Róger Guedes. 23 vezes substituído por Vítor Pereira. Clima é tenso entre os dois
Rodrigo Coca/CorinthiansSão Paulo, Brasil
No dia 5 de novembro de 2020, quando o Shangai SIPG perdia para o Yokohama Marinos, pela Champions League Asiática, Vítor Pereira decidiu tirar Hulk da partida. O atacante, a maior estrela do time chinês, se revoltou. Fez gestos agressivos em direção ao treinador, gritando em português.
"Chega! Acabou!" Ele se referia às substituições. O atacante havia se cansado de sair dos jogos da equipe chinesa. Se sentia perseguido por Pereira.
"Eu preciso dos jogadores com o espírito certo para atuarem", disse, depois, o treinador, que nunca mais escalou Hulk. O brasileiro saiu do Shangai por culpa de Vítor, jamais escondeu o motivo.
Hulk é um jogador que tem uma carreira internacional importantíssima. Com direito até à disputa de Copa do Mundo.
E Vítor Pereira não teve o menor problema em enfrentá-lo.
Se o quase impossível acontecer, Vítor Pereira seguir no Corinthians em 2023, Róger Guedes terá sérios motivos de preocupação. O técnico está cansado de suas reclamações, ao ser substituído.
Quando William estava no Corinthians, o jogador tinha espaço muito menor que aquele com que sonhava. Ou era reserva ou atuava como atacante centralizado, posição que detesta.
Agora, sem Willian, e com Yuri Alberto centralizado, a revolta de Róger Guedes é com as substituições. Nas 55 partidas de Vítor Pereira, o atacante foi substituído 23 vezes. Nos 13 últimos jogos, 11 vezes ele saiu.
Na partida contra o Flamengo, as câmeras da transmissão do jogo flagraram o atacante reclamando, ao ser substituído."Todo jogo eu saio", desabafou.
Ao perceber que havia sido filmado, ele tentou ironizar.
"A câmera me ama."
A câmera pode até ser que esteja apaixonada por Róger. Mas Vítor Pereira não. A atitude do jogador outra vez quebrou a hierarquia. O técnico não tolera ser questionado publicamente. E é o que Róger Guedes insiste em fazer.
O treinador está longe de ser inexperiente. E sabe que um afastamento agora, a cinco dias da última partida, a decisiva da Copa do Brasil, criaria crise irreversível no Corinthians. Por isso, Vítor Pereira tenta publicamente evitar entrar em conflito.
Mas Vítor Pereira não gostou nada da atitude do jogador.
O mal-estar foi criado.
Vitor Pereira enfrentou Hulk, com muito mais prestígio que Róger Guedes. Se ficar, a situação se complicará
ShangaiRóger Guedes já foi cobrado pelo técnico por suas reclamações com a imprensa.
Os dois conversaram sério em maio.
O acordado é que discutiriam pessoalmente, nos treinamentos, longe dos jornalistas, quando houvesse problema.
Róger Guedes quebrou o pacto.
Grande parte da revolta do atacante vai além do simples ego. Ele tinha a certeza de que, voltando ao futebol brasileiro, jogando no clube mais popular de São Paulo, ganharia força para ser contratado por um gigante europeu. Além de brigar por posição na Seleção Brasileira.
Doce ilusão.
Nada disso aconteceu.
E nem jogar 90 minutos no Corinthians está conseguindo.
Desde Portugal a fama de Vítor Pereira é não suportar questionamentos.
A pressão da diretoria corintiana é que o treinador fique.
E hoje ele é muito mais importante que Róger Guedes.
A permanência de Vítor Pereira tem tudo para ser o fim da linha para o atacante.
Tudo ficará ainda mais claro, garantem conselheiros, após a decisão da Copa do Brasil.
A relação entre os dois está fria, distante.
Por mais que tentem disfarçar.
Para o bem do Corinthians, que sonha com a conquista da Copa do Brasil.
Ou, no mínimo, com uma vaga de grupos na Libertadores...
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