De certa forma, o Mundial do México foi a iniciação do garoto na medicina esportiva. Seu pai o levou para o torneio. Ele tinha 14 anos. Lá, Rodrigo viu de perto o esforço de Zico para disputar o torneio - o Galinho tinha grave problema no joelho, mas, se operasse, ficaria fora do Mundial. Por isso, passava horas na academia fazendo exercícios para poder jogar. "Vi de perto o drama e a determinação do Zico. Isso me ajudou a optar pela medicina esportiva", disse certa vez.
Dito e feito. Em 1995, Rodrigo se formou pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais. Logo começou a trabalhar como médico auxiliar no Atlético-MG - está lá até hoje, e desde 2001 é diretor do departamento médico do clube.
Não demorou para chegar à CBF, levado pelo doutor José Luiz Runco. Esteve nas Copas de 2002 e 2006, mesmo ano em que concluiu o mestrado em ortopedia, traumatologia e recuperação na Universidade de São Paulo (USP).
Rodrigo deixou a seleção e voltou em 2013, quando Felipão assumiu. Depois do Mundial de 2014, com o afastamento de Runco, assumiu a chefia do departamento na CBF.
Calmo e educado, o mineiro Rodrigo Campos Pace Lasmar, de 45 anos, raramente altera a voz. Cortês, ele é firme em suas posições. E respeitado. Na reunião em Paris em que ficou decidida a cirurgia de Neymar, seus argumentos claros e contundentes minaram a resistência dos franceses do PSG, que inicialmente preferiam tratamento conservador.
"Doutor Rodrigo é uma pessoa acessível, de ótimo trato, colaborativo, gosta de trocar ideias. Mas não faz concessões", define o neurologista Jorge Pagura, presidente da Comissão Nacional de Médicos do Futebol da CBF.