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Sucesso na Copa, Arena das Dunas causa preocupação em ABC e América-RN

Futebol|

Foram dois anos e meio de vazio entre as Avenidas Prudente de Morais e Salgado Filho, no coração de Natal. Todos os cânticos provocativos de americanos a abecedistas, se calaram diante do estalar agudo e ensurdecedor dos martelos que erguiam a maior e mais bela duna já vista na capital do Rio Grande do Norte. Os 42 anos de história do Estádio João Cláudio de Vasconcelos Machado foram ao chão para que uma nova história, digna de Copa do Mundo, viesse a ser escrita. E assim foi feito. Primeiro a demolição do Estádio Machadão, em 25 de novembro de 2011. Depois, a formação de um gigantesco canteiro de obras. Por último, o nascimento de uma das mais belas arenas do Brasil: a Arena das Dunas.

Em 26 de janeiro de 2014, o estádio natalense abriu as portas pela primeira vez para o público. Ficou a cargo de América-RN, Confiança-SE, ABC e Alecrim escreverem a primeira página da história da Arena das Dunas. As vitórias de América e ABC, em suas respectivas partidas, deixaram felizes as 20 mil pessoas que compareceram à inauguração do gigante de Lagoa Nova.

- Foi uma emoção incrível participar da inauguração de um estádio de Copa do Mundo. Contarei para os meus netos que participei daquela festa - conta o radialista Ademilson Amorim, que trabalhou nos jogos inaugurais da Arena, ao LANCE!Net.

Do Campeonato Potiguar à Copa do Mundo, a Arena das Dunas recebeu, em 2014, 51 partidas de futebol. Ao todo, 595 mil torcedores passaram pelo estádio, média de 11 mil por jogo. Só durante o Mundial da FIFA, onde quatro jogos foram realizados em Natal, 159 mil pessoas ocuparam as arquibancadas da Arena.

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Recorde de público do estádio, o jogo entre Itália e Uruguai, pela última rodada da fase de grupos da Copa do Mundo, foi, sem dúvidas, o principal momento da Arena das Dunas em seu primeiro ano de funcionamento. Cerca de 40 mil pessoas viram de perto a mordida do atacante uruguaio Luis Suáres no zagueiro Chiellini, da azurra, e a classificação da celeste para as oitavas de final do mundial, em um jogo eletrizante.

- Lembro que quando começou o jogo tive vontade de chorar. Estava vendo a "final" da primeira fase, entre duas campeãs mundiais, numa Copa do Mundo no Brasil. Além disso, era a minha primeira vez em um estádio. Fiquei maravilhada com a energia da torcida uruguaia - relembra a estudante Thatiany Moisés.

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Com o fim da Copa do Mundo, veio a grande questão: a Arena das Dunas vai virar um elefante branco? Contrariando a maioria das expectativas, o estádio natalense se mostrou bastante útil, recebendo 37 eventos extrafutebol em 2014, com destaque para a Feira do Empreendedorismo, que contou com a presença de 20 mil pessoas durante quatro dias de evento, e o festival Natal em Natal que levou mais de 60 mil pessoas à Arena.

- Temos certeza que o estádio Arena das Dunas, com sua utilização multiuso, será um grande vetor dessas promoções já consolidas e de outras que virão. Sem dúvida é o nosso grande cartão postal para o turismo. Segundo pesquisa publicada pela imprensa nacional a Arena das Dunas foi apontado como o segundo estádio mais utilizado no pós Copa do Mundo no país - salienta o secretário de Turismo de Natal, Fernando Bezerril.

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Além de eventos, o pós-Copa na Arena das Dunas foi marcado pelo sucesso de público na Copa do Brasil. As ótimas campanhas de América e ABC no torneio mata-mata alavancaram as médias de público no estádio. Cerca de 17 mil americanos e abecedistas compareceram por jogo na Arena durante a Copa do Brasil. O destaque foi o confronto entre América-RN e Flamengo,pelas quartas-de-final da competição, no qual compareceram 30.575 pessoas, recorde de público do estádio pós-Mundial, presenciaram a vitória rubro-negra por 1 a 0.

CLUBES QUESTIONAM CUSTO PARA MANDAR JOGOS NA ARENA

Porém, nem tudo é festa com a chegada da Arena das Dunas. A realidade de público em jogos de menor apelo é bem diferente do que foi visto na Copa do Brasil. A Série B de 2014 foi o maior exemplo do fracasso de renda e público no estádio. A média de ocupação das arquibancadas da Arena em jogos do América-RN, time que mais jogou no estádio no ano, foi de apenas 18%, cerca de 6 mil torcedores por partida, por exemplo.

A situação tem feito os dirigentes dos clubes potiguares se mexerem nos bastidores. Os altos preços dos ingressos cobrados pelo consórcio que administra a Arena e as altas taxas pagas pelas equipes para atuarem no estádio desagradam americanos e abecedistas.

- Sabemos que a Arena é um estádio diferenciado. A torcida adora ver jogos lá. As famílias vão aos jogos, se sentem seguras. Mas os custos atrapalham. Não é vantajoso para o ABC jogar na Arena em jogos sem apelo de público. Muitas vezes pagamos para jogar lá. Precisamos adaptar o modelo de gestão do estádio à realidade dos clubes do RN. É impossível sobreviver desta forma - analisa o vice-diretor executivo do ABC, Rogério Marinho.

Procurado, o consórcio que administra o estádio não quis comentar a situação. A concessionária e os clubes firmaram um contrato de uso da Arena válido por cinco anos. No acordo, o América-RN tem que mandar pelo menos 60% dos seus jogos no estádio e o ABC, 40%.

Além disso, todos os Clássicos-Rei devem ser disputados no maior estádio do RN.

- É uma situação nova para todos nós. Ainda estamos aprendendo a mexer com um estádio do tamanho e da importância da Arena. Não podemos cobrar um padrão Fifa para jogos do Campeonato Potiguar. Precisamos sentar e encontrar um denominador comum entre clubes e quem administra a Arena - conclui Rogério.

No balanço final, o primeiro ano de funcionamento da Arena das Dunas teve um saldo positivo. A possibilidade de receber eventos além do futebol se mostra importante para o desenvolvimento de diversos ambientes que favoreçam os mais diferentes interessados no sucesso do estádio, desde os clubes de futebol aos potiguares que investiram R$ 423 milhões na construção da Arena.

*Por Norton Rafael

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