"Eu fico satisfeito com tudo o que recebi do São Paulo. Um agradecimento especial a todos. E a maneira como nós tentamos fazer o nosso melhor para que o São Paulo pudesse encontrar um caminho. É um fator normal, corriqueiro. Agradecimento diferenciado ao Raí, que assume aí um novo cargo, uma nova situação, um novo pensamento. É uma pessoa correta, como foi também o presidente e toda a diretoria, como foi o Vinicius no ano passado.
"Só tenho a agradecer a oportunidade que eu tive. Tentei fazer o meu melhor pelo São Paulo. Acho que esse é o caminho. A reciprocidade existe e são fato que temos de passar na vida. Foi uma conversa normal. Nós deixamos uma bela base e não tenho dúvida. O tempo vai dizer. Eu estou tranquilo.
"A demissão é algo corriqueiro no futebol brasileiro."
Essas foram as declarações de Dorival Júnior. Mostrou conformismo até na sua demissão. A reunião entre o inseguro Leco, Raí e outros membros da diretoria foi apenas para formalizar o que todos já tinham em mente, após o vexame que o time passou ontem na arena do Palmeiras. Não havia a menor condição de o treinador seguir comandando o elenco.
Além do péssimo futebol do São Paulo, que piorava a cada partida, os desentendimentos entre os jogadores, como o do goleiro Jean e Rodrigo Caio, desmoralizaram de vez o poder de liderança de Dorival.
O técnico fez de tudo para seguir no Morumbi. Aceitou contratações que não pediu, como Nenê e Trellez. Viu sair jogadores fundamentais para o seu planejamento em 2018: Hernanes e Lucas Pratto. Viu Raí fracassar na busca do jogador que considerava importantíssimo para a temporada: Gustavo Scarpa.
Como foi antecipado pelo blog, André Jardine, treinador da base, assumirá interinamente o comando do time. E dirigirá a equipe contra o Red Bull, no domingo.
Os planos do inseguro Leco e Raí são da contratação de um treinador de perfil oposto ao de Dorival. Querem um treinador mais motivador, capaz de fazer o time lutar o tempo todo, não se acomodar e nem perder a confiança facilmente, como acontecia com o São Paulo.
Luiz Felipe Scolari é o sonho de muitos. Sim, Vanderlei Luxemburgo tem seus defensores. Se a opinião de Raí prevalecer, ele apostaria em Leonardo. Jorginho, auxiliar de Dunga na Copa de 2010, e ex-jogador do São Paulo também é especulado. Abel Braga e Cuca também têm estão nestas longa lista.
Dorival, contratado em julho de 2017, treinou o time por 40 vezes. Conseguiu 17 vitórias, 11 empates e 12 derrotas. O aproveitamento foi de 51,6% dos pontos. Não deu o menor padrão tático à equipe, que esteve seriamente ameaçada pelo rebaixamento no ano passado. Aceitou a intervenção branca de Muricy Ramalho no seu trabalho. Nunca conseguiu se firmar como treinador no Morumbi.
Jardine já havia sido escolhido como auxiliar fixo na Comissão Técnica do São Paulo. O inseguro Leco só pediu para que ele aguardasse um pouco, descansasse depois da campanha que levou o time sub-20 à semifinal da Libertadores. Dorival teria de aceitar Jardine, se continuasse no cargo, nos próximos dias.
O treinador da base tem esperança de repetir o caminho de Fábio Carille. E ganhar a chance real de treinar a equipe. Mas suas chances são remotas. Raí acredita que ele precisa ganhar mais experiência no futebol profissional. O enxerga como aprendiz.
Os jogadores já sabiam que Dorival Júnior acabaria sendo demitido. Por mais que a esmagadora maioria o defendesse, os resultados acabaram sendo ruins demais. Os atletas o respeitavam porque ele assumiu os fracassos. Não fez como muitos treinadores que repassam a culpa pelas derrotas aos jogadores.
Com a demissão de Dorival Júnior, o trabalho de Raí como executivo responsável pelo futebol também começa a ser questionado. O treinador já havia fracassado em 2017. O irmão de Sócrates tinha toda a liberdade para buscar outro técnico. Só que depois de várias conversas com Dorival, se convenceu que ele seria o homem ideal para conduzir o futebol do clube em 2018. E o seguiu bancando, mesmo com o péssimo desempenho do time na temporada. As derrotas nos três clássicos seguidos, Corinthians, Santos e Palmeiras foram a gota d'água.
O inseguro Leco já deixou claro que deseja ter mais autonomia no futebol. Depois da péssima passagem de Dorival Júnior, ele estará mais presente no departamento. Mesmo tendo contratado três ídolos do clube como escudos: Raí, Ricardo Rocha e Lugano.
Raí deixou claro a necessidade de reforços.
Embora ninguém vá comentar publicamente, o medo está no Campeonato Brasileiro. Em vez do sonho da classificação para a Libertadores, há a angústia de ter outra vez de brigar para fugir do rebaixamento.
Por isso, há a busca de um treinador experiente e motivador.
Mal chega em março e o São Paulo terá de mudar sua filosofia.
Mesmo com o fraco futebol de 2017, perdeu tempo com Dorival Júnior.
O erro foi todo de Raí.
Agora, o clube tem a obrigação de acertar, para evitar o pior.
André Jardine começará a treinar hoje à tarde.
Fará de tudo para provar que está pronto.
E que o clube não precisará contratar ninguém.
Hoje não é este o pensamento do inseguro Leco e Raí.
Eles buscam um técnico experiente, vencedor e motivador.
Já erraram feio nesta temporada.
Enfrentaram a lógica mantendo Dorival Júnior.
E agora são obrigados a tentar começar de novo...
