Ainda não aconteceu, digamos, uma alta médica digna desse nome. Parece provável que o Calcio retome as suas atividades básicas a partir do dia 4 de Maio. O retorno, porém, deverá ocorrer ainda dentro do hospital. Uso a metáfora, adequadíssima, para explicar a decisão que a FIGC, ou Federazione Italiana Giuoco Calcio, também conhecida por Federcalcio, promete adotar depois de se aconselhar com a sua douta Comissão Científica, sob a presidência do professor Paolo Zeppilli. Tal comissão definiu o “Protocolo Sanitário” que determina as regras indispensáveis à retomada dos treinamentos. Normas que não parecem confortáveis, pelo contrário.
Para a Comissão, especificamente instituída em função da Covid-19, o professor Zepilli reuniu quatro mestres de currículos extraordinários e indebatíveis: Roberto Cauda (o catedrático de Moléstias Infecciosas da Universidade Católica), Massimo Fantoni (o diretor da Unidade Covid-19 do importantíssimo Instituto Policlinico Gemelli de Roma), Walter Ricciardi (membro da OMS e conselheiro do Ministério da Saúde), e Francesco Vaia (Diretor do histórico Instituto Nacional para Moléstias Infecciosas Lazzaro Spallanzani, também da capital da Bota).
Fruto de quase três semanas de trabalho, o “Protocolo” indica os procedimentos cruciais a se adotarem para que não se comprometa a segurança de ninguém: “Todos nos empenhamos sem pressa, mas sem descanso”, observa Zepilli, “até que concordássemos no estabelecimento de uma série de princípios duros mas factíveis que garantam a proteção de atletas, do estafe técnico, dos médicos e dos fisioterapeutas, dos funcionários de seu entorno, e ainda dos seus familiares e agregados. Nada será liberado antes que todas as investigações dêem resultados negativos.”
Num passo inicial, em 4 de Maio, clube a clube, todos se submeterão a um teste molecular e a um teste sorológico, de acordo com as normas padronizadas da OMS, para se avaliarem as suas condições. E, igualmente, passarão por análises clínicas e corpóreas, da medição de temperatura à investigação de eventuais sintomas da Covid-19 e até de outras doenças possíveis. Aqueles considerados aptos, então, iniciarão uma concentração fechada, ao estilo dos retiros de pré-temporada. Por uma questão de logística, a Comissão sugere um escalonamento: primeiro a Série A e, posteriormente, a Série B, a Série C etcetera etcetera.
Obviamente, o lugar do retiro respectivo já deverá estar compulsoriamente higienizado, sanitizado, desinfetado, em todos os seus departamentos, campos, quadras, spas, alojamentos, refeitórios, auditórios. No caso de o clube não dispor de hospedagem na sua própria concentração e se utilizar de hotéis ou equivalentes, absolutamente todos os ambientes dos albergues receberão o mesmo cuidado. Um outro profissional, Angelo Pizzi, médico-chefe da AIA, a Associazione Italiana Arbitri, se encarregará de formular e de vigiar os procedimentos relacionados aos mediadores, mesmo que por enquanto permaneçam em isolamento domiciliar.
Gabriele Gravina, o presidente da FIGC, e Paolo Zepilli, consolidaram todos os detalhes do “Protocolo” em um documento enviado a Vincenzo Spadafora, o Ministro do Esporte, e a Roberto Speranza, o Ministro da Saúde, que já marcaram, para a próxima quarta-feira, 22 de Março, um “Super Vértice” on-line, via conferência televisiva, de toda a cúpula do Futebol da Velha Bota, cartolas em geral, representantes dos atletas, dos árbitros, inclusive da Mídia, para se dirimirem dúvidas e se ajustarem detalhes. Minúcias, claro, apenas em relação à súbita necessidade de uma pré-temporada de meio de certame. Daí, quando o torneio poderá ressuscitar? Eis a questão. Gravina ao menos já prometeu: “Eu não serei o coveiro do Calcio.”
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