Oscar Schmidt, ouro no Pan de 1987, chegou com moral para Olimpíadas do ano seguinte
Fernando Bizerra Jr./EFE - 24/7/2019A história do basquete brasileiro nos Jogos Pan-Americanos Indianápolis 1987 é bastante conhecida. Foi ali que o time de Oscar Schmidt e companhia impôs a derrota que mudou os rumos da modalidade para os norte-americanos. Mas, com a medalha de ouro no peito, por que Oscar não foi o porta-bandeira da delegação verde-amarela no ano seguinte, nos Jogos Olímpicos Seul 1988?
Naquela ocasião, o judoca Walter Carmona, que havia conquistado o bronze quatro anos antes, em Los Angeles 1984, teve a honra de entrar no estádio olímpico da capital sul-coreana à frente dos compatriotas. Com a bandeira brasileira em mãos, ele foi o representante dos 170 atletas, que conquistaram seis medalhas (um ouro, duas pratas e três bronzes).
Perguntado pelo R7 sobre o episódio, na edição de número 227 do JR 15 min, Oscar, como sempre, foi simples e direto:
“Tinha jogo dia seguinte”, bradou o ex-atleta, que viria a ser o maior pontuador do basquete nos Jogos Olímpicos, com 1.093 pontos, em cinco edições disputadas.
“Como tinha jogo, não fui o porta-bandeira. Não poderia ser. O desfile cansa. Nem tanto porque termina tarde, mas porque fisicamente cansa. Você anda, fica muito tempo em pé e eu sabia por que tinha desfilado em 1980, em Moscou. “Imagina, tenho jogo amanhã”, revelou Oscar.
Mesmo tantas vezes declaradamente apaixonado pelo Brasil, o ex-jogador disse que não trocaria a vitória daquela partida, contra o Canadá (125 a 109), pela honraria de carregar a bandeira na cerimônia de abertura. Para se ter uma ideia, mesmo em Tóquio 2020, sem público no Estádio Olímpico e sem poder fazer uma festa gigantesca pela covid-19, o evento irá durar 3h30.
Pelo desgaste que seria, Oscar então garante que nem isso faltou na sua carreira. Assim como não faltou jogar na NBA, em um período que atletas da liga norte-americana não poderiam defender as seleções nacionais.
Oscar fez 1.093 pontos, em cinco edições de Jogos Olímpicos
SÉRGIO BEREZOVSKY/ESTADÃO CONTEÚDO - 21/9/1988“Vencemos. Então, valeu a pena. Levar a bandeira é um negócio de outro patamar. Você carregar a bandeira do seu país, para mim que tenho uma bandeira do Brasil na porta da minha casa, seria um negócio maravilhoso”, disse o eterno camisa 14, que também fez um pedido para o porta-bandeira da delegação brasileira:
“Só peço que seja um cara que goste do Brasil lá”, resumiu Oscar.
O COB (Comitê Olímpico do Brasil) ainda não anunciou o porta-bandeira da delegação em Tóquio 2020, a maior em uma edição dos Jogos fora do país, com 312 atletas confirmados. Neste ano, um casal pode receber tal honraria, como fez o comitê japonês com a lutadora Yui Sasaki e o jogador de basquete Rui Hachimura.
Pela primeira vez desde Montreal 1976, o basquete brasileiro não terá uma delegação nos Jogos Olímpicos. No 3x3, que estreia este ano, os times feminino e masculino não se classificaram no pré-Olímpico.
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