Ao contrário dos imediatamente anteriores, este Dia 12 dos Jogos Olimpícos de Tóquio/2020, quarta-feira, 4 de Agosto de 2021, não prometia muitas oportunidades ao Time Brasil. De todo modo, a primeira das chances, e a melhor de todas, aconteceu quando ainda era a terça por aqui, 18h30 da tarde, o amanhecer no Japão. Aconteceu na Maratona Aquática de Águas Abertas do Odaiba Park, 25 atletas, dentre elas Ana Marcela Cunha, uma baiana de Salvador, nos 29 anos de idade, quatro lauréis de ouro na distância de 25km em Mundiais da modalidade. Pelo fato de a prova se realizar em 10km, a resistência de Ana logo a credenciou a ser considerada uma das grandes favoritas. E cumpriu a sua missão.
De fato, na primeira marca, além de ignorar o suplemento nutricional que se oferece mas que leva a competidora a desperdiçar algum tempo, Ana assumiu o segundo lugar, atrás apenas da norte-americana Ashley Twichell, 32. As duas, mais a alemã Leonie Beck, 24, passaram a definir o ritmo da contenda. Na marca dos 2.900 metros, Twichell e Ana aceitaram seus vasilhames de hidratação enquanto Beck preferia não perder tempo. Twichell, diplomada em Psicologia. Ana, em Educação Física. Beck, em Comunicações. Na metade da distância, Twichell e Ana, predominantes, passaram a compartilhar o comando.
Na penúltima base de alimentação, Twichell optou por construir vantagem enquanto as oponentes capturavam as suas garrafinhas. Ana se atrasou e permitiu que, além de Beck, também a chinesa Xin Xin, 24, tomasse a sua frente. Por contato indevido, Xin Xin recebeu uma advertência. Twichell não resistiu e cedeu à neerlandesa Sharon von Rouwendaal, 27.
Numa recuperação impressionante a baiana, apelidada de Pitbull das Águas, assumiu a ponta. Foram emocionantes, de arrepiar, mesmo, os 500 metros de desfecho, Ana um corpo de diferença sobre Rouwendaal e a intrometida Kareena Lee, 27, da Austrália. E a Pitbuul, com o gosto de uma campeã, mordeu a placa da chegada no tempo de 1h59’30”8. Ouro mágico, o quarto do Brasil em Tóquio, e o terceiro no oceano, depois de Ítalo Ferreira no Surfe e de Martine Grael & Kahena Kunze na Vela. Um impacto final de Ana, assim que tirou a touca: havia pintado os seus cabelos de um auri-verde quase fosforecente. Von Rouwendal ficou com a prata, 0”9 atrás. E Kareena Lee arrebatou o bronze, a 1”7.
O Brasil ainda brigaria, um pouquinho, por mais duas medalhas no Dia 12 de Tóquio. Na Vela, na classe 470, a timoneira Fernanda Oliveira, gaúcha, 40 de idade, e a proeira Ana Barbachan, também do Rio Grande do Sul, 27 anos, batalhariam pelo quase impossível numa Medal Race complicadíssima. No seu esporte as posições se decidem pelos pontos negativos. O primeiro de cada regata perde um, o seu segundo perde dois etc. Depois de dez etapas, o barco de Ana & Fernanda, na quinta colocação, somava 62 pontos.
Para chegar ao bronze, o seu máximo viável, necessitava vencer a prova, esperar que a Polônia de Jolanta Ogar & Agnieszka Skrzypulec, terceiro posto, findasse no oitavo, e que a Eslovênia de Tina Mrak & Veronica Macarol, do quarto caísse para o quinto. Numa tarde de ventos muito brandos, na caça de rajadas, as brasileiras se desgarraram tanto da flotilha que mal apareciam nos mapas visuais da regata. Aposta ruim. A Grã-Bretanha ganhou o ouro, a Polônia acabou com a prata, a França com o bronze e o Brasil desabou para nono.
No Skate Park das garotas, vinte inscritas, o Time Brasil participou com três atletas: Isadora Pacheco, 16 anos, de Florianópolis/SC; Dora Varella, paulistana, 20; Yndiara Asp, outra catarinense de Floripa, 23. Nas eliminatórias, Isadora obteve 37,08 pontos, a décima colocação. Dora, 41,59, a oitava. Yndiara, 43,23. Apenas oito continuaram na competição. Na rodada final, três chances cada qual, a valer a maior das avaliações, Dora e Yndiara precisariam melhorar muito, por exemplo, para bater a performance da Sakura Yosozumi, do Japão, no terceiro lugar, 45,98. As duas líderes: Sky Brown, da Grã-Bretanha, 57,40, e Kokona Hiraki, outra japonesa, a atleta mais jovem destes Jogos, 12 anos, com 57,40.
Na volta inicial, Dora e Yndiara se locupletaram de falhas da australiana Poppy Olsen e de um tombaço de Misugo Okamoto, também do Japão, e por um tempo saborearam o quinto posto e o sexto lugar. Avaliações, de todo modo, infelizmente bem longe da nota obtida por Sakura: 40,42 e 37,34 contra 60,09. Pior, praticamente anularam a sua volta intermediária. Restava sonhar com uma exibição de fato excepcional na derradeira. Dora realizava uma volta magnífica na sua última chance, com diversas manobras arriscadas, quando escorregou. Indiara idem. Mantiveram as avaliações originais, 40,42, a sétima, e 37,34, a oitava. Sky Brown desenvolveu uma performance que mereceria mais do que os 56,47 que lhe deram. Ao menos impediu o pódio triplo das anfitriãs. Kokona levou a prata, 59,04. E Sakura, o ouro, 59,04. Detalhe: seis meses mais nova do que Rayssa Leal, Sakura Yosozumi tirou da brasileira o simbólico troféu de medalhista mais jovem dos Jogos Olímpicos.
De se lamentar, neste Dia 12 dos Jogos de Tóquio/2020, a eliminação da última dupla brasileira do Vôlei de Praia. Nas quartas de final dos rapazes, Alison Cerruti e Álvaro Morais Filho perderam dos letões Tocs/Plavin por 2 X 0. Os mesmo letões que já haviam despachado Bruno Oscar Schmidt e Evandro Oliveira Júnior, nas oitavas, também por 2 X 0. No dia 10, no feminino, nas quartas, as suíças Verge-Depre/Heidrich sobrepujaram, por 2 X 1, Rebecca Silva e Ana Patrícia Ramos. Duda Santos Lisboa e Ágata Bednarczuck já tinham perdido, de 2 X 1, para as alemãs Ludwig/Kozuch. Triste primeira vez em que o Brasil não subirá a um pódio desde a introdução da modalidade nos Jogos de Atlanta/1996. Os atletas e os especialistas, com razão, reclamam do descaso da CBV. Correto. Porém, os atletas também têm a sua responsabilidade. São intensas e eventualmente inexplicáveis as trocas de parceiros, o que dificulta a continuidade e, por extensão, o entrosamento adequado.
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