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O site Infobae e a TV América, ambos veículos de imprensa da Argentina, revelaram mais áudios extraídos do celular do médico Leopoldo Luque, responsável pela operação para a retirada de coágulo da cabeça de Maradona, 20 dias antes da morte do craque, em 25 de novembro de 2020.
Nas mensagens o neurocirurgião afirma que Charly Ibañez, primo de Rocío Oliva (a última namorada de Maradona) e assistente do ídolo argentino, levava mulheres para a casa onde o ex-jogador morreu, em Tigres, e dava a ele bebida alcoólica e maconha para que Maradona dormisse e não percebesse as orgias que o assistente fazia
Reprodução Instagram @maradona
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'Não aguento mais a situação de Charly dar maconha a Diego. Eu não sei como parar com isso. Quando ele lhe deu maconha, levantei-me e disse que, se Maradona morresse, ele mostraria a cara quando a maconha fosse descoberta na autópsia', afirmou Luque em um dos áudios que estão sendo investigados pela Justiça argentina
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O médico falou sobre o assunto mais de uma vez. 'Charly levava uma mulher diferente por dia e, para fazer isso, tirava Diego de cima com maconha e cerveja. Ele o quebrou em mil pedaços'
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Outros áudios revelam conversa entre Luque e outro médico, que mostra muita preocupação pelo uso de maconha e bebidas por parte de Maradona. 'Tenho Monona [cozinheira de Maradona], que me conta as coisas porque, senão, nunca ia descobrir. Ontem, exceto Monona e um segurança, todos estavam fumando. Hoje ele levantou todo dolorido, sem descansar, com toda a ressaca em cima. Ontem à noite fumou, bebeu vinho com os comprimidos, não pode fazer tudo isso”, contou o médico ao neurocirurgião
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'A verdade é que ele não consegue diferenciar a dor do sono ruim. Já tem o hábito de fumar todos os dias, ele pede cigarro aos seguranças. Outro dia eu disse aos seguranças: quando ele pedir isso, deem um charuto a ele', completou o médico
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Luque respondeu ao colega de equipe: 'Calma, fique calmo. Eu sei mais ou menos como lidar com ele. Eu disse a Maxi [Pomargo, secretário de Maradona e cunhado de Matías Morlas, advogado do craque] que, se houver uma autópsia, pule isso. O que menos vão responsabilizar é a parte de saúde, é uma questão do ambiente. Nós podemos contornar, podemos propor'
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'Como te disse, confio muito na Monona e no segurança que está agora. Eles me disseram que ontem Charly havia combinado de entrar com uma mulher durante a noite. Então, para se livrar do Diego, lhe deu cerveja e cigarro. Encontrei restos de maconha picada por toda parte e um cheiro na casa. O cara fazendo sexo na área de serviço, e a Monona com o segurança vendo que Diego não se levantava. Não dormiram nada, não queriam dormir para o caso de haver algum problema'
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'A maconha não causa dano a determinado órgão para que eu suspeite disso. Posso supor, mas se não procuro, não analiso, sem o consentimento do paciente não tem uma forma. Do ponto de vista médico, não há nenhuma responsabilidade. Fica a cargo do paciente', disse Luque
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Leopoldo acalmou o médico sobre a responsabilidade caso fosse descoberto que Maradona usava drogas ilícitas. 'Agora, se procuram o paciente, se a polícia investiga e vê que há determinado ambiente, vão atacar isso. Não é uma responsabilidade médica. Seria se eu desse maconha a ele, ele ficasse intoxicado e morresse. Aí, sim, porque não foi bem supervisionado nem contido. Mas isso é algo ilegal, não tem nada a ver com algo médico'
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Na última segunda-feira, o Infobae já tinha divulgado outras conversas contidas no celular de Luque com a psiquiatra Agustina Cosachov e contatos do médico, que mostravam as reações do neurocirurgião ao saber do estado de saúde do ídolo argentino
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A psiquiatra Agustina Cosachov e o psicólogo Carlos Díaz foram os primeiros profissionais a encontrar Maradona agonizando no dia da morte do craque e chamaram ambulância. Ela avisou a Luque. 'Quando chegamos ele não respirava, não tinha pulso. Parecia morto, Leo. Agora, ele está com a equipe [da ambulância], estão ressuscitando-o com uma linha e intubando-o. Mas passamos uns dez, quinze minutos fazendo nós mesmos porque a ambulância não chegava', teria dito a médica ao neurocirurgião, que estava há cerca de 40 minutos longe da casa onde o ex-jogador de futebol se encontrava
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Luque teria ignorado o estado de saúde de Maradona e dito: 'Avise-me se eles [pessoas da família de Maradona] estão com raiva de nós'
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Luque também teria tentado acalmar Agustina: 'Não se preocupe. Tente descer. É assim, é assim. Ele é um paciente complexo e bom, o que quer que tenha que acontecer vai acontecer. Vamos estar lá para bancar o que vier'. A conversa entre os médicos acaba quando ela avisa: 'Morreu, Leo', que responde 'Ok'
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Enquanto isso, Luque teria mantido conversas com outro médico. 'Não se preocupe, estou na rodovia já. Parece que ele está morto. Poste que ele está morto'
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O neurocirurgião recebe uma pergunta de outro contato, não revelado, com uma foto da tela de uma TV que anuncia a morte do eterno camisa 10 e ele teria respondido. 'Sim, idiota, parece que ele fez uma parada cardiorrespiratória e o Gordo vai morreu se cag**do. Não tenho ideia do que ele fez. Eu vou lá'
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O site também revelou conversas em que o médico teria ofendido Jana Maradona, filha do ídolo argentino com Valéria Salabian, que pretendia tirar o pai da casa onde ele estava e interná-lo em uma clínica especializada
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'Jana é uma idiota de m***. Isso é exatamente o que estou lhe dizendo. Ela quer interná-lo.' Teria recebido a resposta: 'O que dizem as outras filha?', e Luque teria dito: 'Diego vai mandar todas c**ar'
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Dalma Maradona, uma das filhas do craque, comentou as publicações do site. 'Luque, você é um F*P e espero que a justiça seja feita. Mas não vamos ignorar que quem o apresentou a meu pai, o contratou e lhe paga um salário é Matías Morla [advogado de Maradona]'
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O Infobae teve acesso a outras conversas que serviriam de prova para a acusação. A troca de mensagens com um médico que visitou Maradona no dia 18 de novembro e apontada como fundamental: 'Oi, Leo. Ele está na cama há 48 horas, humor péssimo. Domingo estava impecável, parecia o Diego de 86 [ano em que ganhou a Copa do Mundo para a Argentina]. Agustina vai colocar mais remédio para transtorno bipolar, parece que tá voltando. Também está muito inchado', relatou o profissional após visita
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Leopoldo Luque teria respondido: 'Ele está inchado porque está muito deitado. Não vou levá-lo ao médico. Ele precisa de espaço'
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Outro fato apontado pelo site argentino e que será investigado pela Justiça é que a equipe médica que atendia Maradona não tinha um cardiologista. Mesmo com histórico de doenças cardíacas, o ex-atleta não recebia visitas regulares de um especialista na casa onde viveu os últimos dias, em Tigres
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No dia 22 de janeiro, a Procuradoria da Argentina confirmou que Leopoldo Luque falsificou a assinatura do ex-jogador para obter histórico clínico do eterno camisa 10 argentino. O neurocirurgião e Agustina Cosachov estão sendo investigados pela Justiça da Argentina por acusação de homicídio culposo, quando não há intenção de matar, por negligência e imperícia médica com relação a Maradona
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