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A Natação permanece viva e o Atletismo desponta em Tóquio

Mais um ouro, uma prata e um bronze na piscina. E na pista e no campo os prêmios já começam a aparecer. Logo no seu primeiro dia, maravilha, foram quatro medalhas de ouro e duas de bronze.

Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti

Silvania Costa de Oliveira
Silvania Costa de Oliveira Silvania Costa de Oliveira

Nada como celebrar feitos gloriosos de uma associação feliz e duradoura. No caso da participação do Brasil nos Jogos da XVI Paralimpíada, agora realizada em Tóquio, no Japão, nesta sexta-feira, 27 de Agosto, enfim ocorreu o acoplamento das duas modalidades mais laureadas do País em toda a História do evento. Incluídas aquelas que os seus atletas já arrebataram, no Oriente, até antes desta sexta, total de 309 medalhas (88 de ouro, 115 de prata e 106 de bronze), 108 provinham da Natação (33-35-40), cujas atividades haviam se iniciado no dia 25. Faltava a estreia do Atletismo, de 142 medalhas (32-34-36). Pois logo nas duas primeiras provas do seu menu hasteou a bandeira do Brasil no mastro mais alto.

Yeltsin Jacques, com Santos, o seu guia no final da prova
Yeltsin Jacques, com Santos, o seu guia no final da prova Yeltsin Jacques, com Santos, o seu guia no final da prova

Aconteceu nos 5.000m com o sul-matogrossense Yeltsin Jacques, de Campo Grande, 29 anos, que uma retitine de nascença deixou com meros 5% de visão. Ele precisa de guia para correr, circunstância comum na categoria T 11: geralmente um atleta de apoio que segue ao seu lado e o conduz graças a uma espécie de fita presa aos punhos de ambos. Yeltsin soube aproveitar estrategicamente os dois que, no caso de longas distâncias, a regra permite. Habitualmente os fundistas trocam de guia na metade da prova. Yeltsin, porém, desfrutou ao máximo a resistência de Laurindo Nunes Neto, liderou o pelotão de dez até os 3.500m e não se abalou quando, no comecinho da volta derradeira, o japonês Kenya Karazawa o suplantou e daí abriu uma folga de mais de vinte passos. Antonio Carlos Santos assumira o guia e Yeltsin disparou. Claro que um guia jamais pode ficar adiante do guiado, pois isso causa a desclassificação. O seu estímulo, porém, é essencial, e o guia também sobe ao pódio e recebe o seu galardão. Em 2016, no Rio, Yelstin fôra o quinto colocado. Agora, em Tóquio, tempo de 15’13”62, levou o ouro, e com recorde sul-americano.

Silvania
Silvania Silvania

Paralelamente ao triunfo de Yeltsin, na prova do Salto em Extensão, a também sul-matogrossense Silvania Costa de Oliveira, de Três Lagoas, 34 de idade, tentaria defender o seu título do Rio/2016 – então, sem saber, grávida de dois meses. Desde garota padece da Doença de Stargardt, que provoca a perda paulatina da visão. Tensa porque Yuliia Pavlenko, da Ucrânia, sua principal adversária, obteve a marca bem confortável de 4m84 na primeira tentativa das suas seis, Silvania queimou duas chances e apenas no seu quinto salto obteve exatos 5m00, bem abaixo do recorde pessoal de 5m46 porém suficientes para o ouro. Pena que outra ucraniana, Asila Mirzayorova, tenha atingido 5m91 em sua derradeira tentativa. Não apenas surrupiou a prata de Pavlenko como furtou o bronze de Lorena Spoladore, uma paranaense de Maringá, 25 anos, que fizera 4m74.

Houve ainda contendas eliminatórias que qualificaram os brasileiros a finais, programadas para outro horário. Mas, antes que se efetuassem essas decisões do Atletismo, ou o prato principal da jornada, o menu da sexta dos Jogos de Tóquio propôs ao Brasil, como antepasto, a oportunidade belíssima de mais três pódios em cinco provas na piscina.

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Carol Santiago
Carol Santiago Carol Santiago

MARIA CAROLINA SANTIAGO

S10 – 100m Borboleta

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Recifense veterana, de 36 anos, engenheira civil, Carol nasceu com uma deficiência congênita de nervo ótico, circunstância que lhe permite apenas vislumbrar formas chapadas com o olho esquerdo e que compromete a sua visão periférica do direito. Era atleta de águas abertas até que o risco inerente a enviasse à piscina. Sétima nos 100 Borboleta, havia utilizado a prova apenas para se adaptar ao espaço pois sua especialidade é a prova dos 50 Livre, a campeã do Mundial de Londres/2019. Foi muito bem na contenda, 1’09”18, recorde sul-americano, bronze, 36 centésimos atrás da segunda colocação.

Gabriel Bandeira
Gabriel Bandeira Gabriel Bandeira

GABRIEL BANDEIRA

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S14 – 200m Livre

Ouro nos 100m Borboleta, por 34 centésimos o garoto de Indaiatuba/SP, 21 de idade, um deficiente intelectual com dificuldade de aprendizado e de entendimento, não bisou a façanha e levou uma prata. Completou a distância em 1’52”74 enquanto Reece Dunn, da Grâ-Bretanha, obtinha o tempo magistral de 1’52”40. novo recorde do planeta.

Wendell Belarmino Pereira
Wendell Belarmino Pereira Wendell Belarmino Pereira

WENDELL BELARMINO PEREIRA

MATHEUS RHEINE

S11 – 50m Livre

Catarinense de Brusque, 28 de idade, deficiente visual de nascença, Matheus já havia disputado os 400m, o quinto lugar com o tempo cabalístico de 4’44”44, o seu recorde pessoal. Nesta prova ficou na sexta colocação mas ainda poderá tentar um pódio no dia 3 de Setembro, nos 100m Borboleta. Quanto ao brasiliense Wendell, 23 anos, bem, foi arrasador. Um glaucoma congênito o obrigou a seis cirurgias sacrificantes mas infrutíferas. Tem meramente 3% de percepção nos dois olhos. E daí se, como ele diz, por exemplo, consegue nadar com “99% de eficiência”? Disparou nesta prova e arrebatou o ouro com o tempo de 26”03, ou milímetros à frente dos 26”18 do favoritíssimo Hua Dondong da China. E Wendell ainda vai participar dos 200 Medley no dia 30 e dos 100 Borboleta no dia 3.

Wallace Santos
Wallace Santos Wallace Santos

Além dos pioneiros coletadores de ouro, Yeltsin Jacques e Silvania Costa de Oliveira, os brasileiros subiriam mais duas vezes ao topo do pódio e acumulariam outras duas medalhas de bronze. Agora, o total do Atletismo registra 146 medalhas (34-34-38). No Arremesso de Peso T55, deficientes físicos, o carioca Wallace Santos, 37 de idade, até mesmo quebrou o recorde mundial com 12m63. A marca anterior, 12m47, desde Julho de 2017 pertencia ao búlgaro Ruzdhi Ruzdhi. Mecânico de veículos, em 2007 ele trabalhava debaixo de um ônibus quando o macaco hidráulico falhou e toda a estrutura desabou sobre o seu corpo. Fraturou uma vértebra lombar e ficou paraplégico. Faz o seu arremesso com a mão direita e apoiado numa cadeira especial, que tem uma manopla na qual prende a mão esquerda para facilitar o crucial movimento de torção do tronco.

João Victor
João Victor João Victor

Também no Peso, outra categoria, a F37, para atletas com dificuldade na coordenação motora, outro carioca, João Victor de Souza Santos, 27 anos, adquiriu a deficiência, aos 15 anos, depois de uma cirurgia destinada a extrair um coágulo sanguíneo de seu cérebro. Na recuperação, sofreu um acidente vascular que limitou o seu controle muscular no lado esquerdo do corpo. Na realidade, João Victor é um especialista no Disco. Resolveu participar do Peso como um teste de avaliação de um dedo lesionado num treinamento. Felicíssima avaliação. Com 14m45, só cinco centímetros distante da prata, abocanhou o bronze. E ainda disputará a sua efetiva especialidade, com grande chance, no dia 3.

Petrúcio
Petrúcio Petrúcio

Enfim, duas medalhas de uma vez, ouro e bronze numa mesma prova, brotaram na prova dos 100m T47, para deficientes físicos dos membros superiores. Impossível não esperar que o campeoníssimo Petrúcio Ferreira dos Santos, recordista mundial com 10”42, conquistasse o ponto mais alto do pódio. Paraibano de São José do Brejo da Cruz, apenas 23 anos, um meninote, aos dois, ele teve o braço esquerdo esmagado num moedor de cana do sítio de sua família quando tentava alimentar algumas vacas com capim picado. Pela dificuldade se apoiar na pista, na largada, habitualmente atrasa o seu início de corrida. Daí, porém, a sua arrancada se torna avassaladora. Registrou 10”53, um novo recorde paralímpico, oito centésimos à frente do polonês Michal Derus, o seu eterno rival.

Washington Junioir
Washington Junioir Washington Junioir

O País colocou mais dois velocistas na final dos 100m T47. O paulistano Lucas de Sousa Lima, 25, que perdeu o braço esquerdo num acidente de moto, em 2013. E o carioca Washington Junior, o Chitão, que nasceu sem parte do braço direito. Os 11”14 de Lucas o deixaram na quinta colocação. O Chitão, contudo, marcou 10”68, um tempo de bronze, e por meros sete centésimos não tirou a prata de Derus no que seria uma dobradinha perfeita do Brasil. Lucas ainda terá uma oportunidade de pódio dia 3, na prova dos 400m, na qual também Petrúcio estará, claro que seguramente à procura do novo ouro.

Petrúcio e Washington
Petrúcio e Washington Petrúcio e Washington

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