Liverpool é controlado por grupo americano
Lindsey Parnaby/EFE/08-05-10"O fato de meus antepassados americanos terem feito sua parte para melhorar a vida nos Estados Unidos e então aqui estou, um britânico, acolhido em seu meio, faz dessa experiência uma das mais comoventes e emocionantes da minha vida", disse Winston Churchill, em seu discurso em Washington, menos de um mês depois dos Estados Unidos entrarem na Segunda Guerra, em 1941.
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O clima era tenso no mundo, que combatia o nazismo, e via na aliança entre Estados Unidos e Reino Unido a salvação. Aquele momento foi o ápice da aliança entre Estados Unidos e Reino Unido, que, mesmo tendo colonizado o território americano, ou justamente por isso, foi se fortalecendo ao longo do tempo, unindo os dois países por laços culturais e pelo mesmo idioma.
O estadista Churchill, então primeiro-ministro britânico, era filho de mãe americana e pai britânico e simbolizou essa relação entre as nações. Quase oitenta anos depois, o Reino Unido optou por deixar a União Europeia e, nesta iniciativa, denominada Brexit, voltou-se novamente ao seu principal aliado.
Sem as facilidades do intercâmbio comercial com os países vizinhos, o Reino Unido novamente viu os Estados Unidos se apresentaram como principal parceiro. E o futebol inglês se tornou uma das portas de entrada para essa nova fase na relação entre os dois países.
Fundos de investimentos, incuindo americanos, como o Fenway Sports Group, têm investido no esporte das duas nações, criando conglomerados com atividades que antes eram restritas aos clubes. Se no passado uma agremiação contava com times de futebol, basquete e vôlei hoje também são os conglomerados que muitas vezes mantêm várias equipes.
O americano Fenway Sports Group, por exemplo controla o Boston Red Sox, da Major League Baseball, e o Liverpool, da Inglaterra. Em meados deste mês de março, soube-se que o grupo investirá cerca de US$750 milhões (R$ 4,25 bilhões) adicionais na equipe inglesa, valor que ficará ainda maior com aportes financeiros do astro da NBA LeBron James, que já tinha adquirido 2% das ações do Liverpool.
"Os novos proprietários americanos também podem tentar associar um clube inglês a qualquer uma das principais franquias esportivas dos Estados Unidos, já que os clubes ingleses oferecem os conhecimentos do futebol de elite. Mais criticamente, os compradores dos Estados Unidos avaliam os acordos de direitos televisivos como uma oportunidade de ouro para obter lucro.
Comparado com quaisquer outros ativos que esses especialistas financeiros possam ter, os clubes de futebol no Reino Unido parecem relativamente baratos, especialmente considerando a quantidade de história incrível que está associada a eles", afirma o consultor inglês Scott Michaels, da empresa Football People, ao The Jerusalem Post.
Outros investidores, como Abu Dhabi United Group, que se tornou proprietário do Manchester City desde 2008, também utilizaram o investimento em um clube inglês para impulsionar negócios nos Estados Unidos, criando o New York City, equipe de futebol, em 2013.
Essa ponte comercial fica facilitada pelo fato de o Reino Unido ser historicamente um dos aliados mais próximos dos Estados Unidos, com uma política externa altamente sintonizada, propícia para uma relação bilateral.
Em vários momentos pós-Segunda Guerra, os países adotaram uma política de muita proximidade, como nos casos da Guerra da Coreia (1950 a 1953), Guerra do Golfo (1990 a 1991), Guerra do Afeganistão (2001), ataques à Líbia (2011) e na Guerra do Iraque (2003 a 2011).
O Post destacou que, neste momento, enquanto o Reino Unido se distancia da Europa após o Brexit, o vínculo entre os EUA e o Reino Unido está se fortalecendo. A expectativa é a de que o dinheiro, que antes vinha de países europeus para o Reino Unido, seja substituído por financiamento da América e é aí que estão as oportunidades para os investidores americanos.
O futebol se tornou um atrativo por dois motivos: a visibilidade da Premier League e o interesse de investidores americanos desenvolverem cada vez mais o futebol nos Estados Unidos, com vistas à Copa do Mundo de 2026 que deverá ser realizada em território americano.
"Passei mais de cinco anos na América aconselhando e negociando com minhas marcas de moda e ligadas ao futebol, Stylo Matchmakers e Hairbond Reino Unido. Desde que fiz contato com compradores, enquanto adquiria ativos para meu catálogo nos EUA, fui inundado com a quantidade de interesse na disponibilidade de clubes britânicos, nossa cultura e marcas do Reino Unido, em primeira mão. Enquanto os investidores dos EUA estão pesquisando as oportunidades do Reino Unido, estou de volta ao solo inglês, equipado com uma solução pronta para uso para novos clientes proprietários de clubes ”, completa Michaels.
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