São Paulo, Brasil
"Estou fazendo o meu trabalho normalmente. Sempre faço. Estou em paz comigo mesmo. Uma resposta extraordinária que guardo para mim, que o Obama deu na entrevista ao Bial. 'Minhas adversidades são muito pequenas em relação a de uma série de pessoas, elas talvez enfrentem problemas de saúde, de alimentação, são muito maiores que os meus.' Os meus problemas são fáceis. Pressões? Normais."
Após a vitória do Brasil por 2 a 0, Tite evitou ser direto, em Porto Alegre.
Até porque sua perspectiva mudou.
Ele estava até disposto a pedir demissão, depois de ter sido obrigado a ouvir o presidente da CBF, Rogério Caboclo, gritar com ele, exigindo que ele não ficasse do lado dos jogadores, que não querem disputar a Copa América no Brasil.
Mas a acusação de assédios sexual e moral a Caboclo, que foi protocolada ontem, no Comitê de Ética da CBF, contra o dirigente, mudou toda a situação.
Se forem provados os assédios, o dirigente deixará a presidência da CBF. Isso pode acontecer muito antes. Ainda durante a investigação.
Se espera que Caboclo peça licença do cargo nos próximos dias. Provavelmente depois do jogo de terça-feira contra o Paraguai, em Assunção. Antes, portanto, da convocação para a Copa América, que precisa acontecer até o dia dez.
Se Caboclo sair, o vice mais velho, o coronel Antônio Nunes, assume o cargo.
Perguntado se iria deixar o cargo de treinador do Brasil, Tite não quis responder. Mas deixou claro que a disposição é seguir os planos. FIcar até a Copa do Mundo do Catar. Provavelmente sem o atual presidente da CBF, que terá dura perspectiva de defesa, já que as conversas com a funcionária que o denuncia foram gravadas.
"Coloquei anteriormente que ia me manifestar. Vocês (jornalistas) podem levantar qualquer hipóteses, só peço para terem cuidado. Vou me reportar sim, em momento importante. Não agora."
O treinador preferia falar sobre a quinta vitória seguida nas Eliminatórias.
" O jogo foi muito difícil, contra Equador, tinha melhor ataque na competição. Conseguimos ter 16 finalizações, com sete no gol."
"O primeiro tempo muito difícil. Não estou fugindo da resposta. Casemiro foi muito feliz. É o meu pensamento. Temos consciência que há a a hora certa para fazer a coisa certa", avisou o técnico.
Sobre a parte tática do jogo, ele deu sua versão.
"No primeiro tempo, a gente fez uma modificação. Paquetá na direita, e Richarlison agudo na esquerda. Como setor e estratégia do Equador estava de povoar bastante, a ideia era ter mais um jogador de lado, oferecendo um espaço maior central ao Neymar, e o time cresceu mais no segundo tempo. Com o ritmo imposto pelo Equador, de marcação, naturalmente não conseguiu fazer marcação alta. Foi abrindo esses espaços. Houve entradas boas dos atletas."
O combinado com os jogadores é focar nos dois jogos das Eliminatórias, o de ontem e o de terça-feira, contra o Paraguai. E logo após a partida em Assunção, avisar que esse grupo não quer jogar a Copa América. Em respeito aos mais de 470 mil brasileiros que perdem suas vidas na pandemia.
Graças à acusação de assédio a Caboclo, Tite tem tudo para sobreviver no cargo.
Já o presidente da CBF...
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