Juventus contra Milan. Ex-craque das duas agremiações, mesmo debaixo de chuviscos o formidável Andrea Pirlo airosamente exibiu, aos quase 70.000 tifosi presentes no Olímpico de Roma, a taça dourada que anualmente ocupa as estantes de honra do campeão da Copa Itália. Foi como se inaugurou a festa da pugna decisiva da segunda competição em importância no Calcio.
Trata-se de um cerimonial que prevê, inclusive, a entrega do troféu pelo presidente da república. Quando o mediador Antonio Damato, um advogado da Puglia, 45 de idade, determinou o início da partida, automaticamente todas as celebrações deveriam ceder espaço à rivalidade radical. Mas, uma rivalidade que não se exacerbou, nesta tarde de 9 de Maio, no Olímpico de Roma, por causa da descomunal superioridade estatística da “Signora” do Piemonte sobre o “Diavolo” da Lombardia. Uma vantagem que o prélio da capital da Bota ratificou robustamente, assombrosamente, 4 X 0 para a Juve.
Na Copa, até aqui, já havia suplantado o Genoa (2 X 0), o Torino (2 X 0) e a Atalanta (1 X 0 em Bérgamo e 1 X 0 em Turim). Ou, nenhum gol concedido. E o Milan só havia se safado com tranquilidade do prélio de estreia, 3 X 0 no Verona. Depois, bateu a Inter na prorrogação, 1 X 0. Nas semis, duas vezes se igualou à Lazio, 0 X 0, para daí sobreviver nos penais, 5 X 4. No campeonato, depois de 36 rodadas, com 91 pontos, a Juve abriu o absurdo de 31 à frente do Milan. Em resumo: era a favoritíssima dos apostadores.
Ambos antigos volantes como Pirlo, Gennaro Gattuso e Massimiliano Allegri, os treinadores do Milan e da Juve, respectivamente o mais barato e o melhor remunerado do Calcio no momento, o equivalente a R$ 1 mi X R$ 25 mi por temporada, apenas tinham se confrontado duas vezes no passado, no campeonato de 2017/18, dois sucessos da “Signora”, 2 X 0 como visitante (Higuaín) e 3 X 1 em casa (Dybala, Cuadrado e Khedira versus Bonucci).
O orientador dos “Bianconeri” ainda se permitiu o luxo de preservar no banco titularíssimos como Alex Sandro e Higuaín. Um verdadeiro mastim nos seus idos de atleta, contudo, Gattuso não se apequenou. Embora apenas com tiros à distância e investidas fugazes, o Milan incomodou bastante a Juve, que exagerava no pedantismo da certeza do seu gol a qualquer instante. Um engano tolo. Em 45’, Buffon e Donnarumma, os arqueiros da “Zebra” e dos “Rossoneri”, realizaram duas defesas. As de Buffon, bem mais acrobáticas, muito mais complexas. E o placar estacionou, nulo, no 0 X 0.
Gattuso havia surpreendido Allegri ao centralizar a ação do seu meio-campo em Locatelli, bem mais ágil do que ele fora em funções semelhantes. E ao transformar a sua dupla de ataque, Suso e Calhanoglu, em tridente, com a inserção de Cutrone no time. Pior para a Juve, Douglas Costa, o seu iluminado nas rodadas recentes, se retraía num incrível ofuscamento. Até os 55’. Então, Donnarumma espalmou um tiro insidioso de Dybala. Escanteio. Pjanic levantou e Benatia acertou uma testada que mais lembrou um petardo, tal a sua potência. A “Signora” enfim aliviada, placar de 1 X 0.
Meros três minutinhos depois, Cuadrado desceu através do flanco destro e tocou a Douglas Costa, que acordou. Um tiro de canhota, quase rasteiro. Donnarumma hesitou entre segurar e rebater. Falha patética, Juve 2 X 0. Pois o mesmo garoto de 19 de idade, que alguns especialistas apontam como o sucessor de Buffon, cometeria mais uma barbeiragem. Numa cabeçada murcha de Mandzukic, soltou a pelota à frente de Benatia, quase na linha fatal da sua meta. O franco-marroquino apenas definiu, 3 X 0. E o massacre não se interrompeu. Aos 76’, no seu oitavo corner durante a peleja, Pjanic levantou com um efeito efetivamente traiçoeiro. Kalinic resvalou de cocoruto e Donnarumma caçou libélulas, impressionante infortúnio, 4 X 0.
Ao conquistar o título da Copa o clube triunfante merece o direito de bordar nos seus fardamentos o círculo da coccarda, decoração nacional, elegantemente plissada, de origem militar, datada da última década dos 1700. Para a Juventus, a 13ª da história da competição, a quarta em sequência. E a Juventus, talvez até mesmo no próximo domingo, dia 13, receberá, no campeonato, o scudetto de número 34. Aliás, espetacularmente na história do Calcio, o sétimo consecutivo. Dois galardões na sua camisa.
Detalhe: Allegri está prestes a se tornar antológico com quatro dobradinhas, quatro conquistas simultâneas do campeonato e da Coppa. Os seus críticos mais severos agora precisarão engolir o controvertido comandante.
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