Homenagens foram feitas na porta do Ninho do Urubu
Alexandre AraújoO Ministério Público do Rio de Janeiro se reuniu com familiares de oito vítimas do incêndio no CT Ninho do Urubu, nesta quarta-feira (20). No encontro, o órgão explanou como foram as negociações com o Flamengo em relação às indenizações e indicou caminhos para que os parentes que queiram recorrer judicialmente individualmente ou em grupo.
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De acordo com Danielle Cramer, procuradora do Ministério Público do Trabalho e integrante da Câmara de Conciliação, a proposta do clube girou em torno de R$ 300 mil a R$ 400 mil por família e um salário mínimo até que as vítimas completassem 45 anos. Por outro lado, o Ministério Público, o Ministério Público do Trabalho e a Defensoria Pública demonstração a intenção de que as indenizações fossem de R$ 2 milhões e salários de R$ 10 mil até os 45 anos.
A divergência em relação a valores fez com que as partes não chegassem a um acordo.
— Fizemos reunião com familiares e prestamos esclarecimentos dos trâmites e a reunião foi com as famílias dos atletas vitimados pelo incêndio. Foram prestados esclarecimentos nos trâmites desta Câmara [de conciliação] que resultaram no insucesso da negociação diante da recusa do Flamengo em aceitar os termos ou melhores condições propostas. Não houve acordo. Agora, vamos partir para os caminhos judiciais para a satisfação das vitimas. [...] A proposta colocada pela Câmara foi de R$ 2 milhões para cada família - disse ela, revelando que a discordância em relação aos valores foi apenas para as vítimas fatais:
— Tratamos de forma diferente as vítimas fatais, aquelas hospitalizadas sem sequelas, hospitalizadas e que por ventura tenham sequelas e aquelas que sofreram o trauma. Outros valores eram menores conforme o dano. Não houve discordância em relação a outros grupos. O que não houve acordo foi em relação às vítimas fatais. O acordo não foi feito. Mas tínhamos avançado em relação a estes grupos.
Danielle Cramer explicou o fato de os órgãos públicos terem pensado em colocar o pedido de pensão até que os jovens completassem 45 anos:
— [Até que chegasse] Aos 45 anos, que seria a idade mais longeva de um jogador de futebol. A média dos garotos era de 15 anos, então, seria mais 30 anos de pensão.
Durante a reunião, os contratados que os jovens tinham com o Flamengo foram apresentados e mostraram que recebiam cerca de R$ 400 pela ajuda de custo, algo que Cramer apontou que seguia a Lei Pelé.
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A procuradora do Ministério Público do Trabalho e integrante da Câmara de Conciliação afirmou ainda que os parâmetros colocados seriam mínimos que poderiam ser negociados individualmente pelas famílias, de acordo com questões particulares.
— O Ministério Público do Trabalho e o Ministério Público do Estado, cada um em seu âmbito de atuação, vão propor ações cabíveis para assegurar os direitos dessa vítimas às devidas reparações - salientou.
Na noite da última terça-feira, o Ministério Público emitiu uma nota avisando que as partes não haviam chegado a um denominador comum sobre o assunto. Em reposta ao MP, o Flamengo afirmou que ofereceu valores "acima do padrão adotados pela Justiça brasileira". No documento, o Rubro-Negro usa o exemplo do incêndio na Boate Kiss, em 2013, que matou 242 pessoas e feriu 680.
— A afirmação do Flamengo não é incorreta se partir do pressuposto de que algumas das vítimas da Boate Kiss foram indenizadas por valores menores. Mas estamos tratando de situações absolutamente diferentes e têm de ser tratados de forma diferente pelo poder judiciário. No caso do Flamengo, eram todos menores, estavam alojados nas dependências do clube, que se comprometeu, perante às famílias, a cuidar e proteger esses garotos. O que não aconteceu. Na Boate Kiss, eram maiores de idade que estavam lá por conta do entretenimento - disse.
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Paloma Lamego, 2ª subdefensora pública-geral do Rio de Janeiro, por outro lado, afirmou que ainda é possível retomar as negociações com o Flamengo para que acordos individuais sejam feitos, fora da esfera judicial.
— Nós separamos pelas situações: atletas que sofreram feriamentos conseguimos valores muitos próximos. A maior dificuldade foi estabelecer, com o clube, os valores mínimos para as famílias dos que faleceram. O clube nos disse que preferia negociar individualmente. A expectativa nossa é retomar a negociação com o clube, mas agora individualmente, por famílias. Da nossa parte, estamos sempre disponíveis para o acordo - ressaltou.
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