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Conheça Matheus Sacon, único daltônico da Liga Nacional de Futsal

Jogador lembrou parceria com craque Falcão e episódio em que não soube distinguir cartão amarelo do vermelho em uma partida

Mais Esportes|Pietro Otsuka, do R7

Matheus Sacon é o único jogador daltônico da Liga Nacional de Futsal
Matheus Sacon é o único jogador daltônico da Liga Nacional de Futsal Matheus Sacon é o único jogador daltônico da Liga Nacional de Futsal

Você já deve ter conhecido pelo menos uma pessoa que tem daltonismo em sua vida. Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), a anomalia visual afeta cerca de 350 milhões de pessoas ao redor do mundo. Uma delas é Matheus Sacon, ala/fixo do Praia Clube, equipe de Uberlândia, em Minas Gerais, que disputa a LNF (Liga Nacional de Futsal).

Foi ainda criança que o atleta, hoje com 32 anos, descobriu que não enxergava as cores como a maioria das pessoas. “A professora pedia para pintar de uma cor e eu não pintava. Ela achou que fosse birra, né”, comentou o jogador. Depois da bronca da “tia” da escola, a mãe de Sacon, que também é professora, decidiu levar o filho ao oftalmologista, quando foi confirmado o diagnóstico.

“Minha mãe guarda todos os boletins, desenhos, essas coisas. Num desses boletins tinha lá um tópico, ‘arrumar as coisas’, por exemplo. E aí tinha três opções que as professoras assinalavam: ‘eu consigo’, ‘vou chegar lá’ e ‘ainda não cheguei’. No tópico das cores tem lá assinalado: ‘ainda vou chegar lá’, mas até hoje nunca cheguei”, lembrou, bem humorado.

Muito tempo passou dali em diante, mas as dificuldades de ter daltonismo, especialmente num esporte de alto rendimento, que exige raciocínio rápido, ainda são um desafio para Sacon.

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O jovem Matheus Sacon, nos tempos de escolinha
O jovem Matheus Sacon, nos tempos de escolinha O jovem Matheus Sacon, nos tempos de escolinha

"Teve uma vez que eu cometi um pênalti, a bola bateu na minha mão, só que ela bateu na trave e depois na mão. Na hora eu não sabia se o juiz ia dar o cartão amarelo ou o vermelho, e quando ele levantou o cartão eu não conseguia identificar a cor que era. Aí tive que perguntar para o meu goleiro e ele disse que era só amarelo e começou a dar risada", lembrou o atleta.

"Isso aconteceu inúmeras vezes. A maioria dos times, nos treinos, usa os coletes amarelo e verde limão, o que para mim é uma cor só. Consigo diferenciar lado a lado. Mas no jogo é difícil. Normalmente eu já chego, quando acontece isso, e falo que sou daltônico, não consigo ver, peço para trocar. Mas, na primeira vez que eu falei isso para um treinador meu, ele deitou no chão de tanto dar risada, mas fazer o que? Não tem o que fazer, trocava o colete ou não tinha como eu treinar", lembra.

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Teve uma vez que eu cometi um pênalti%2C a bola bateu na minha mão%2C só que ela bateu na trave e depois na mão. Na hora eu não sabia se o juiz ia dar o cartão amarelo ou o vermelho%2C e quando ele levantou o cartão eu não conseguia identificar a cor que era. Aí tive que perguntar para o meu goleiro e ele disse que era só amarelo e começou a dar risada

(Matheus Sacon, jogador de futsal)

Parceria com Falcão e o auge da carreira

Ao longo de 14 anos como profissional, Sacon rodou pelo Brasil e jogou em diversos clubes, mas o auge profissional, pelo menos por enquanto, foi o título mundial conquistado em 2018, vestindo a camisa do Magnus Futsal, potência da modalidade no Brasil, muito por conta de uma figura que transcendeu os limites das quadras: Falcão, o Rei do futsal.

“Há cinco anos, eu estava jogando uma série bronze do campeonato gaúcho, tinha me mudado para Caxias para ficar perto do meu pai, que estava doente. Em cinco anos, sair de uma série bronze ganhar um título mundial, ao lado de Falcão, Rodrigo e tantos outros nomes, foi o auge da minha carreira”, afirma Sacon.

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A ida para o Magnus ainda é classificada pelo jogador como uma “loucura desde o início”. Não é por menos, afinal, imagina ter seu nome aprovado pelo Rei, o maior jogador que o futsal já viu. “Eu joguei com o Ricardinho (técnico do Magnus) e um dia ele me mandou uma mensagem: ‘A gente quer te trazer para cá, falei com o Falcão e ele te aprovou’. Depois de um tempo o Falcão começou a me seguir no Instagram e aí já deu aquele choque de realidade: vou jogar com o meu ídolo”, lembra o jogador.

A timidez inicial foi natural, mas pouco a pouco o lado fã foi sendo deixado de lado. “Comigo, além de um profissional exemplar, sem comentários, ele foi uma pessoa muito boa”, comenta. “Ele não era tão presente no dia a dia, já tava em fim de carreira, mas quando estava lá, brincava com todo mundo, sempre aberto, tanto pra ouvir quem tinha algum comentário, para falar algum ajuste, mas também tinha abertura de falar, não tinha problema com ninguém”, afirma o atleta.

Poder estar jogando com o Falcão%2C conquistando títulos com ele e também estar na despedida dele%2C o último jogo. Eu estava lá no Parque São Jorge%2C lotado. Então são momentos que ficam para sempre na memória%2C na minha carreira%2C tanto no profissional como no pessoal. Cresci muito convivendo com aqueles caras. Você dá ainda mais valor por estar vivenciando tudo aquilo ao lado de um cara como esse

(Matheus Sacon, jogador de futsal)

O que o futsal ainda pode proporcionar

Matheus Sacon não está no fim de carreira, mas claro, planeja os passos futuros no futsal e vê uma ida para o futebol europeu com bons olhos. “Tenho o desejo de no futuro jogar fora do país. Tenho uma facilidade, que é o passaporte italiano, tenho dupla nacionalidade, então tenho essa vontade. Como experiência de vida, acho que morar fora, conhecer outras culturas, países, acrescenta muito também. Já que o futsal pode me proporcionar isso, por que não?”, avalia o jogador.

Antes dos próximos passos na Europa, o presente ainda é em Uberlândia, vestindo a camisa do Praia Clube. O clube, que já tem forte tradição no vôlei, investe pesado no futsal e busca alçar voos mais altos nos próximos anos.

“Vamos tentar superar onde eles chegaram no ano passado, chegar pelo menos até as quartas de final, que é o principal objetivo, quem sabe beliscar uma semifinal e fazer crescer esse projeto”, completa Matheus Sacon.

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