Portuguesa ainda corre risco de perder o estádio do Canindé
LUIS MOURA/ESTADÃO CONTEÚDO“O Bolt sempre começa atrás dos concorrentes e termina na frente”. É dessa forma que Alexandre Barros, recém-eleito presidente da Portuguesa, encara a dura realidade do time do Canindé.
Barros nem bem assumiu e já percebeu que o maior desafio será fora de campo — ele tomará posse em 1º de janeiro. A Portuguesa enfrenta inúmeros problemas trabalhistas e tem em mente deixar pelo menos 30% das receitas livres para o clube funcionar. A medida é considerada emergencial para que o clube possa ter caixa frente às despesas mensais e continuar existindo.
Devido à grave situação financeira, uma promessa de campanha será adiada: “Não temos condições financeiras de profissionalizar todos os setores do clube neste momento, pois não temos receitas para arcar com isso. Devemos ter responsabilidade”, enfatizou Barros.
O presidente, que também é jornalista e dono de uma rádio que tem o tradicional clube paulistano como tema, espera concretizar a reestruturação lusitana até o ano do centenário em 2020. Neste período, ele contará com o apoio de especialistas que são também torcedores para administrar setores do clube.
“Se conseguirmos acessos consecutivos, em 2020 o clube volta a caminhar sozinho financeiramente e também passa a ter uma administração mais autônoma. O trabalho têm de ser eficiente”, disse.
A questão do leilão envolvendo o Canindé é uma de suas prioridades antes mesmo de tomar posse como presidente. Segundo o mandatário, parcerias estão sendo buscadas em sucessivas reuniões ao longo da última semana. O presidente fez questão de enfatizar que o "processo tem de passar por todos os trâmites e aprovações do clube”. Segundo informações de bastidores, seria algo envolvendo construção de área de entretenimento e shopping. Entretanto, Barros não descarta reunir sócios para empréstimos ao clube.
Paralelo a isso, Barros tem o desafio de montar o elenco e contratar um treinador para a disputa da Série A-2 do Campeonato Paulista e a Série D do Campeonato Brasileiro.
“Temos de fechar com o técnico primeiro. Depois em conjunto definimos o jogadores. Já consultamos dois treinadores que não deram certo: Geninho (renovou com ABC) e Nei da Mata (foi para Guarani). Estamos negociando, não posso revelar nomes”, disse.
O caso Héverton, que aconteceu em 2013, ainda incomoda o presente do clube e o futuro presidente. “Ainda está entalado na garganta como um espinho. A Portuguesa não se vende. O que pode ter acontecido é alguém ter se beneficiado em nome do clube”, polemizou.
Conselheiro opina
Vital Veira Curto, conselheiro há décadas do clube e coordenador do Museu Histórico da Portuguesa, disse ser contra algumas das principais ideias do novo presidente. O conselheiro entende que as parceiras envolvendo o estádio são as mais perigosas para o futuro do clube. Maior rigidez no controle dos gastos seria uma saída para a crise.
“A solução é um projeto envolvendo torcedores que tenham capital para investir, algo de dentro do clube. Não adianta projetos utópicos temos de trabalhar dentro do orçamento, algo que os clubes não fazem”, concluiu.