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Por quê não se deve ter pena do campeão olímpico Thiago Braz

Atleta do Pinheiros, ficou sem contrato com o clube. Mas, mesmo sem ganhar nada desde o Rio/2016, ainda dispõe de fartos meios para se manter.

Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti

Thiago Braz, debaixo de chuva, a noite do brilho no Rio/2016
Thiago Braz, debaixo de chuva, a noite do brilho no Rio/2016 Thiago Braz, debaixo de chuva, a noite do brilho no Rio/2016

Por 24 anos eu fui integrante do Conselho Deliberativo do Esporte Clube PInheiros, por oito fui o presidente da sua Comissão de Esportes. Motivo de orgulho. Não é por tal condição, todavia, que eu uso este espaço para isentar o antigo Germânia no recente caso do rompimento do seu contrato de trabalho com o atleta Thiago Braz Silva, um especialista no Salto com Vara, ganhador da Medalha de Ouro nos Jogos Olímpicos do Rio/2016.

Sobre o Pinheiros, o ECP, eu lembro que, na esteira da Covid-19 e da sua conseqüente crise financeira, já havia dissolvido o time profissional de Basquete. Lembro que provém de longe o desprezo de uma ala de associados pelos esportes olímpicos que, convenhamos, compõem a coroa da sua História – o ECP, sozinho, já acumulou 12 dos 129 pódios do País.

A impressionante delegação do Pinheiros ao Pan de Lima/2019
A impressionante delegação do Pinheiros ao Pan de Lima/2019 A impressionante delegação do Pinheiros ao Pan de Lima/2019

Isentar, fique bem claro, exclusivamente no caso Thiago Braz. Pois me entristece que o Pinheiros, cujo Regimento Esportivo, ao lado de nobres famílias de Olímpicos como os Pinheiro Lima e os Carotini, eu ajudei a modernizar, se afaste inapelavelmente da sua tradição. Fazer o quê se os associados, ao menos os das mais novas gerações, pretendem o clube exclusivamente para o seu lazer particular? Um direito deles.

No caso Thiago Braz, todavia, existem duas vertentes que embrulham a discussão. Primeiro, a sua diretoria atual se justifica ao dizer que fez cortes de 25% nas remunerações via PJ e nos salários via CLT – óbvio, dentro das lógicas regras emergenciais estabelecidas pelo Congresso e pelo Governo. Segundo, paralelamente, apenas aceitou reduzir 16% no teor das fartas mensalidades pagas pelos mesmos sócios, impossibilitados de desfrutar os seus 170.000m2, 80.000m2 de área verde – e nos boletos de Maio/Junho.

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Uma vista aérea majestosa do que é o Pinheiros
Uma vista aérea majestosa do que é o Pinheiros Uma vista aérea majestosa do que é o Pinheiros

Enquanto ninguém se impacta diante da política de dois pesos e duas medidas do ECP, boa parte da mídia trata o preclaroThiago Braz como um “desempregado”, o “coitadinho”. Ora, outra vez convenhamos, praticamente não fará a ele a menor falta a grana que deixará de abiscoitar. Recebia, do ECP, o montante mensal de R$ 15.000,00. E o clube até topou lhe depositar a metade do valor remanescente até o dia 31 de Dezembro.

Ou, se a matemática não falha, mais R$ 60.000,00. E ninguém se preocupou em saber se Braz dispõe de outras fontes de sustento. Sim, dispõe, e muito bem, dispõe de um sustento com largas sobras, de acordo com alguém que conhece os detalhes. Recebe, da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), R$ 120.000,00 ao ano. A Nike, sua patrocinadora pessoal, também o agracia com outros R$ 180.000,00 ao ano. O COB, Comitê Olímpico do Brasil, mais outros R$ 120.000,00 ao ano. Enfim, um ótimo sustento, e às pencas.

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Thiago Braz, com o uniforme do ECP
Thiago Braz, com o uniforme do ECP Thiago Braz, com o uniforme do ECP

Também fique absolutamente claro que não pretendo contestar se Braz merece ou não aquilo que arrebanha. Porém, faço questão de rememorar que, em 2016, logo depois do seu Ouro nos Jogos do Rio/16, a Bolsa de Mercadorias & Futuros (BMF) lhe propôs um contrato primoroso, de R$ 420.000,00 ao ano, para mantê-lo em forma durante todo o novo ciclo olímpico, até Tóquio/2020. Mas, ambicioso, Braz recusou a oferta. Acreditava que, após o seu recorde de 6m03, debaixo de temporal, a sua carreira explodiria e ele poderia exigir muitíssimo além. Só que, então, empacou.

Nada mais natural, contemporizou o seu treinador, Vitaly Petrov. Seriam comuns, no trajeto de um atleta de especialização tão meticulosa, os lapsos eventuais. Tudo contaria, do tamanho ao peso da Vara, a sua flexibilidade, a empunhadura e o crucial número das passadas até a borda do sarrafo.

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Augusto Lima, prata no Pan de Lima/2019
Augusto Lima, prata no Pan de Lima/2019 Augusto Lima, prata no Pan de Lima/2019

Desafortunadamente, e já nos aproximamos de Maio de 2020, cerca de cem dias antes da data programada para o evento de Tóquio, Thiago Braz nunca mais se aproximou sequer dos 6,03. Depois do Rio, ele se limitou aos 5m60 do meeting de Shangai, em Maio de 2017, e aos 5m70 de Sotteville, na França, no comecinho de Julho de 2018. E, no Pan de Lima, entre Julho e Agosto de 2019, se limitou a pífios 5m51, atrás dos 5m76 do norte-americano Chris Nilsen, dos 5m71 de seu colega de clube, outro brasileiro, Augusto Dutra, e dos 5m61 de Clayton Fritsch, dos EUA. Uma performance horrorosa.

Thiago Braz em Formìa, numa entrevista para a RecordTV
Thiago Braz em Formìa, numa entrevista para a RecordTV Thiago Braz em Formìa, numa entrevista para a RecordTV

Apenas o quarto classificado, nem a sombra de um pódio Thiago Braz desfrutou. Ao menos, em outra ocasião, com 5m92, suplantou o índice mínimo de 5m80 para os Jogos que seriam de 2020, talvez ainda ocorram em 2021. Com exatos 5m80, Dutra meramente raspou o sarrafo. Ambos, todavia, uma légua distantes da maravilha de 6m18, pelo sueco Armand Duplantis. Ah, e cadê o Thiago Braz? Está na aprazível Formìa, uma cidadezinha bucólica de 40.000 habitantes, junto ao Mar Tirreno, na celebrada Via Appia que conecta Roma a Nápoles. Em Formìa, Vitaly Petrov tem um centro de treinamento com direito a uma praia. Pela terceira e derradeira vez, convenhamos, trata-se de um isolamento, ou uma quarentena, sim senhor, bem confortável.

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