Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), entrou na alça de mira da Justiça da França. Ele é suspeito de ter participado de um esquema de compra de votos para o Catar sediar a Copa do Mundo de 2022 e teve uma conta bancária identificada por procuradores no banco Pasche, em Mônaco, com US$ 22 milhões (R$ 71,1 milhões). Teixeira foi procurado pelo Estado, mas não se pronunciou.
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O banco Pasche, uma filial do banco francês Crédit Mutuel, é suspeito de participação em lavagem de dinheiro e alvo de investigação judicial no principado. Assim, Teixeira se junta a Carlos Arthur Nuzman, ex-presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil), entre os investigados pelos procuradores franceses. O ex-presidente da CBF aparece de forma indireta em investigação em curso no Ministério Público Financeiro de Paris sobre a suspeita de desvio de verbas na aquisição de companhias francesas. Esta apuração resvalou em outra, realizada na Suíça, sobre compra de votos para o Catar sediar a Copa de 2022 e com isso Teixeira se tornou alvo.
A parte da apuração relacionada ao cartola brasileiro está ligada à suspeita de que um amistoso entre Brasil e Argentina disputado em Doha, em 2010, serviu para mascarar a compra de votos a favor do Catar. As suspeitas sobre Teixeira datam de 2010 e já apareceram antes em apurações do Ministério Público da Suíça. Elas se concentram no papel do empresário catari Ghanem ben Saad al-Saad, ex-presidente do fundo Qatari Diar, na negociação envolvendo o Mundial do Catar.
À época, o fundo dispunha de US$ 60 bilhões (R$ 193,9 milhões) para investimentos imobiliários e Paris costumava ser um dos centros de interesse de seus diretores. Hotéis de luxo, como o Royal Monceau, foram adquiridos, assim como participações em empresas, como as multinacionais Vinci e Veolia.
Esses negócios despertaram o interesse do Escritório Central Anticorrupção de Nanterre, na periferia de Paris. O órgão encontrou suspeitas de desvios de recursos na aquisição de 5% das ações da companhia de serviços coletivos Veolia, realizada pelo Qatari Diar na gestão de Al-Saad. A suspeita é de que 182 milhões de euros (R$ 697 milhões) em comissões ocultas tenham sido desviados na negociação em direção a três empresas situadas em paraísos fiscais.
Cruzamento
É aí que o caso Qatar-Veolia, como é conhecido no MP francês, cruza a investigação suíça sobre a compra de votos para a Copa do Mundo de 2022 e pode atingir Teixeira. Al-Saad, que era próximo do emir do Catar, Tamim ben Hamad al-Thani, foi também fundador e diretor-presidente de uma empresa, a GSSG (Ghanin Bin Saad Al Saad & Sons Group), que gerenciava investimentos bilionários em áreas como construção civil, aeronáutica, petróleo e finanças.
Ocorre que a GSSG é também a empresa que financiou e patrocinou a realização do jogo entre Brasil e Argentina em 17 de novembro de 2010, organizado duas semanas antes da votação na Fifa que escolheria o Catar como sede da Copa de 2022.
A suspeita é de que Al Saad tenha dividido o valor dos US$ 8,6 milhões (R$ 28,2 milhões) pagos pelo amistoso em três partes. Uma delas, de cerca de US$ 2 milhões (R$ 6,5 milhões), foi parar em uma conta de Cingapura - a suspeita é dele próprio. Os demais recursos teriam sido divididos entre Teixeira e um dirigente argentino.
O que o Ministério Público Financeiro de Paris tenta identificar é onde foram parar os US$ 182 milhões desviados do Qatari Diar na gestão de Al-Saad em troca das ações de Veolia, qual o mecanismo financeiro usado para fazer o dinheiro transitar e qual seria o vínculo dessa transação, se houve, com a remuneração dos dirigentes de Brasil e Argentina.
Para tanto os procuradores parisienses solicitaram informações ao Ministério Público Federal brasileiro, com o qual já vem colaborando no escândalo da compra de votos para a escolha da sede da Olimpíada de 2016.
Na Suíça, Ministério Público e FBI colaboram em uma investigação sobre o suposto envolvimento de Teixeira em esquemas de corrupção na Fifa. O MP de Berna já realizou operações em empresas ligadas ao financiamento do amistoso entre Brasil e Argentina e coopera no que se refere a pelo menos três contas bancárias do brasileiro.
Conheça a seguir a carreira de João Havelange
Com essas palavras ditas à revista O Mundo Ilustrado, de 1.º de outubro de 1960, João Havelange descartava, ao menos publicamente, a hipótese de criar raízes no posto de chefe da CBD. O dirigente não só teve saúde para ocupar o cargo até janeiro de 1975, em seu mandato, como também, no ano anterior, se elegeu à presidência da Fifa, onde ficou até 1998. A ascensão se tornou possível após um período bem-sucedido à frente da CBD, durante o qual o Brasil ganhou três Copas do Mundo (1958, 1962 e 1970)
Sua carreira de atleta contradiz os críticos, que o acusaram de não "entender nada de futebol". Ele foi campeão juvenil pelo Fluminense como "beque esquerdo" (zagueiro). É que o pai, que tinha uma representação para vender rifles de caça da marca Winchester, achava que o esporte não condizia com a condição social da família. Jean-Marie o praticava escondido, como todo garoto. Pelo Tricolor do Rio, foi também vice-campeão estadual de basquete. Era um atleta eclético
Na Cometa, especializou-se na função de lobista ao acelerar processos de desembaraço alfandegário na importação de ônibus. Nesta atividade, chegou a pedir favores — e foi prontamente atendido — até por Juscelino Kubitschek, presidente do Brasil, a quem conhecera durante a infância, no Rio
Havelange se aproximou de Horst Dassler, então dono da Adidas, que era aliado de Rous. Com a ajuda do empresário, conseguiu da Coca-Cola patrocínio para o evento, na Tunísia. A competição recebeu o nome oficial de Copa Fifa/Coca-Cola. No ano seguinte, a marca de refrigerantes pagou US$ 8 milhões para patrocinar a Copa da Argentina
O chefe da divisão de finanças foi chamado para analisar a situação, mas não sabia do que se tratava. No mesmo dia, o então secretário-geral, Joseph Blatter, ordena que o dinheiro seja transferido para a conta pessoal de Havelange, sob o nome "Renford Investments". A informação sobre a propina vazou