São Paulo, Brasil
59 cruzamentos.
Contra o fraquíssimo La Guaira, da Venezuela.
Demonstração vergonhosa de falta de repertório tático.
O time de R$ 180 milhões tem missões importantíssimas.
Foi montado para competir com Flamengo e Palmeiras.
Ganhar o Brasileiro, título que o clube não conquista há 50 anos.
Ou, melhor ainda, a Libertadores, vencida já há oito anos.
Para ainda ser o grande motivador para atrair sócios-torcedores.
Mais patrocinadores para a arena de R$ 560 milhões, que será inaugurada em 2022.
Rubens Menin não é mecenas à toa do Atlético Mineiro.
A revista Forbes revela que seu patrimônio é de R$ 12,2 bilhões.
Aos 65 anos, ele quer deixar o clube com um estádio digno de sua torcida.
Mas recebendo de volta o dinheiro que emprestou ao clube, cerca de R$ 500 milhões, de acordo com a imprensa mineira.
Para isso, o clube precisa dobrar o seu faturamento, assim que a pandemia passar.
Pular de R$ 300 milhões por ano, para R$ 600 milhões.
E, em um clube de futebol no Brasil, como diz o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, que por anos foi o braço direito de Eike Baptista, só "ganhando tudo".
Para o bilionário Menin, a saída é comprar.
Ele quer comprar mais um 'beque' e um 'nove', além dos R$ 180 milhões gastos no Atlético.
Nacho Fernández, que era o cérebro do River Plate, perdido no Atlético Mineiro
ConmebolRubens Menin pode entender de construção, mas de futebol segue agindo como um mero torcedor de arquibancada, com muito, mas muito dinheiro.
Não adianta comprar um punhado de jogadores caros e levar para a Cidade do Galo.
90% do atual elenco foi projetado por Jorge Sampaoli, que pensa futebol muito diferente do que Cuca.
A agressivdade na marcação, a velocidade, a intensidade, a troca de posição, a posse de bola, as triangulações. O encurtamento do campo.
O conceito de futebol do argentino é calcado no futebol absolutamente ofensivo.
Já Cuca preza pela segurança, pela marcação forte a partir da sua intermediária, as bolas longas para os atacantes abertos. Seu time é mais espaçado. Os ataques com poucos toques, muitos cruzamentos para a área adversária. Briga pelo alto contra os zagueiros adversários, pela primeira bola ou pela sobra.
Seu esquema excessivamente de bolas aéreas não foi cruelmente batizado de "Cucabol", à toa.
Nacho Fernández, Alan Franco, Zaracho, Savarino, Vargas, Hulk, Sasha, Keno não são jogadores que se encaixam no esquema de Cuca.
O treinador precisa ceder e se adaptar ao seu elenco, em qualquer lugar.
Principalmente no Atlético Mineiro.
Porque a cobrança corresponde à expectativa.
Não adianta Rubens Menin agir como torcedor que está montando seu time de futebol de botão.
O Atlético, perdido, sofreu muito para empatar com o venezuelano La Guaira
ConmebolCuca que lhe deu a alegria imensa ao vencer a Libertadores em 2013, tinha um elenco completamente diferente do atual. E mesmo assim, quantas e quantas vezes o treinador ficou ajoelhado, torcendo para bolas milagrosas salvarem, como salvaram, o Atlético?
Assim como Renato Gaúcho, Cuca não pôde ficar no banco de reservas na eliminação da pré-Libertadores contra o Independiente del Valle, infectado pela Covid, ontem diante do La Guaira. o treinador atleticano foi barrado pela suspensão devido à expulsão na final da Libertadores de 2020.
Por mais que o DNA impere, seu irmão Cuquinha não tem a visão tática diferenciada de Cuca. E, de maneira assustadora, sempre que pôde, gritava do banco de reservas, 'põe na área'. E dá-lhe chuveirinho.
59 bolas levantadas na área adversária.
Pobreza tática triste, vexatória para um elenco de R$ 180 milhões.
Cuca está no comando do clube há um mês e 17 dias.
Mas já deu tempo para perder para a Caldense.
Para o rebaixado Cruzeiro.
E empatar ontem com o La Guaira, adversário mais fácil, no grupo que tem o América de Cali e o Cerro Porteño.
A pressão na imprensa e da ansiosa torcida atleticana contra Cuca é assustadora.
Não é por acaso que, no tapume de obra da nova arena amanheceu pichada.
A mensagem é direta.
"Fora Cuca."
O treinador sabe o que está sofrendo.
E chama as entrevistas que participa de interrogatórios.
No último 'interrogatório', ele pediu calma e apoio.
Deveria ter.
Mas a pressão em Belo Horizonte é imensa.
De acordo com o dinheiro injetado no time.
Não no clube, que já deve mais de R$ 1 bilhão.
A situação é muito complicada.
E Menin quer buscar um beque e um 'nove'.
Não é essa solução.
Cuca tem de transformar esse elenco milionário, montado para Sampaoli, em um time.
Não adianta simplesmente forçar que atletas façam o que nunca fizeram em campo.
E apelar para o Cucabol, viver de chuveirinhos na área.
Ele sabia que o trabalho não seria fácil, com um elenco montado para outro treinador.
Essa é sua missão.
A pressão para a saída de Cuca já no tapume das obras da arena atleticana
Reprodução/TwitterSem tempo para compreensão da imprensa mineira, com uma equipe só na Série A.
E da ansiosa torcida atleticana.
Uma das mais difíceis tarefas de sua carreira.
Renato Gaúcho que o Atlético quis, antes dele, está livre.
E, à disposição, no Rio de Janeiro...
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