Na quantidade, foram impecáveis os esportistas e aqueles nem tanto, 48 personagens com o direito de votar nas eleições que o COB, o Comitê Olímpico do Brasil, realizou nesta manhã de sexta. Compareceram todos os devidamente aptos, os 35 presidentes de confederações, os 12 representantes dos atletas e Bernard Rajzman, ex-Vôlei, embaixador do COI no País. Na qualidade, porém, convenhamos, ainda nem tanto, mesmo.
Momentos cinematográficos e simbólicos da sessão: nem sempre de gravata, 33 dos 35 presidentes se exibiram dentro de respeitáveis paletós. Menos Bob Burnquist, do Skate, de bonezinho com a aba virada para trás, e Adalvo Nogueira Argolo, do Surfe, com uma camisa florida à la Havaí. Os 12 atletas, à vontade na sua foto informal, logo vestiram os seus fardamentos usuais, camisas tipo pólo, com dísticos bordados. Aliás, só entre os atletas havia garotas: Beatriz Futuro (Rúgbi), Fabiana Murer (Atletismo), Poliana Okimoto (Natação de Águas Abertas) e Yane Marques (Pentatlo Moderno).
As eleições transcorreram em quatro etapas e com urnas eletrônicas oficiais, fornecidas pelos tribunais adequados. Por etapas, primeiro a escolha de um Vice. Daí, a dos oito presidentes de confederações que integrarão o Conselho de Administração, juntamente com dois independentes. E então, aquela dos cinco membros do novíssimo Conselho de Ética, determinação de um Estatuto novo, instaurado na esteira da modernização radical pós-Era Nuzman.
Apesar da goleada brutal, depois do debate promovido pelo Instituto Sou do Esporte era esperadíssimo o sucesso de Marco Antonio de Mattos La Porta Júnior, presidente da Confederação do Triatlo. para o posto de Vice. Efetivamente, o melhor preparado. Sucesso avassalador, porém, 44 votos contra os os meros três de Marcel Ponikwar de Souza, ex-astro do Basquete, e um único de José Medalha, um ex-treinador da mesma modalidade.
Dos treze candidatos das confederações ao Conselho de Administração, ao menos três, digamos, polêmicos, abiscoitaram um lugar. Mauro José da Silva (do Boxe, 29 sufrágios), João Tomasini Schwertner (da Canoagem, 28) e Ricardo Pacheco Machado (da Esgrima, 24), acusados de comportamento ditatorial, já mereceram críticas públicas dos seus próprios atletas. Sílvio Acácio Borges, do Judô, a entidade de Paulo Wanderley, o atual Presidente, recebeu o maior volume de apoios, 39. Atrás vieram Euclides Gusi (Golfe, 33), Matheus Figueiredo (Gelo, 32) e Marco Aurélio de Sá Ribeiro (Vela, 30).
A vaga derradeira precisou de um desempate. Enrique Montero Dias (Levantamento de Pesos) e Luiz Carlos Cardoso do Nascimento (Karatê) acumularam 21 votos. Aconteceu, então, um pleito extra, com cédulas de papel. Por 24 a 22, além de dois nulos, Nascimento superou Dias, o autoritário monarca dos Pesos contra quem, dias atrás, os dezesseis convocados a uma prova seletiva para o próximo Pan, numa rebeiião inédita, se recusaram a participar. Completaram o elenco Carlos Augusto Osso, um abnegado dirigente do Pinheiros de São Paulo, 23 votos, e o surpreendente Sérgio Augusto Rodrigues, 36, cuja façanha, digamos, mais inusitada, consistiu em manifestar o seu apoio à venda de bebidas alcoólicas nas estradas.
Ocorreu, finalmente, a seleção dos cinco integrantes do Conselho de Ética. Havia cinco candidatos indicados por confederações ou clubes, mais dez independentes, em busca de cinco postos, três desses obrigatoriamente para os autônomos. Um dos independentes, Alberto Murray Neto, disparou e reuniu 35 votos. Nada mais justo. Um advogado, também maratonista, descendente direto de Sylvio de Magalhães Padilha, ex-membro da Comissão Arbitral do Esporte de Lausanne, Suíça, durante uma década ele foi o principal denunciante dos desmandos da Era Nuzman.
Os dois não-independentes ostentam currículos repletos de benefícios aos esportes. Sami Arap Sobrinho já foi presidente da ascendente e bem administrada entidade que comanda o Rúgbi no Brasil. Bernardino Santi é um especialista em Medicina do Desporto. Dos outros dois independentes, contudo, sabe-se pouco, além do fato de exercerem a magistratura. Guilherme Augusto Caputo Bastos, 26 votos, um ministro do TST, chegou a se manifestar contra a legalização da jornada de trabalho das empregadas domésticas por ser “impossível controlar os seus horários”. E o desembargador Ney de Barros Bello Filho se destacou por conceder prisão domiciliar a Geddel Vieira Lima, aquele ex-ministro dos 50mi de reais em grana viva que a PF coletou num apartamento de Salvador.
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