Um mês após a conquista do ouro inédito nos Jogos Pan-Americanos, a patinadora Bruna Wurts viu pontos importantes de sua vida mudar. No dia-a-dia, ela afirma que continua igual, porém o reconhecimento do trabalho deu a ela ainda mais confiança para seguir na carreira.
“As pessoas descobriram que estou aqui para lutar, para ser campeã pelo Brasil. Eu sempre acreditei, mas agora não sou mais só eu que acredita em mim. As pessoas também acreditam”, conta toda orgulhosa a atleta.
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Das histórias que Bruna traz a partir de Lima, ser exemplo para outros patinadores é a melhor de todas. “Esses dias uma menininha de 5, 6 anos, me viu e se emocionou. Disse para mim: ‘quero ser igual a você’. É bom demais. ”
Bruna acabou de completar 19 anos, desde os 3 ela brinca sobre os sapatos de rodinhas. O nível foi aumentando e a brincadeira ficou séria. Aos 11 anos, participou do primeiro Campeonato Sul-Americano e foi campeã. A primeira participação em Mundial chegou na adolescência, 16 anos, junto veio o quarto lugar. De lá para cá, não parou mais.
As disputas internacionais fizeram surgir uma Bruna adulta e madura, mesmo tão moça. “A minha maturidade vem muito das minhas escolhas. Abri mão de muitas coisas com meus amigos e família. Sempre penso que uma viagem, uma festa é uma felicidade temporal. A patinação é a felicidade da vida toda. ”
A rotina de Bruna é carregada. Treina duas vezes por semana, faz aulas de dança, corre para ganhar fôlego e vai à academia todos os dias, inclusive aos finais de semana. Tudo isso, ela tira de letra, mas tem um ponto fraco: a balança.
“O meu problema é manter o peso. Eu adoro um docinho. Na patinação não tem como questionar, um quilo faz muita diferença para fazer um salto. Minha treinadora me pesa toda a semana”, explica a brasileira.
Paitrocínio
Para chegar até aqui, Bruna sempre contou com a ajuda de Eric e Carla Wurts, seus pais. “Eles toparam apostar em mim desde o começo. Eles falavam: ‘o esporte é importante na vida, você vai fazer, não vai desistir’. ”
Essa aposta é cara. Sem patrocínio, mesmo depois do ouro pan-americano, o pai é quem banca a filha-atleta. “A única coisa que não tenho custo é com o material, os patins. O resto vem tudo dele. As viagens minha e da técnica, as roupas que uso em competição, a fisioterapia. Fico pensando quantas pessoas são talentosas e não seguem na profissão por não ter condição”, afirma a patinadora.
Bruna mora em Barcelona com a mãe desde os 15 anos e o pai mora no Brasil. A família se encontra três ou quatro vezes no ano. Essa separação é difícil para todos, mas a presença de Carla Wurts na Espanha é fundamental para a jovem atleta.
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}“A patinação é um esporte muito solitário, sou eu e os meus patins. Voltar para casa e minha mãe estar lá, me ajuda muito. A minha dieta é restrita, e ela me ajuda. Às vezes não quero fazer alguma coisa, e ela me incentiva a ir, a continuar”, comemora.