São Paulo, Brasil
Barato, promissor, patronal.
E que aceitasse enfrentar o Palmeiras já no domingo.
Esses foram os critérios que fizeram Andrés Sanchez escolher Jair Ventura.
Ele é o novo treinador do Corinthians.
Menos de 12 horas depois de tirar seu protegido Osmar Loss do comando do time, após a vexatória derrota diante do Ceará, Andrés comemorava o acerto com o ex-técnico do Santos e do Botafogo.
O presidente corintiano estava muito preocupado e pressionado por conselheiros e por membros das organizadas. Eles não suportavam a sequência de derrotas do time. Não queriam saber do desmanche. Da saída de sete jogadores do elenco.
O que pesou para a demissão de Loss foi a eliminação precoce da Libertadores, nas oitavas, diante do Colo Colo, o que provocou grande prejuízo para o clube. No mínimo, deixou de arrecadar R$ 10 milhões, caso chegasse à final da competição.
Dos últimos sete jogos, só uma vitória, apertada, diante do lanterna do Brasileiro, o Paraná Clube. O medo de Andrés, que pretendia segurar Loss até pelo menos o final do ano, era que o clube não conseguisse nem garantir uma vaga para a Libertadores de 2019. Do título ele já havia aberto mão faz tempo.
Só que o dirigente percebeu que membros importantes das organizadas e do conselho, que garantem sua sustentação política, não aceitariam a eliminação da semifinal da Copa do Brasil pelo Flamengo e o clube não ficar nem entre os oito primeiros do Brasileiro.
A revolta contra Loss já tinha data para estourar.
Se o time desse vexame domingo, contra o Palmeiras, na arena do rival, já começava a ser organizada uma grande manifestação das organizadas contra Andrés, contra o técnico, contra os jogadores. O que teria tudo para atrapalhar o time às vésperas do primeiro confronto da semifinal da Copa do Brasil.
Andrés decidiu pela saída de Loss.
Como os dois se dão muito bem, o dirigente ofereceu para ele a chance de retroceder. Voltar a ser auxiliar do Corinthians. Não mais o técnico. Na análise da diretoria, o treinador não tinha mais força com os jogadores. Perdeu o vestiário. Suas ordens, seus gritos já não comoviam, motivavam ninguém.
Daí a alegada falta de 'evolução'.
O perfil de Jair Ventura agradou Andrés. Jovem treinador que fez ótimo trabalho com o limitado elenco do Botafogo. Fracassou no Santos porque acreditou nas promessas dos dirigentes de que teria um grande time. E mesmo diante da fragilidade técnica dos jogadores santistas, não pôde montar uma equipe fechada, que vivesse apenas de contragolpes.
Os conselheiros que sustentam José Carlos Peres na presidência exigiam. Queriam uma equipe que respeitasse o DNA santista. Ou seja, time abertamente ofensivo. Lógico que com o elenco fraco atacar acabou sendo suicídio. E Jair Ventura foi demitido.
Conseguiu conduzir o time apenas à semifinal do Paulista, acabou eliminado pelo Palmeiras. No Brasileiro acabou despachado por manter o clube na 15ª colocação. Na Copa do Brasil e na Libertadores, as quedas não foram sua responsabilidade.
Agora, no Parque São Jorge, terá a chance de trabalhar como no Botafogo.
Andrés sabe que, depois de mais um desmanche, o Corinthians tem um elenco limitado. E que para dar resultado precisará marcar muito, sem vergonha alguma de ser defensivo.
Aos 39 anos, ele chega empolgado.
Com o respaldo de Andrés.
O Corinthians terá um treinador contra o Palmeiras.
Um nome mais respeitado para disputar a semi da Copa do Brasil.
A contratação pelo Corinthians é uma chance enorme para Jair.
Provar que tem condições de se firmar como técnico.
E que seu trabalho no Botafogo não foi sorte de iniciante...