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Dia 4 - Num dia aquático, o ouro de Ítalo Ferreira e o bronze de Scheffer

Atuação impressionante do surfista potiguar que derrotou os rivais e um mar mexido, primeiro topo do pódio do Brasil em Tóquio. Mais uma antológica performance de Fernando Scheffer nos 200m.

Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti

Ítalo Ferreira, o primeiro ouro do Brasil nos Jogos de Tóquio/2020
Ítalo Ferreira, o primeiro ouro do Brasil nos Jogos de Tóquio/2020 Ítalo Ferreira, o primeiro ouro do Brasil nos Jogos de Tóquio/2020

Neste último domingo, 25 de Julho, desatinadamente, de rota livre na direção dos 20 milhões de infectados e dos 560 mil mortos pela Covid-19, o País depositou a sua euforia nos ombros delicados de uma garota de 13 anos e 203 dias de idade. A menina se chama Rayssa Leal, tem 1m47 de altura, 35kg de peso e nasceu em Imperatriz/MA, na porta para a Amazônia, uma cidade confusa em que ainda predominam os inúmeros negócios ilegais.

Rayssa, a responsável pela euforia de um País atribulado pela Covid-19
Rayssa, a responsável pela euforia de um País atribulado pela Covid-19 Rayssa, a responsável pela euforia de um País atribulado pela Covid-19

No Skate, um dos esportes mais urbanos já inventados, e na modalidade Street, que inclusive exige equipamentos de suporte, Rayssa se tornou a mais jovem medalhista de toda a História Olímpica desta pátria tão surpreendente na sua capacidade de sobreviver às impunidades. Depois, porém, esgotadas as celebrações, o Time Brasil, que está no Japão para os Jogos de Tóquio/2020, retornou ao seu modo normal e continuou a batalhar pelo primeiro ouro na XXXII Olimpíada da Era Moderna. Afortunadamente, seria neste Dia 4 do evento que subiria ao topo do pódio. E subiu com Ítalo Ferreira do Surfe, um outro Esporte até esta edição inédito na longa História da idealização do Barão Pierre de Coubertin.

A medalha de ouro dos Jogos de Tóquio/2020
A medalha de ouro dos Jogos de Tóquio/2020 A medalha de ouro dos Jogos de Tóquio/2020

Houve nove oportunidades. Já a partir das 18h45 daqui, ou no amanhecer do dia 27 no Japão, com Luísa Baptista e com Vittoria Lopes no Triatlo das mulheres. A partir das 19h00, no Surfe, com Silvana Lima, Gabriel Medina e Ítalo Ferreira. Precisamente às 22h43, com Fernando Scheffer nos 200m Nado Livre. E então, no desenrolar da madrugada, mais duas chances com o Judô, de Eduardo Yudi e de Ketleyn Quadros, além de Jacqueline Mourão no Ciclismo, no Mountain Bike Cross Country, esta sem a menor possibilidade de algum laurel.

Fernando Scheffer
Fernando Scheffer Fernando Scheffer

Fernando Scheffer, preciosamente, arrebatou um bronze nos 200m da piscina do Tokyo Acquatics Center. Cobrar o mineiro de 23 anos por um degrau mais alto no pódio seria impiedoso. Seu tempo de 1’44”66 foi o melhor da sua carreira. Enquanto Fernando vibrava, no mar mexido da Praia de Tsurigasaki aconteciam as quartas de final, as semis e a decisão do Surfe, previamente marcada para a quarta-feira, dia 28, mas antecipada em 24 horas para não coincidir com a esperada e amedrontadora chegada de um perigoso tufão.

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Silvana Lima
Silvana Lima Silvana Lima

A caminho do ouro em Tsurigasaki, Silvana Lima, a garota número 5 no ranking do planeta, pegaria Carissa Moore, dos EUA, a número 1. Gabriel Medina, número 2 entre os homens, pegaria o 10, Michel Bourez, da França. E Ítalo, o líder dos rapazes, pegaria Hiroto Hohhara, do Japão, número 11.Embora consistente, sem se atemorizar com a fama de Carissa, a cearense enfrentou com garbo o mar batido, de vagas entrecortadas, mas perdeu a briga.

Gabriel Medina
Gabriel Medina Gabriel Medina

Empolgante no seu desfecho o duelo Gabriel X Bourez. O paulista de Maresias manteve uma folga razoável na contagem até quase os últimos cinco dos trinta minutos de regra. Então, o francês achou um “tubo” e apertou. O placar ficou 15,33 X 13,33 em favor do brasileiro. Que, porém, com a prioridade da onda subseqüente, só marcou o rival, cercou e e re-cercou a sua prancha e lhe impediu qualquer nova tentativa de dar braçadas,

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Ítalo Ferreira
Ítalo Ferreira Ítalo Ferreira

Ítalo entrou na água logo depois e, imediatamente, já na sua primeira onda, com uma estupenda acrobacia aérea de 360 graus, ganhou a nota 9,73 e deixou transparente como seria bem áspera a missão de Hohhara. Atingiu tal nível a superioridade do potiguar de Baia Formosa que a sua pior nota foi melhor do que a maior do rival. Beleza, Gabriel e Ítalo nas semis. E quem sabe a decisão não seria inteirinha do Brasil? Vã expectativa..

Gabriel Medina
Gabriel Medina Gabriel Medina

Claro que Gabriel queria o topo do pódio. E para chegar à final necessitava suplantar o japonês Kanoa Igarashi, o quarto do ranking na competição. Realizou uma exibição eletrizante. Com dez dos 30’ da bateria, já havia trocado de nota três vezes, sempre em ascensão. Em determinado momento o hospedeiro precisava de 9.09 para encostar. Na dúvida os jurados sempre protegem o anfitrião. Sabe-se lá como, cravou incríveis 9,33.

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Ítalo Ferreira
Ítalo Ferreira Ítalo Ferreira

A Ítalo, evidentemente, muito mais passou a interessar o triunfo na sua bateria. E, para conduzir o Brasil à decisão, tinha que sobrepujar o australiano Owen Wright, o quinto no ranking. Eletrizante a contenda, em particular porque, num certo momento, Wright navegou a sua melhor onda em toda a competição, 6,47, e encostou no somatório de Ítalo. O brasileiro, todavia, merece a fama de se resgatar automaticamente quando pressionado e fechou as contas com um 6,67 e com o placar definitivo de 13,17 a 12,47. Disputaria a final com Igarashi. Gabriel batalharia contra Wright pelo consolo do terceiro posto.

Daniel Cragnin, por enquanto a única medalha do Judô, um bronze
Daniel Cragnin, por enquanto a única medalha do Judô, um bronze Daniel Cragnin, por enquanto a única medalha do Judô, um bronze

Intervalo no Surfe, e entrariam no tatame do Budokan, na capital universal do Judô, a brasiliense Ketleyn Quadros, na categoria até 63kg, e Eduardo Yudi Santos, um nativo de Ibaraki, da turma de até 81kg. Até esta data, graças ao bronze de Daniel Cargnin, o Judô do Brasil já somava 23 medalhas, exatamente como o Voleibol, 13 na areia e 10 na quadra. E Ketleyn, porta-bandeira com o levantador Bruninho na Abertura, fôra, em Pequim/2008, a primeira garota do País a ganhar uma medalha individual, bronze. Yudi nem superou sua estreia. Sofreu um Ippon, o golpe perfeito, do israelense Sagi Muki, aos 1’35” da luta.

Ketleyn, o único prêmio em Tóquio, ser a porta-bandeira do Time Brasil
Ketleyn, o único prêmio em Tóquio, ser a porta-bandeira do Time Brasil Ketleyn, o único prêmio em Tóquio, ser a porta-bandeira do Time Brasil

Para Ketleyn, porém, a jornada começou bem tranqüila. A hondurenha Cergia David atravessou o limite de peso, foi desclassificada e a brasiliense de 33 anos pulou direto às oitavas de final. Por Ippon, aos 3’23”, bateu a mongol Gankhaich Bold. Mas, nas quartas, recebeu um Waza-Ari, uma derrubada lateral, aos 3’10”, e foi imobilizada pela canadense Catherine Bauchemin-Pinard. Pena. De todo modo, ainda poderia tentar um bronze numa repescagem contra a holandesa Juul Franssen. Iniciou muito melhor o combate mas, a 1’40” do final do tempo, numa triste repetição da falha contra a canadense, foi imobilizada.

Vittoria Lopes e Luísa Baptista, do Triatlo
Vittoria Lopes e Luísa Baptista, do Triatlo Vittoria Lopes e Luísa Baptista, do Triatlo

Enquanto a Natação surpreendia, o Surfe emocionava, o Judô titubeava, o Triatlo produzia apenas frustração. Já no início dos 1.500 metros da Natação a paulista Luísa Baptista, 27 de idade, sumiu de vista, na 48ª posição entre 80 contendoras. A cearense Vittoria Lopes, porém, ainda se manteve no pelotão de frente até cerca de 35 dos 40 quilômetros do Ciclicsmo. Então, na transição para os 7,5 quilômetros da Corrida, paulatinamente ficou sem fôlego e fechou a prova na 28ª posição. Luísa Baptista ficou na 32ª colocação.

Gabriel Medina
Gabriel Medina Gabriel Medina

Valeu não ceder ao sono na friagem da madrugada de 27 aqui no Brasil. Mesmo quem não curte o Surfe, ou quem, por exagero no purismo, não considera o Surfe digno de integrar um programa de Olimpíada, se pregou diante da TV à espera do inédito ouro do País em Tóquio/2020 e, talvez do bronze de Gabriel Medina. Que, no entanto, pena, foi derrotado milimetricamente por um Owen Wilson mais afortunado na escolha de cada onda, 11,97 X 11,77. Daí, restava esperar que, no prélio entre Ítalo Ferreira e Kanoa Igarashi, os juízes não agissem caseiramente. Não adveio da arbitragem, porém, o grande e impactante risco que Ítalo enfrentou, um acidente extraordinário capaz de arruinar a sua belíssima prova.

Ítalo Ferreira
Ítalo Ferreira Ítalo Ferreira

Ocorreu com menos de três minutos de ação. Numa onda descomunal, a prancha dileta de Ítalo se partiu ao meio. E ele precisou, desesperadamente, trocá-la por outra, talvez menos adequada às circunstâncias do mar. Maravilhoso o brasileiro, todavia. Nas duas vagas subseqüentes, e ainda sem desferir as suas acrobacias aéreas, ele somou 12,50 e abriu uma boa folga sobre Igarashi. Paciente, consciente, inspirado na leitura das oportunidades, a cada nova onda Ítalo aumentaria um pouquinho o seu total. Cerca de 10’ do final e o japonês necessitava de duas marcas enormes, um 10 pleno e mais 4,77. Aos 3’, de 15,14. Impossível a reação. Comoveu o choro incintrolado de Ítalo na entrevista de praxe.

Pois é. Um ouro numa Olimpíada não tem preço, mesmo.

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