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A UEFA explica a sua lógica de não existir o VAR nas eliminatórias

A ausência da tecnologia impediu Portugal de bater a Sérvia, em Belgrado. Mas, de fato é inviável levar o aparato a todos os estádios das suas 55 afiliadas. Parece justo que não houvesse em nenhum.

Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti

O sofisticado aparato do VAR que a FIFA montou na Copa da Rússia/2018
O sofisticado aparato do VAR que a FIFA montou na Copa da Rússia/2018 O sofisticado aparato do VAR que a FIFA montou na Copa da Rússia/2018

Não bastasse a pandemia da Covid-19, a imensurável e absurda intempérie que um super-ultra-micro-organismo batizado de SarsCov-2 produziu no planeta, também o Futebol, como instituição, atravessa momentos de abalo impensável apenas dois anos atrás. Foi até com um certo alívio que a cartolagem da FIFA, a entidade que organiza o Esporte Bretão no mundo, e a UEFA, sua subsidiária na Europa, insolitamente puderam festejar, nesta última semana do mês de Março, sem qualquer incidente sanitário, o feliz desfecho das três rodadas inaugurais das eliminatórias do continente à Copa do Qatar/2022. Aconteceram, sim, vários problemaços. De todo modo, poderiam ocorrer inclusive sem a Covid-19.

No lance do CR7, contra a Sérvia, uma imagem de TV, a bola meio metro dentro da meta
No lance do CR7, contra a Sérvia, uma imagem de TV, a bola meio metro dentro da meta No lance do CR7, contra a Sérvia, uma imagem de TV, a bola meio metro dentro da meta

Numa reunião virtual de análise e de crítica dos eventos, digamos, preocupantes, das eliminatórias, um episódio concentrou as atenções dos observadores. No dia 27, no Rajko Mitic Stadium de Belgrado, o árbitro neerlandês Danny Makkelie não percebeu que, já nos acréscimos de Sérvia X Portugal, placar em 2 X 2, uma bola tocada por Cristiano Ronaldo ultrapassou a linha de gol em quase 50cm. Portugal teria vencido o prélio por 3 X 2 e seria o líder solitário do Grupo A com 9 pontos, bem à frente dos 6 da hospedeira. Ironicamente, Marko Diks, auxiliar e compatriota de Makkelie, também não se apercebeu do tento porque o corpo do CR7 lhe atrapalhava a visão. Enorme azar: a TV atestou a entrada da pelota.

Makkelie, o árbitro que não viu o gol, num gesto involuntariamente emblemático
Makkelie, o árbitro que não viu o gol, num gesto involuntariamente emblemático Makkelie, o árbitro que não viu o gol, num gesto involuntariamente emblemático

O famigerado VAR, o árbitro de vídeo, claramente teria confirmado o tento. O próprio Makkiele, ao se encerrar o cotejo, pôde verificar um replay do lance num monitor de uma emissora de TV e imediatamente rumou ao vestiário de Portugal para se desculpar. Mas, por quê não houve o VAR naquele jogo? Resposta triste, mas simples: porque não existe o VAR nas eliminatórias da Europa. Pier Luigi Collina, um ex-brilhante apitador e hoje responsável pelo departamento respectivo na FIFA, explica, com a lógica fria da inevitabilidade: “Uma questão de equidade. Seria impossível instalar um sistema adequado, correto, conveniente de VAR, em estádios de todas as 55 afiliadas da UEFA.”

O Victoria Stadium de Gibraltar, obviamente impossível lá se instalar um VAR
O Victoria Stadium de Gibraltar, obviamente impossível lá se instalar um VAR O Victoria Stadium de Gibraltar, obviamente impossível lá se instalar um VAR

Faço uma tradução singela. Integram a UEFA, inclusive, federações que não correspondem a nações formais, caso de Ilhas Far Oer e Gibraltar, dependentes da Dinamarca e da Grã-Bretanha. Kosovo, embora partecipe da FIFA e da UEFA, ainda não foi reconhecido, sequer, pelo Brasil. Além disso, a Europa do Ludopédio vai da Islândia até o Cazaquistão, uma distância de quase 5.200 quilômetros. E não se trata, só, de uma complicação de logística, que a aviação resolveria em tempos normais, ou de grana, que a FIFA e a UEFA possuem, às pencas. A essas dificuldades se somam as condições de vários estádios, vetustos, sem a menor chance de receber a complexa tecnologia do VAR. A síntese de Collina: “Vale para todos, ou para nenhum.” Ele só admite o sistema da pelota com chip e com os sensores de linha de gol, fácil de se aplicar, eventualmente portáteis e bastante baratos.

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O elenco da Juventus para 2020/2021, um absurdo de gastos com intermediários
O elenco da Juventus para 2020/2021, um absurdo de gastos com intermediários O elenco da Juventus para 2020/2021, um absurdo de gastos com intermediários

Outro problemaço adveio do cumprimento, por enquanto apenas pela FIGC, a Federazione Italiana Giuoco Calcio, de uma normativa da FIFA, a publicação anual dos dados referentes ao volume de dinheiro gasto por cada entidade com os empresários de jogadores, os chamados “agentes autorizados”. Na temporada de 2019 a Federação da Bota acusou o pagamento bruto de 187 milhões de Euro, cerca de R$ 1,26 bi. Esperava-se que, em 2020, como resultado da Covid-19, acontecesse a queda, uma natural economia nesse tipo de gasto. Afinal, sem o público nos estádios, as fontes de rendimento dos clubes escassearam. Sim, houve diminuição. Insignificante, todavia: 138 milhões de Euro, ou R$ 930 milhões. Apenas a Juventus, na sua briga pelo décimo titulo consecutivo na Série A, despendeu com os intermediários perto dos R$ 130 milhões. E isso para um elenco que fracassou nas oitavas de final da “Champions League” e que, no “Nazionale” da Velha Bota, amarga uma distância dramática de dez pontos atrás da lideríssima Internazionale de Milão.

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