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A Copa do Mundo costuma reunir o que o futebol tem de mais sublime. Inclusive o frango do goleiro, falha que se torna uma verdadeira saga diante da representatividade do futebol. O espanhol De Gea, na sexta-feira (16), entrou para a lista ao deixar escapar um chute do sortudo e competente Cristiano Ronaldo, no empate por 3 x 3 entre Espanha e Portugal. Conheça outros goleiros que "frangaram" em Mundiais
Reuters
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O frango é um termo originário do início do século 20, que remete à dificuldade dos homens do campo de agarrar uma galinha, sempre serelepe e hábil em passar por debaixo das pernas do seu perseguidor. Na Copa de 1938, o francês Laurent di Lorto deixou escapar uma bola despretensiosa, que veio da esquerda. Ele reagiu como muitos outros depois dele. Chutou o ar, irritado
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A falha retrata algo do drama humano diante do imponderável, da culpa por um lapso, do desejo de perdão, da percepção da fragilidade humana diante do tempo que não volta, enquanto a bola está aquecida, cruel, parada e implacável, em algum ponto além da linha. Schrojf, na final da Copa de 1962, largou a bola em cruzamento e Vavá completou para o Brasil, que ficou com o título após vencer por 3 x 1
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Se não é fácil para um goleiro falhar em um jogo rotineiro, o terremoto interior é maior em um jogo de Copa do Mundo. O Zaire fora derrotado por 7 a 0 pela Iugoslávia e, bem em um momento que precisava melhorar a imagem de sua seleção, o goleiro Muamba Kazadi deixou a bola escapar em chute de Valdomiro. O Brasil, criticado, conseguiu a classificação graças aos 3 x 0
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O mundo parece ruir ao redor daquele que, por instantes é visto como vilão (impossível não ser assim). Mas passada a fúria dos instantes, acaba se tornando uma vítima do imprevisível, que ele jurou que conseguiria controlar. O grande goleiro Waldir Peres experimentou a sensação logo na estreia do Brasil em 1982, não agarrando chute de Andriy Bal, de longa distância. Para seu alívio, o Brasil venceu de virada aquele jogo, por 2 x 1. Ele ainda teve atuação de destaque, na vitória sobre a Argentina, por 3 x 1
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E a decepção do goleiro emerge em forma de frio na espinha, em desejo de sumir. O francês Joel Bats, que fora o carrasco do Brasil ao defender pênaltis de Zico (tempo normal) e Sócrates (prorrogação), em 1986, falhou no jogo seguinte, nas semifinais contra a Alemanha, em chute de Andreas Brehme, que cobrou falta. Ele agarrou pênaltis e falhou na falta que ajudou a desclassificar sua equipe. O destino do goleiro às vezes é mesmo irônico
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E aquele cuja missão é ser o guardião fica desnudado com o momentâneo fracasso diante do planeta. O planeta bola. O planeta dos homens. Até o experiente Nery Pumpido se sentiu um menino no primeiro jogo da Argentina na Copa. Era a abertura da competição. A bola vinda de uma cabeçada fraca de François Omam-Biyik passou entre seus braços, na vitória do surpreendente Camarões sobre o então campeão mundial
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Andoni Zubizarreta interpretou com maestria esse papel. Ele falhou em jogo decisivo contra a Nigéria, quando a Espanha foi eliminada da Copa de 1998. Depois do jogo, ficou sozinho no estádio, em silêncio, diante do apagar das luzes e de suas esperanças naquele Mundial
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Andreas Kopke, da Alemanha, em empate por 2 x 2 com a Iugoslávia (Copa de 1998) e Robert Green, dos Estados Unidos em empate por 1 x 1 com a Inglaterra (2010), também experimentaram o gosto amargo de um frango
Que jogo foi esse? CR7 faz 3 e salva Portugal da derrota para a EspanhaGetty Images
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Mas o mais recente a falhar, antes de De Gea, havia sido o russo Akinfeev, na Copa de 2014, quando a bola rolou lentamente por sua mão, como se estivesse coberta de sabão, antes de pingar dentro do gol, no empate da Rússia, por 1 x 1, contra a Coreia do Sul. Ele, como se falasse em nome de todos os seus colegas, pediu desculpas
Abertura da Copa da Rússia dura 15 minutos e chama atenção pela simplicidadeAFP