Dois atacantes brasileiros sofreram com mais um episódio de racismo no futebol internacional. Desta vez, os atacante Dentinho e Taison, do Shakhtar Donetsk, ouviram insultos raciais no clássico ucraniano contra o Dínamo de Kiev. Os dois deixaram o campo chorando
Oleksandr Osipov/Reuters - 10.11.2019
A partida foi disputada no Metalist, casa do Shakhtar, mas, mesmo assim, torcedores visitantes incomodaram os brasileiros. Os atacantes ficaram revoltados e não quiseram seguir jogando
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Como protocolo da Fifa, a partida foi paralisada e os times saíram de campo momentaneamente. Os jogadores do Dínamo pediram para os torcedores pararem com os insultos, mas nada aconteceu
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O atacante Taison falou pela primeira vez após os atos racistas apenas nesta segunda-feira. Após ouvir ofensas dos torcedores, o brasileiro mostrou o dedo médio, chutou a bola em direção à arquibancada e foi expulso. No Instagram, ele desabafou e usou parte da letra da música "Jesus Chorou", dos Racionais. "Amo minha raça, luto pela cor, o que quer que eu faça é por nós, por amor...", escreveu ele, que deixou o gramado chorando muito
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Depois, o jogador completou com um texto feito por ele. "Jamais irei me calar diante de um ato tão desumano e desprezível! Minhas lágrimas foram de indignação, de repúdio e de impotência, impotência por não poder fazer nada naquele momento! Mas somos ensinados desde muito cedo a sermos fortes e a lutar! Lutar pelos nossos direitos e por igualdade! O meu papel é lutar , bater no peito, erguer a cabeça e seguir lutando sempre!"
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Dentinho também se pronunciou na manhã desta segunda-feira (11). Em sua conta do Instagram, o ex-corintiano falou que viveu o pior dia da vida dele. "Eu não queria comentar sobre o que aconteceu ontem, mas acho que não posso me calar diante de algo tão grave. Eu estava fazendo uma das coisas que mais amo na minha vida, que é jogar futebol e, infelizmente, acabou sendo o pior dia da minha vida. Durante o jogo, por três vezes, a torcida adversária fez sons que lembravam macacos, sendo duas vezes direcionadas a mim. Essas cenas não saem da minha cabeça. Não consegui dormir e já chorei muito. Sabe o que eu senti naquele momento? Revolta, tristeza e nojo de saber que ainda existem pessoas tão preconceituosas nos dias de hoje. Agradeço a todos pelas mensagens de apoio e manifestações de carinho"
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Revelado pelo Inter, Taison está há alguns anos na Ucrânia, mas garantiu que nunca tinha passado por uma situação como essa
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Willian, atualmente no Chelsea e com passagem pelo Shakhtar, também comentou a triste situação, cobrando uma postura da Federação Ucraniana. "É mais um episódio triste que acontece no futebol. Nós, jogadores, o que está ao nosso alcance a gente faz, a gente procura fazer para que isso acabe. Mas a responsabilidade maior é das entidades, das federações. Eles têm que se pronunciar nessas situações. Teve essa situação ontem e a federação ucraniana não se pronunciou. Teve há um tempo atrás com a seleção da Inglaterra e a Uefa também não se pronunciou. Então, situações como essa eles têm que se pronunciar, tem que ter a punição para que isso acaba de uma vez por todas. A gente fica triste e espera que isso possa acabar o mais rápido possível"
Lance
O Corinthians, ex-time de Dentinho, manifestou apoio em suas redes sociais
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O Inter também saiu em defesa do seu ex-jogador
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Episódio semelhante aconteceu com Mario Balotelli, no Campeonato Italiano. O atacante do Brescia ouviu gritos racistas, também chutou a bola nas arquibancadas e foi convencido por companheiros a ficar no campo. Leia mais
Filippo Venezia/EFE - 3.11.2019
Torcedores, técnico e parte da imprensa ligada ao Hellas Verona disse que tudo não passou de vaias