive momentos de altos e baixos com Cuca. Muitas vezes dependendo do talento individual de seus jogadores e não do conjunto, que o treinador ainda não conseguiu montar.
Luta para vencer o Brasileiro, está a um ponto do líder Palmeiras. E na Libertadores terá o River Plate pela frente, nas quartas. A pressão é enorme para pelo menos uma conquista. E a Copa do Brasil se mostra mais fácil.
O Fluminense, de Roger Machado, é exatamente ao contrário.
Não há pressão para vencer. O que vier é lucro, diante das dívidas. O que não pode acontecer é o rebaixamento no Brasileiro. O time está na 12ª colocação.
Tem ótimo futebol coletivo. O problema está nas individualidades. Equipe com jogadores muito velhos, ocupando posições importantes, fundamentais. E peca quando precisa de força física, explosção. É uma equipe que luta muito, só que o desgaste sempre surge no segundo tempo.
Mas o sonho é a Libertadores.
Terá pela frente o Barcelona de Guayaquil, nas quartas. Chegar à semifinal e ter pela frente Flamengo ou Olimpia já muda tudo de figura.
O Atlético Mineiro de Hulk é o favorito.
Hulk é a grande estrela do time de R$ 180 milhões. Atlético favorito contra o Fluminense
Pedro Souza/AtléticoO destino caprichou no sorteio das quartas da Copa do Brasil.
O torneio ficou muito interessante.
A começar pelo duelo entre Renato Gaúcho e Felipão...
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