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Um consórcio de investidores pode salvar o futebol da Velha Bota

Por unanimidade, os 20 clubes da Série A do "Calcio" aprovaram a cessão de 10% dos seus direitos a três empresas especializadas em grandes aplicações

Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti

A entrada da sede da Liga de Clubes da Série A da Itália
A entrada da sede da Liga de Clubes da Série A da Itália A entrada da sede da Liga de Clubes da Série A da Itália

Embora fosse o personagem fundamental da cerimônia, o desfecho da longa e intrincada obra de reforma do Cristo Redentor no Rio de Janeiro, Paolo Dal Pino, um milanês elegantemente discreto, já bem grisalho nos seus 54 anos de idade, preferiu não se exibir no evento. Era o presidente da Pirelli para a América Latina, companhia instalada no Brasil desde 1929 e patrocinadora da operação, e havia coordenado, pessoalmente, todo seu detalhamento. Dom Orani Tempesta, arcebispo da cidade, chegou a convidá-lo para ligar as luzes do Cristo, com as cores da bandeira da Itália, em 3 de Agosto de 2016, dias antes da abertura da Olimpíada. Mas Dal Pino optou por ceder os louros a Matteo Renzi, na época o Presidente do Conselho de Ministros da Velha Bota.

Matteo Renzi e o arcebispo Orani Tempesta no evelto de iluminação do Corcovado
Matteo Renzi e o arcebispo Orani Tempesta no evelto de iluminação do Corcovado Matteo Renzi e o arcebispo Orani Tempesta no evelto de iluminação do Corcovado

Foi com a mesma sobriedade que, nesta quinta-feira, dia 19 de Novembro de 2020, Dal Pino, hoje o presidente da Liga de Clubes da Série A, anunciou, no dizer de colegas da Mídia peninsular, a “salvezza del Calcio”. Na quarta, o dia 18, depois de um jantar com alguns amigos e, ao menos, dois jornalistas, e de celebrar o belo sucesso da “Squadra Azzurra” contra a Bósnia, 2 X 0, e a sua respectiva classificação às semifinais da Liga das Nações da Europa, cauteloso ele havia comentado: “A situação é grave, aliás, gravíssima. Desde Fevereiro e até Dezembro a Série A vai acumular um prejuízo de 600 milhões de Euro” (o correspondente a R$ 3,8 bi). Perplexos os seus interlocutores, Dal Pino aduziu: “Porém, tenho esperança. Veremos, logo mais”. E de fato a esperança apagou boa parte das apreensões, quase todo o medo, nesta manhã de quinta.

Paolo Dal Pino, o presidente da Liga Série A
Paolo Dal Pino, o presidente da Liga Série A Paolo Dal Pino, o presidente da Liga Série A

Numa assembléia extraordinária da Liga, que abriga as 20 agremiações da divisão maior do Futebol da Bota, 14 votos bastariam. De todo modo, por 20, a unanimidade, a reunião aprovou uma proposta de Dal Pino e de Luigi De Siervo, seu principal executivo, que poderá, sim, mesmo, significar a salvação. Trata-se da criação de uma empresa destinada a administrar a marca pública da Liga, e mais o seu marketing e as suas comunicações, na Itália e no resto do planeta. Claro, nada de anormal, ou nada de extraordinário, além de uma peculiaridade bem polêmica: levará 10% dessa empresa um super-consórcio multinacional de investidores em fundos da chamada “Private Equity”.

Dal Pino e De Siervo, diante de um painel com os logos dos clubes da Série A
Dal Pino e De Siervo, diante de um painel com os logos dos clubes da Série A Dal Pino e De Siervo, diante de um painel com os logos dos clubes da Série A

Ainda não existe uma tradução conveniente e adequada para a expressão. Mas, basicamente, pode-se dizer que se trata de instituições dispostas a aplicar os seus dinheiros em negócios não cotados em Bolsa de Valores. No caso, o consórcio congrega a CVC, o Advent e a Fsi. A CVC é uma entidade com sede em Londres, tem 15 subsidiárias na Europa e nas Américas, mais 8 no Pacífico, e cuida de um patrimônio equivalente a R$ 850 bi. A Advent, com sede em Boston, nos Estados Unidos, tem 15 subsidiárias em 12 países e administra um patrimônio de R$ 285 bi. A Fsi levanta no consórcio a bandeira da Itália. Sediada em Milão, tem 3.000 escritórios e mexe com fundos de cerca de R$ 10 bi. O consórcio se compromete a jogar R$ 11 bi nos caixas dos clubes e de lhes assegurar um crédito subsidiado, a juros ridículos, de mais R$ 8 bi.

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Além de criar uma situação insólita no Futebol universal, com investimentos exclusivos no total dos clubes de uma federação, esse consórcio pretende literalmente implantar um ainda inédito sistema de promoção através da venda direta, sem intermediários ou agenciamentois, dos direitos de transmissão, a uma pluralidade gigantesca de plataformas. Sempre será possível ver um combate do “Calcio” por qualquer meio, em qualquer plaga da Terra. Evidentemente, falta se afinarem detalhes de um contrato previsto para seis anos. “Nós precisamos subir até o topo dessa escadaria”, admite Dal Pino. E ele se refere àquelas sempre delicadas questões jurídicas e fiscais que são inevitáveis em tal tipo de acordo. “Precisamos ajustar os números, o montante coletivo em relação ao valor individual de cada um dos clubes. Todavia, o pior virou passado. Num instante tão dramático para todos, no país, conseguimos inventar um sistema capaz de perdurar até muito depois da pandemia.”

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